O agreste brasileiro é de uma vastidão de se perder aos olhos. Sua natureza crua revela uma beleza inigualável. Como isso dito, temos o drama com ares de faroeste a la Sergio Leone, “Oeste Outra Vez (2024)”. O vencedor do kikito de Melhor Filme no Festival de Gramado de 2024, foi escrito e dirigido por Erico Rassi, temos o conto de dois homens Totó e Durval, interpretados pelo galã global Ângelo Antônio e o Tim Maia Babu Santana respectivamente. Eles vivem no interior de Goiás e foram abandonados pela mesma mulher (Tuanny Araújo). Assim cria-se uma rixa entre os dois, que se juram de morte. Só que Durval é mais ligeiro e tenta mata-lo no bar que Totó é proprietário. Este consegue fugir com o auxílio do pistoleiro aposentado Jerominho (Rodger Rogério). Eles se conheceram no bar, conversaram sobre mulheres e solidão.
Os dois conseguem fugir. Fazendo com que Durval contrate dois matadores de aluguel (Danilo Porpino e Adalino). Eles se dirigem ao sertão goiano em busca de abrigo e os assassinos no seu encalço. Jerominho e Totó se aproximam, conversam sobre mulheres. O primeiro pergunta se sente falta da ex, é correspondido com um sim. E perguntando ao veterano se já foi casado, este diz que sim. Mas que não procurou uma nova esposa por achar que elas são muito complicadas. Além de estar muito tempo sozinho. Eles têm um embate com os matadores, mas conseguem escapar por um triz. Na madrugada da noite, a luz da fogueira e os estalos das armas nos dão uma vislumbre sobre a ação. Até que chegam à morada do primo de Jerominho, um ermitão feito por Antônio Pitanga. Ele conversam se podem ficar um tempo escondidos por lá.
Concorda a contragosto. As poucas conversas são regadas a doses de cachaça e um limão dividido, nos dá a noção da aridez do ambiente. Bem como a dos interpretes. Com o ermitão falando sobre a alegria de estar com sua mulher a pouco falecida. Lembrando com amargura os tempos que cantavam juntos e dividiam a vida. Esboçando uma ida até a cidade para conhecer alguém. Porem suas lembranças o impedem de fazê-lo. Daí a trama de “Oeste Outra Vez”. Que exibe um país dentro do próprio Brasil, com suas regras especificas. Em que a lei do mais forte impera, como se estivesse nos tempos de colônia. Apesar de estarmos no século XXI, a brutalidade e rispidez são o que dão o tom na região.
A beleza natural se distingue com a aridez do deserto local. A diretora de arte Carol Tanajura trouxe em tons pasteis para as casas do bairro em que Totó e Durval moram. E a pobreza dos que residem no meio do sertão. Já André Cavalheira exibe seu olhar na fotografia com as planícies no seu entrono. Tanto a cenografia e a fotografia nos levam aos western spaghetti de Sergio Leone. E completam o discurso de Erico sobre o homem da região. Em que a mulher é de sua posse e ao se separarem, a culpa é dos outros. Como vimos na película. O comentário de Antônio Pitanga diz tudo: “Oeste mostra de certa maneira, uma discussão do porquê dessa brutalidade. Mas também uma leveza. É um Oeste que não é o Oeste americano, é um Oeste brasileiro”.
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