A conexão entre Brasil e Japão vai além das fronteiras. Tivemos a vinda dos japoneses em nosso país tupiniquim em 1908 e mais tarde no fim dos anos 80 e inicio dos 90, a ida de descendentes japoneses à Terra do Sol Nascente, por melhores oportunidades de trabalho. Já que naquele momento, o Brasil vivia tempos turbulentos na sua economia. Posteriormente isso foi diminuindo e retornaram. Enquanto outros ficaram, porque conseguiram se estabilizar financeiramente. Já nos anos 2000, o Japão abriu suas portas para os brasileiros sem descendência para trabalharem. Quando tudo ia bem, tivemos a crise econômica de 2008. Afetando as principais economias mundiais.
Empresas, bancos e fabricas foram fechadas. Assim temos um dos motes para “Família (Famiria, 2023)” de Izuru Narushima. Conhecemos o ceramista e oleiro Seiji Kamiya (Koji Yakusho de “Dias Perfeitos, 2024”), vai levando a vida pacificamente em sua cidade natal, Toyota. Feliz com o retorno do filho Manabu (Ryô Yoshizawa), que traz consigo a sua esposa Nadia (Malyka Ali). Eles se conheceram na Argélia, onde Manabu trabalha como engenheiro na Usina Temoelétricas. Numa conversa entre pai e filho, este lhe confessa quer trabalhar com ele. Seiji é contra a ideia, já que o filho tem formação superior e pode ter uma vida que ele nunca teve. Estabilidade financeira e um futuro melhor em outro lugar. Em meio a isso, temos a comunidade brasileira local.
As famílias vieram para cá, em busca de empregos e por causa da crise de 2008, muitos perderam o emprego e não conseguem voltar para o Brasil. Assim os filhos trabalham ilegalmente, vendendo drogas ou aplicando golpes. Um deles rouba o bordel do gangster local, Kaito Enomoto (Miyavi). Este possui rancor com brasileiros. Entre eles o jovem Marcos (Lucas Saage) com quem briga num bar local e por isso, o persegue. Em fuga, consegue refugio na casa de Seigi e seus ferimentos cuidados por Manabu e Nadia. Mesmo recuperado, Marcos sai de lá na surdina. No dia seguinte, a namorada dele, Erika (Fadile Waked), surge na sua porta com um pedido de agradecimento e um convite para Seiji e família irem ate a comunidade para um churrasco.
A pedido de Manabu e Nadia, Seiji aceita. O encontro entre duas culturas tão diferentes, que se entendem muito bem. Eles interagem e Marcos começa a se aproximar de Seiji. Querendo saber mais sobre sua profissão. Enquanto isso é perseguido implacavelmente por Kaito. Já Seigi vive um drama pessoal, Manabu e Nadia voltam à Argélia e é informado que a Usina foi invadida por terroristas. Todos que trabalham lá foram feitos reféns. Dai temos o mote de “Família”, onde Izuru que nos traz seu ponto de vista da presença dos brasileiros no Japão e saindo dos grandes centros como a capital Tóquio.
As histórias se conectam, Seiji tentando salvar o filho e a nora; o jovem Marcos busca um meio de saldar sua divida com Kaito para que Erika não tenha um destino cruei. Ao mesmo tempo, os dois encontram redenção ao fortalecerem sua amizade. Com Seiji enxergando em Marcos, o que houve quando tinha a mesma idade. “Família” reflete sobre a passagem do tempo, como vínculos familiares são fortes e frágeis. Numa conversa com seu amigo de infância e agora policial, Takashi (Koichi Satô), lhe diz que eles não foram criados a terem uma família. Mesmo assim, encontraram um meio para interagir e se relacionar com os (as) filhos (os). O amor está lá, onde uma troca de olhares diz mais que palavras. Ao mesmo tempo, vemos as dificuldades vividas pelos brasileiros no Japão. Atualmente há 2,8 milhões de estrangeiros no país.
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