Stephen King é um dos mais
celebrados e cultuados escritores do meio literário. Suas obras levam o leitor
a imergir num terreno sombrio e tenebroso onde sua imaginação é levada a níveis
de terror que arrepiam os pelinhos do corpo para os mais desavisados. Por causa
disso, seus livros são um prato cheio para a sétima arte. Onde tivemos
adaptações para os mais celebres como “Carrie: A Estranha (1974)” de Brian De Palma em 1976, “Christine: O Carro Assassino” em 1983 e “Cemitério Maldito (1983)” em 1989. mais recentemente o espirito
maligno Pennywise, mais conhecido como “It (1986)”, ganhou sua versão definitiva no
cinema em 2019. Comentamos sobre a obra de Stephen no link: https://cyroay72.blogspot.com/2017/08/stephen-king-o-cinema.html .
E
mais um dos seus trabalhos é levado para a telona, “Doutor Sono”. Lançado em 2013 é a comemorada continuação do conto “O
Iluminado” de 1977 que foi adaptado para o cinema em 1980 por Stanley Kubrick. Já “Doutor Sono” vai ganhar sua versão
cinematográfica agora em novembro deste ano e estrelada pelo cavaleiro jedi
Ewan McGregor, interpretando a versão adulta de Danny. Sendo o tema do próximo post. Voltando ao “O Iluminado”, Kubrick assume as rédeas do roteiro ao
lado da romancista Diane Johnson e
nos proporcionou sua visão sobre o conto de King.
Como
é de praxe, adaptações não são fiéis aos livros. Com a desculpa que
determinadas partes não são filmáveis. Mesmo assim, ele nos trouxe um
espetáculo visual em uma trama que mistura o cinema fantástico e o
sobrenatural. Este último é uma das características da obra de Stephen. Onde vemos o professor e escritor
de ocasião Jack Torrance, interpretado magistralmente por Jack Nicholson. Indo trabalhar como caseiro em um hotel isolado nas
montanhas e ao seu lado, a esposa Wendy (Shelley
Duvall) e o filho pequeno Danny (Danny
Lloyd). O hotel no caso é o suntuoso Overlook.
Ele
aceita o trabalho pela ótima oportunidade financeira e por ser distante da
cidade, Jack enxerga isso como a inspiração necessária para terminar seu livro.
Chegando lá, se encontra com o gerente do hotel Stuart Ullman (Barry Nelson). Este lhe explica que seu
antecessor deixou o cargo após ter assassinado a esposa, as duas filhas e logo
em seguida ter tirado a própria vida. Mesmo assim, Jack não vê empecilhos para
viver ali com a família. Um dos funcionários do hotel, Dick Hallorann (Scatman Crothers), mostra suas
dependências aos Torrance. Como todos no gênero, ele fecha suas portas por
estar fora da temporada. Ao mesmo tempo, ele é atingido por uma forte
tempestade de neve.
No
salão principal, Jack se instala com sua máquina de escrever para dar
continuidade ao seu livro. Já Wendy explora o hotel e Danny com seu triciclo
percorre seus largos corredores. Em meio ao passeio, começa a ter visões dos
antigos clientes do hotel. No caso, duas gêmeas e a inquilina do quarto 237.
Ele foi avisado por Dick para ficar longe dele. Mas a curiosidade que lhe é
peculiar, o instiga a entrar nele.
Com
o passar do tempo, o isolamento começa a afetar Jack. Sua sanidade é colocada à
prova, já que tem visões assim como Danny. De repente está dormindo sobre a
máquina de escrever e logo em seguida, está no bar do hotel conversando com o
barman. E percebe que está em uma época diferente. Como se voltasse no tempo. E
depois acorda, em sua cama no dormitório do caseiro. Assim temos o mote inicial
para “O Iluminado”.
King deixou notório seu desgosto pelo filme de Kubrick. Que o acusa de ter deturpado
sua obra e fugido da sua essência. Na época de seu lançamento, a película ficou
com a fama de “maldita” por causa da sua má repercussão somada ao desgosto de
Stephen. Como diz aquele velho ditado “o tempo é o melhor remédio”. Passados 39
anos de seu lançamento, “O Iluminado” é considerado um dos
melhores filmes de todos os tempos e um dos principais trabalhos de Kubrick.
Ao
contrário do que se pensa, Jack não é o “iluminado”
e sim seu filho. Já que Danny é sensitivo e percebe que há algo de errado
dentro do hotel. Dick também possui essa sensibilidade, pois o alerta dos
perigos ao andar sozinho no Overlook. O fator sobrenatural ganha aqui contornos
de suspense e horror. Acaba se tornando um thriller psicológico a partir do
momento que Jack começa a ver e conversar com seu antecessor. Que o influencia
a fazer o que havia com sua família.
Dai
surge à antológica cena em que Jack vai atrás de Wendy e Danny. Eles se trancam
no banheiro e com golpes de machado, Jack abre um buraco na porta e diz a icônica
frase “Here’s Johnny”. E a tensa
perseguição no jardim em formato de labirinto entre eles, onde Jack se perde e
morre congelado. Kubrick adiciona
novas camadas ao conto de King, a
loucura latente bem representada por Nicholson
e a influencia do sobrenatural sobre Danny, exemplificada na cena “Redrum”. O crescente clima claustrofóbico
vivido pelos Torrance é uma clara referencia ao mestre do suspense Alfred
Hitchcock.
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