O ano de 2013 foi marcado pela reverencia à Renato Russo que ao lado da Legião Urbana formada ao lado do guitarrista Dado Villa-Lobos e o batera Marcelo Bonfá, deixou seu legado. Onde tivemos a cinebiografia do poeta trovador solitário “Somos Tão Jovens” (https://cyroay72.blogspot.com/2013/06/o-faroeste-caboclo-de-renato-russo-na.htmle) e adaptação para o cinema de um dos maiores sucessos do grupo “Faroeste Caboclo”. O roteiro foi escrito por José Carvalho & Paulo Lins e sendo a estreia do marqueteiro René Sampaio na cadeira de diretor. Para saber mais no link: https://cyroay72.blogspot.com/2013/06/o-faroeste-caboclo-de-renato-russo-na.html
A empreitada atingiu um sucesso inesperado e passados nove anos, René nos traz a comedia romântica “Eduardo & Mônica (2022)”. A película chega agora nos melhores cinemas de sua cidade, por ainda estamos vivenciando a pandemia do novo coronavírus. Pelo isolamento social imposto em 2020, “Eduardo & Mônica” teve sua estreia adiada inúmeras vezes nos anos seguintes. Quando tudo caminhava para a volta da boa e velha rotina cotidiana com novos hábitos de higiene pessoal, surge uma nova variante do vírus que nos faz dar dois passos para trás. Mesmo assim, “Eduardo & Mônica” entra em cartaz.
Baseado na canção homônima de Renato, ela tem o casal de amigos, a artista plástica Leonice de Araújo Coimbra e o diplomata Fernando Coimbra, como referência. Russo era mais próximo de Leo, como a chamava, que comentou sobre a canção: “Sempre que ele compunha ele me ligava, ou ligava para outras amigas, para mostrar. E aí certa noite ele me ligou e disse que a música era para nós. Eu, honestamente, não estava nem aí naquele momento. Foi só com o tempo que eu fui reconhecer o tamanho do presente que ele, o melhor amigo que eu tive em toda a vida, me deu”. Assim como a canção, a película tem a chamada” liberdade artística” para nos trazer o conto de amor vivida por Eduardo, feito por Gabriel Leone, e Mônica, interpretada por Alice Braga.
Para os fãs, as maiores referencias estão lá. Mônica ser mais velha que Eduardo. Assim como Leo e Fernando. “Eduardo & Mônica” foi lançada em 1986 do disco “Dois” da Legião, o filme se inicia como sua letra bem diz, Eduardo (Leone) jogando futebol de bola com o avó Bira, feito por Otávio Mendes, e estava estudando para prestar o vestibular. Num dia qualquer foi a “uma festa esquisita com gente esquisita” e lá conhece a estudante de medicina Mônica (Braga), fluente em alemão e antenada em cultura. Os dois se conhecem e criam uma amizade improvável que se transforma numa relação amorosa inimaginável.
Antes, Mônica vai até o bar e lá conhece João de Santo Cristo, com o retorno de Fábricio Boliveira ao papel. Aqui Sampaio aproveita para unir o universo das duas canções. O filme acompanha a rotina do casal entre ligações por telefone, não por smartphones e afins, estamos nos anos 80 em Brasília. O bom e velho telefone de discar, quem se lembra? Em especial, aqueles com cabos longos para você ir em algum lugar da casa para seus pais e irmãos não ouvirem a conversa. Neste caso, Eduardo vai até banheiro. Um exemplo: Mônica o convida para irem a um festival de cinema do movimento “Nouvelle Vague”. Ele responde: “Ué, tá passando novela no cinema?”. Ela apenas ri. Assim marcam um encontro no Parque da Cidade, ela de moto e de "camelo (eram como os jovens de Brasília chamavam suas bicicletas)".
Totalmente
sem noção, Eduardo comenta com Mônica que não entende quem pratica meditação, diz
que é chato. Ela retruca: “Pratico dois
dias na semana”. Os dois riem. Assim rola a relação dos dois entre idas e
vindas, o vínculo se fortalece. O interesse é que como a presença de Mônica
amplia os horizontes de Eduardo. Um rapaz de classe média que vai conhecendo
mais sobre si mesmo e o mundo a sua volta. Tem uma relação tempestiva com a mãe
e medica Laura (Juliana Carneiro da
Cunha). Mônica através do seu status, mostra como a cultura pode abrir
cabeça (livros, música, cinema e teatro) com sua personalidade forte e perseverante, cativam Eduardo. Um contraponto ao avô, um ex-militar aposentado saudoso com a época da ditadura no país.
Junto
a isso outros clássicos dos anos 80 como “Total
Eclipse of my Heart” de Bonnie Tyler. É de conhecimento dos fãs que Renato
era um apaixonado pelo rock inglês. Rendendo um dos melhores momentos do casal em
cena. Bem como “Private Idaho (1980)”
dos B 52’s, “Tainted Love (1981)” do
Soft Cell, “Should I Stay or Should I Go
(1982)” do the Clash e “Take on Me
(1985)” do A-Ha por exemplo. Ao contrário de “Faroeste Caboclo”, Renê
consegue explorar melhor a cena musical de Brasília, na festa em que o casal se conhece ouvimos "Geração Coca-Cola". Até Caetano Veloso se faz
presente com “London, London (1972)”
e os Titãs com “Bichos Escrotos
(1986)”. A sintonia de Alice & Gabriel beira à perfeição, justificando aquele velho ditado: "Os Opostos se Atraem".
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