A vida de músico tem seus dias de glória e seus dias de amargor. E que ganharam a tela grande do cinema como o lendário vocalista do Queen Freddie Mercury em “Bohemian Rhapsody: A História de Freddie Mercury (2018)” e sir Elton John nos brinda com sua história de acordo com suas memórias em “Rocket Man (2019)”. Agora a HBO Max nos traz o documentário “Billy Joel: And So It Goes (2025)”. Dividido em duas partes, temos a vida e obra do cantor nascido no Bronx em Nova York, batizado William Joseph Martin Joel. Jessica Levin e Susan Lacy, diretoras da empreitada, conseguiram um fato inédito. Conhecido por se isolar de tudo e de todos, Billy abriu seu coração em dez entrevistas em momentos diferentes.
Aos 76 anos, prometeu a elas toda transparência e honestidade. Desde a infância ao lado da mãe Rosalin Nyman, já que o pai Howard Joel resolveu voltar a morar na Áustria, após o divórcio. Howard e os avós de Billy por serem judeus, conseguiram fugir durante a invasão nazista na Segunda Guerra Mundial. Ambas eram apaixonados por música clássica, isso foi passado ao filho. Que se tornou pianista profissional e ao ouvir Elvis pela primeira vez, decidiu o que queria para sua vida. Se tornar uma estrela do rock. Apesar da preocupação de Rosalin, ela foi sua principal incentivadora. Nas palavras do filho, uma mulher perseverante e alegre. As dificuldades o fortaleceram. Sua jornada teve alguns percalços.
Falando pela primeira vez sobre as duas tentativas de suicídio aos 20 anos de idade. Ao se relacionar com Elizabeth Weber, casada com um dos melhores amigos da época, o batera John Smaill. Ele comenta: “Me senti muito, muito culpado pela situação. Eles tinham uma criança. Me vi como um destruidor de lares. Só que me apaixonei por uma mulher e levei um merecido soco no nariz. John ficou muito chateado, assim como eu”. Mais tarde, Billy e Elizabeth se uniram, e quando sua carreira começou a deslanchar, sentiu que precisava de um empresário. Daí ela se torna a escolhida para o cargo. Shows marcados que atraem público e crítica. Já os álbuns não tiveram a venda esperada.
À beira de perder o contrato, o álbum “The Stranger (1977)” tem um potencial hit, a canção “Just The Way You Are”. Que é desacreditado pelo próprio compositor que fez em homenagem à Elizabeth. Até os executivos da gravadora não acreditam nela. Porém, ela foi persistente e a canção se tornou o primeiro single do disco. Ele se tornou um sucesso retumbante nas paradas e a carreira de Billy toma uma virada de 360°. Shows contínuos com lotação esgotadas e os álbuns “52nd Street (1978)” e “Glass Houses (1980)” trilham o mesmo caminho. Aqui vemos com ele é um artista exigente. Tanto consigo mesmo, quanto a banda que o acompanha.
Uma criatividade constante e a parceria com o produtor Phil Ramone. Os dois exibem sintonia musical. Aqui vemos como Billy é extremamente fiel com seus músicos. Tocando até o momento em que há uma ruptura. Como relatada pelo batera Liberty DeVitto. Chegando a romper a amizade de anos e só restabelecida durante as filmagens do documentário. A vida pessoal é contada em detalhes, o fim do casamento com Elizabeth. O início do segundo com a modelo Christie Brinkley, onde tiveram uma filha, Alexa. O que seria o relacionamento de uma vida se torna o pesadelo de ambos, após descobrirem que estavam falidos.
Por causa dos desvios de tudo o que ganhou na música pelo empresário e ex-cunhado Frank Weber. Fazendo que Billy toca incessantemente para se recuperar o que perdeu. Isso causou o afastamento do casal e o divórcio consensual. Outro ponto pessoal discutido é a relação distante com o pai Howard. Ele se ressente por não serem mais próximos. Quando foi em turnê para Europa, ele tentou uma reaproximação. Mas sentia que eles tinham pouco a se falarem. Seu meio irmão, Alexander Joel, diz que ele sempre foi uma pessoa reservado. Ao contrário do que Billy imagina, tinha orgulho de suas conquistas. E respeita suas escolhas como músico. Howard era musico amador.
Alexander é formado em música clássica e se tornou maestro. Aqui vemos como a vida é a fonte de inspiração para Billy compor suas canções. Os altos e baixos, amizades e as relações pessoais são exemplificadas em “Vienna (dedicada ao pai)”, “Goodnight Saigon (a partir de relatos de seus amigos que participaram da Guerra do Vietnã)” e “Piano Man” sobre si próprio. A canção "River of Dreams" é o exemplo de que ele é incansável. A melodia não saia da sua cabeça até o momento que o produtor Danny Kortchmar o ajudou. E a finalizou como ela veio em seu sonho. Trazendo um novo ciclo em sua carreira. O fim da parceria com Ramone e a formação de uma nova banda para acompanha-lo nas turnês.
Billy fala abertamente do alcoolismo que foi um dos motivos da separação com Christie. Ela foi a inspiração para um dos seus maiores sucessos, “Uptown Girl”. O tempo que ficou nas clinicas de reabilitação para se curar e que a música o ajudou a superar o vício. O documentário faz a reflexão sobre o que Joel vivenciou e que não se arrepende das suas escolhas. Ciente que elas o tornaram a pessoa e o artista que conhecemos. Onde o público e o privado se misturam. Mas que ele aprendeu a separa-los, para assim ter a família que sempre desejou. Seu legado musical é o seu espelho de vida. O próprio diz que tem muita lenha para queimar.
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