A terra do tio Sam sempre foi um país marcado por conflitos internos. Sejam violentos ao extremo ou a violência psicológica. E desde que o tresloucado Donald Trump retornou à Casa Branca, isso vem se escalando. Vamos pular a parte política e focar no que tem ocorrido por lá. Tanto aqueles que o apoiam e os que são contra, começam a sofrem ataques. Uma política democrata e seu esposo foram mortos e mais recentemente, o jovem ativista conservador Charlie Kirk foi brutalmente assassinado numa palestra ao ar livre. Este era considerado um dos maiores apoiadores de Trump. Como isso dito, voltando a comentar sobre sétima arte temos o novo filme de Paul Thomas Anderson ("Licorice Pizza, 2021"), “Uma Batalha Após A Outra (One Battle After Another, 2025)”.
Baseado no livro “Vineland (1990)” do escritor Thomas Pynchon, ele nos leva aos EUA tendo militares à frente do governo. Aqui temos Pat, feito por Leonardo DiCaprio, um ex-soldado que tenta cuidar da filha adolescente Willa (Chase Infiniti). Já que ele e sua mulher Perfidia Beverly Hills (Teyana Taylor) tomaram caminhos opostos. Eles se conheceram quando fizeram parte do grupo revolucionário French 75. Viveram um tórrido romance em meio aos ataques terroristas àos órgãos do governo norte-americano. Bem como resgates dos imigrantes ilegais, em especial os mexicanos. Presos por causa de seu status, em nome de uma revolução político-cultural no país.
Sendo perseguidos pelo implacável militar, o coronel Steven J.Locksaw, com o talentoso Sean Penn no papel. Locksaw e Perfidia criam uma rivalidade. Ao mesmo tempo, uma atração mutua. Sem o conhecimento de Bob. Apesar de ser um perito em explosivos, ele mais atrapalha do que ajuda. Pat é apelidado pelo grupo como “Ghetto Pat”. Isso acende ainda mais a paixão com Perfidia. Esta se vê como agitadora, um modo de vida. Algo que buscou para si. A adrenalina e a excitação se misturam. Como muitos dizem, ela descobrindo o que faria pelo resto da vida. Literalmente “goza” de prazer, quando uma ação do grupo é bem sucedida. Isso muda com o nascimento de Charlene. Ela não aceita bem a chegada da filha. Já que perde a atenção de todos e não se imagina deixando a “revolução”. Numa das ações do grupo, acaba matando um dos reféns.
Sendo presa e para se livrar da prisão, denuncia os amigos. Fazendo com que Locksaw prenda a todos. Pat é aconselhado a fugir e mudar de identidade. Pat Calhoun se torna Bob Ferguson e Charlene passa se chamar Willa. Eles conseguem fugir e acreditam que Perfidia morreu. Passados 16 anos, os dois têm uma boa convivência. Até que ele precisa voltar à ativa como revolucionário. Já que Locksaw, promovido a Coronel, está no seu encalço. Ele recebeu o convite para participar de um grupo seleto do governo. Com um pequeno detalhe: comprovar que é um puro americano. E não há nada que comprove o contrário. Mas ele relembra da relação com Perfidia e Charlene pode ser sua filha. Correndo atrás dela e eliminar qualquer prova de paternidade.
Assim temos o mote para “Uma Batalha Após A Outra”, com Paul Thomas Anderson soltando toda sua veia crítica ao governo vigente dos EUA. De modo indireto e direto, como ele sabe fazer muito bem. O Bob de Leonardo representa o cidadão norte-americano atual. Desmiolado com as teorias de conspiração explodindo na cabeça. Isso é piorado pelo seu status de ex-combatente. Imaginando um modo de salvar a filha. Penn retoma o modulo “durão sem coração”. Cara fechada e insensível, como ele só consegue fazer. Os dois estão excepcionais em seus papeis. Balanceando perfeitamente o drama e tom satírico da película. Onde vivem situações no mínimo absurdas.
Em especial Bob. Para evitar que Willa sofra as consequências de seus atos e da mãe. Isso é bem exemplificado com a participação de Benicio Del Toro como “sensei” Sergio. Professor de Karatê da academia que Willa frequenta. Encorajando Bob, seus conselhos beiram ao ridículo. Um mestre Miyagi do avesso. A sequência em que Bob precisa ser como Tom Cruise, é simplesmente hilária. Essa é a pegada de Anderson onde “O errado virou o certo”. O humor é escrachado, mas não perde a oportunidade para tocar na ferida. Em especial, o momento que vivemos num mundo em que os extremos e as fake News estão com a bola da vez, e o bom senso vai perdendo espaço. Uma triste verdade.
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