Bob Dylan & O Novo Volume (17) da Série BOOTLEG, "FRAGMENTS: TIME OUT OF MIND SESSIONS (1996 - 1997)"
O poeta folk Bob Dylan se mantem ativo aos 84 anos de idade. Em constante turnê, mostra um vigor de dar inveja aos artistas mais novos. Ao mesmo tempo, revisa seu vasto catalogo. Seja com a série “Bootleg” ou shows inéditos que estavam registrados de forma não-oficial. Como o antológico concerto em Budokan (Japão) de 1978. Que mais recentemente ganhou seu versão oficial num caprichado box set. Sem deixar de mencionar a homenagem ao bom e velho “Blue Eyes" Frank Sinatra com a trilogia formada por “Shadows in the Night (2015)”, “Fallen Angel (2016)” e “Triplicate (2017)”. Comentamos o ultimo no link: https://cyroay72.blogspot.com/2017/06/bob-dylan-triplicado.html. Agora voltando a discutir sobre a “Bootleg Series” temos novo volume, de número 17. Intitulada “Fragments: Time Out of Mind Sessions (1996 – 1997)”.
Lançado em novembro de 2022, em comemoração aos 25 anos do álbum. Que saiu em setembro de 1997. Este é um dos mais celebres discos de Dylan. Produzido ao lado de Daniel Lanois, que se notabilizou ao lado dos irlandeses do U2. Produzindo os marcantes “The Unforgettable Fire (1984)”, “The Joshua Tree (1986)” e “Acthung Baby (1991)”. E retomando a parceria com Bob, iniciada em “Oh Mercy” de 1989. Antes disso, ele havia gravado dois discos que revisitava os clássicos da música folk norte-americana, “Good As I Been To You (1992)” e “World Gone Wrong (1993)”. Sem contar sua participação no programa “MTV Unplugged” que rendeu o álbum ao vivo de 1995.
Num encontro inusitado, Lanois e Dylan discutem os rumos do material a ser gravado, no hotel que estava hospedado na época. A relação deles em 1990 foi bastante conflituosa. Como recorda Dylan em “Crônicas Volume Um”: “Sei que ele queria me entender melhor à medida que íamos em frente. Mas você não consegue fazer isso, a menos que goste de quebra-cabeças. Acho que no fim ele desistiu disso”. E completa: “Danny e eu nos veríamos de novo em dez anos e trabalharíamos juntos, mais uma vez de forma turbulenta. Faríamos um disco e começaríamos tudo de novo, retornaríamos de onde havíamos parado”. Mesmo assim temos um dos mais belos e honestos do senhor Zimmerman. As comparações com “Blood on the Tracks (1976)” são justificáveis.
Somados outtakes e versões alternativas das onze canções de “Time Out of Mind”. Elas retratam o tom confessional de Bob em suas letras. E as primeiras gravações no “Teatro”. Uma antiga casa de espetáculo mexicana dos anos 20, transformada em estúdio por Lanois e o engenheiro de som Mark Howard. Assim as canções ganharam um ar mais intimista. Mas Dylan não estava se sentindo a vontade. Por isso, tiveram que se mudar para Miami. Mais precisamente no Criteria Studios. Essa transição é sentida nas versões gravadas no Teatro e em Criteria nos cinco discos do box. As então inéditas “The Water is Tide” e “Dreamin’ of You” e as demos de “Not Dark Yet” e “Love Sick”, respectivamente.
Entre as sobras de estúdio, temos “Mississippi” e “Red River Shore”. A primeira, Bob cedeu para Sheryl Crow gravar em “The Globe Sessions (1998)”. Que ganhou versão própria em “Love and Theft (2001)”. Já a segunda é puro deleite country dylanesco. E as primeiras apresentações ao vivo de “Not Dark Yet”, “Can’t Wait” e “Make You Feel My Love”. Esta última nas palavras de Dylan, composta para o countryman Garth Brooks. Mas que foi gravada por outros artistas, traz o lado romântico de Bob de forma positiva. “Fragments” exibe a jornada de Bob ao lado de Daniel, mesmo que os dois não entrasse em acordo. “Time Out of Mind” ganhou publico e critica, apesar do seu desagrado com a proposta musical de Lanois. Já que não se sentiu muito à vontade com isso. As canções exibem toda sua imponência e relevância nos anos 90 e nos 2000 que estavam por vir.
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