Numa era em que os documentários musicais têm ganhado destaque nos últimos anos. Como por exemplo, o excepcional “Get Back” sobre o quarteto de Liverpool realizado por Peter Jackson, disponível no Disney+. Em meio a isso, “The Song Remains The Same (1977)” do Led Zeppelin, “Rattle and Hum (1988) do U2, que acompanhou a turnê da banda em 1987 nos EUA, e "No Direction Home (2005)" sobre Bob Dylan. Somado a eles, tivemos o filme concerto “Stop Making Sense (1984)” dos Talking Heads e dirigido por Jonathan Demme. O grupo estava preparando a turnê para divulgar o álbum “Speaking in Tongues (1983)”.
Ele foi filmado numa série de shows realizados no Hollywood Pantages Theate (Los Angeles, Califórnia) em dezembro de 1983. Ao ser lançado em 24 de abril de 1984, o filme se tornou um dos mais prestigiados do gênero. Sua proposta foi idealizada pelo líder do Talking Heads, David Byrne, chamou atenção de público e crítica. A perspectiva de Demme também ajudou, aproximando as pessoas do palco. Temos a visão deles do espetáculo. Para um espectador mais atento, quando vemos apresentações filmadas, em meio às canções, a câmera pega as expressões faciais ou corporais das pessoas.
Isso só ocorre na canção que encerra o show, “Crosseyed and Painless”. Aproveitando os 40 anos de seu lançamento, a produtora A24 solta uma versão remasterizada em 4K para celebrar a data. Exibido em algumas salas de cinema ao redor do globo, finalmente chegando a nossa terra brasilis. Para aqueles que só tiveram oportunidade de ver o filme em vídeo (vhs ou dvd) como este que vos escreve, é um deleite ver e ouvir esta versão do modo correto.
Com
a câmera de Demme focada na luz
voltada para o chão do palco, eis que surge Byrne e ao fundo o galpão do teatro. Com este ao microfone dizendo
que trouxe algo para o palco. É um rádio gravador e ao apertar o play da fita
cassete, tem uma batida. Com David
sozinho e acompanhado pelo seu violão temos ‘Psycho Killer”. No decorrer dela, vemos o pessoal do backstage
montando o palco principal. Logo em seguida, Tyna Weymouth (contrabaixo) acompanha David em “Heaven”, o
batera Chris Frantz em “Thank You for Sending Me an Angel” e Jerry Harrison (guitarra e teclados) em
“Found A Job”.
Completam o time de músicos, Lynn Mabry e Ednah Holt nos vocais de apoio; Bernie Worrell nos teclados; o animado percussionista Steve Scales e o guitarrista Alex Weir. Nos trazerem uma versão arrasa-quarteirão do hit “Burning Down The House“. O que temos é um show empolgante. Todos os envolvidos exibem uma sintonia musical e muito à vontade no palco. Seja para acompanhar a coreografia inusitada de Byrne, aqui vemos surgir sua performance epiléptica, seja pulando e dançando conforme a música. Exemplificado em “This Must The Place (Native Melody)” e “Once in a Lifetime”. E a pausa musical com o Tom Tom Club, projeto paralelo de Chris & Tina, que assume o microfone em “Genius of Love”.
É a hora para David trocar o figurino e surgir com seu icônico “terno e gravata” plus-size acinzentado em “Girlfriend is Better”. Se você for cinéfilo, vai lembrar que o incansável Nicolas Cage, o vestiu em “O Homem dos Sonhos (2023)”. Para saber mais no link: https://draft.blogger.com/blog/post/edit/preview/4739950842846544362/7009902857574740105. E fechando o show com a cover de “Take To The River” da lenda soul music Al Green. O filme concerto tem como proposta exibir a espontaneidade do grupo e da equipe de palco, somada ao entusiasmo dos presentes. Tímidos e sentados no início da apresentação. No seu decorrer vão se soltando para acompanhar a alegria de Byrne e dos músicos em cima do palco. Um registro orgânico em que a simplicidade e a música de verdade fazem um show da sua essência. Sem a necessidade de efeitos pirotécnicos e cenografia gigantesca, como temos visto nos últimos shows por aqui.
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