Ao contrário do que se pode imaginar, o drama “Rivais (Challengers, 2024)” não é um filme sobre tênis. Apesar do foi visto nos trailers e os vídeos promocionais, o filme discute a relação entre Tashi Duncan e os amigos de infância Art Donaldson e Patrick Zweig. Eles são interpretados pela musa Zendaya, Mike Faist (da refilmagem “Amor Sublime Amor, 2021”) e Josh O’Connor (o Príncipe Charles da série Netflix “The Crown”, 2016 a 2023) respectivamente. Dirigido por Luca Guadagnino de “Me Chame Pelo Meu Nome (2017)” a partir do roteiro escrito por Justin Kuritzkes. Zendaya é a jovem tenista com futuro promissor. Já os personagens de Mike e Josh almejam ser grandes tenistas.
A princípio, o conto se mostra simples, só que não é. Tashi é uma mulher ambiciosa, que deseja aproveitar ao máximo seu talento para o esporte. Art e Patrick, tem interesses próprios. O primeiro quer conquistar todos os torneios que participar, já o segundo deseja fama e fortuna. Embora Patrick mostra que pode ser um jogador acima da média. Já Art é um tenista dentro da média. Numa festa organizada por Tashi e seus pais, os três se conhecem. A sintonia é quase instantânea. Eles combinam de se encontrar no quarto que Art e Patrick dividem no campus da universidade. Os dois não acreditavam que Tashi viesse ao encontro deles. Ledo engano. Ela bate à sua porta. Um papo regado a cerveja e revelações picantes como a iniciação de Art na arte de se masturbar. Os três riem e Tashi sobe até cama. Pede aos dois que se juntem a ela. Um beijo para cada um deles. Até que os três se beijam simultaneamente.
Até que ela deixou os dois se beijando, sem que percebam. Eles se assustam e a brincadeira acaba. Pedem seu número de telefone, Tashi diz que dará para quem ganhar a partida entre eles no dia seguinte. Patrick ganha o jogo, e ele e Tashi iniciam o namoro. Patrick acompanha de perto. Mas a desejando para si. Tudo muda quando ela se lesiona num jogo e por isso, precisa deixar o esporte. Um dos motivos para o ocorrido foi a briga entre Tashi e Patrick. Onde romperam o namoro e Art viu sua chance surgir. Ele está iniciando sua carreira profissional e ela para não ficar fora do esporte, assume a posição de técnica assistente. Já Art, sem sucesso nos torneios amadores, tenta a engatar a carreira como tenista. Com o passar do tempo, eles se distanciam. Tashi e Art se casam, constituem família.
Ele ganha os principais torneios do tênis, com exceção do US Open. Já em fase final de carreira, Art exibe certo desanimo e Tashi tenta mantê-lo animado e focado para continuar no esporte. Até que o destino prega uma peça e os três se reencontram num torneio reúne atletas amadores e profissionais que jogam entre si. Nada amistoso, o passado tortuoso que compartilham vem à tona. Assim somos apresentados à trama de “Rivais”. Indo além do filme esportivo que acostumamos ver. Exemplo recente “King Richard: Criando Campeãs (2021)”. O roteiro de Kuritzkes somada a direção de Luca foca na personalidade do trio.
Com idas e vindas, ao passado e o momento presente. E como as ações deles nesta linha temporal, se intercalam. Zendaya abre seu leque dramático para exibir uma mulher sem escrúpulos, fazendo uso do seu sex appeal para conquistar a todos. Junto ao lado empreendedor, tomando conta da carreira do marido. Se enxergando em Art, como se ainda estivesse jogado. Já Mike faz um personagem astuto e silencioso, sabe o que está ocorrendo ao seu redor. Mesmo assim, deixa tudo rolar naturalmente até o momento que precisa agir para não perder seu espaço. Enquanto Josh mostra como Patrick é uma pessoa egocêntrica. Que prefere não enxergar que seu tempo no tênis já passou e se agarrando em qualquer oportunidade para ser um grande tenista.
A tensão vivida por eles é resumida na frase dita por Tashi no primeiro encontro, “o tênis é um relacionamento”. Isso é bem visto na contagiante edição de Marco Costa. As partidas são vistas com a perspectiva do jogador. Por exemplo, com a raquete tocando na bala e indo em direção ao seu oponente. Estas tensas sequencias refletem na relação do trio. Somada a pulsante trilha sonora musical composta por Trent Reznor e Atticus Ross, dupla que trabalhou com David Fincher em “Millennium: O Homem Que Não Amava As Mulheres (2011)”, “Garota Exemplar (2014)” e “Mank (2020)”. Trazendo na memória o tecno pop dos anos 90 aliado com a música eletrônica dos dias de hoje.
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