O ano é 1984, a música pop estava efervescente em meio ao clima de Guerra Fria entre o Ocidente e o Leste Europeu. A terra da então rainha Elizabeth tínhamos bandas como The Police, Duran Duran, Spandau Ballet e Culture Club. A resposta da terra do tio Sam foi Madonna, Cyndi Lauper e o “The Boss” Bruce Springsteen. Que até então fazia bastante sucesso local, isso mudou no dia 04 de junho daquele ano com o lançamento do álbum “Born in the U.S.A.”. Onde temos a icônica capa do disco com Bruce de costas vestido uma camiseta branca, calça jeans surrada, um boné colocado no bolso direito e um cinto de couro que lembra os cowboys de antigamente. E tendo ao fundo as cores da bandeira dos EUA.
Ela foi feita pela fotografa Annie Leibovitz. Apesar da controversa foto que ilustra o disco, sua canção título se tornou um hit mundial. Ao contrário do que imagina, ela não tem conotação patriótica. Muito menos, a sua capa. Composta em 1982, ela descreve as dificuldades que os soldados norte-americanos passaram ao voltar da guerra do Vietnã. Em uma entrevista, Bruce a descreve: “Era um blues do soldado americano, em que os versos eram um relato do que aconteceu, e o refrão uma declaração da única coisa que jamais poderia lhe ser negada: o lugar do nascimento, o direito a todo sangue, confusão, bênçãos e graça que vinham com ele. Ao darmos corpo e alma, ganhamos o direito de reclamar e moldar o pedaço de terra onde nascemos”. Por isso, ganha uma caprichada edição comemorativa de 40 anos, lançada hoje (14 de junho de 2024) em vinil.
Suas canções retratam o cotidiano do trabalhador norte-americano. Sua luta pessoal e emocional. Esse é o tema central de “Born in the U.S.A.”, diferente do que muitos pensavam na época. Já que a hegemonia dos EUA sobre o mundo, estava em evidencia. Tanto social como economicamente falando. A maioria parte das 12 canções que compõem o disco foi composta em 1982. Na época, Springsteen lançava seu sétimo trabalho, o acústico “Nebraska”. Ao voltar ao estúdio, para gravar as sobras de material com sua banda, a E Street Band. Já que elas não se encaixavam com a temática mais intimista do álbum anterior e ganhariam uma roupagem mais encorpada. Além do contexto mais voltado para o social. A única composta em 1984 foi a empolgante “Dancing in the Dark”.
Ele foi gravado em Nova York nos estúdios Power Station e Hit Factory, entre 25 de janeiro de 1982 e 08 de março de 1984. O disco vai a fundo no sentimento do norte-americano comum, que sofre com as decisões do próprio governo. Letras filosóficas e com certo cinismo sobre o “American Way of Life” daqueles tempos. Como a pulsante “Glory Days”, com seu riff cortante relembra o passado cheio de glorias, o presente nada brilhante como se imaginava e um futuro incerto. “Downbound Train”, fala sobre o fim de relacionamento após a perda do emprego. E “No Surrender”, já diz tudo com a estrofe “Aprendemos mais com uma canção de três minutos do que jamais aprendemos na escola”. Os videoclipes de “Born in the U.S.A.” e “Dancing in the Dark” marcaram gerações.
Em especial, este último que contou com a participação de uma jovem Courteney Cox. Que mais se tornaria a Monica do cultuado seriado televisivo “Friends (1994 a 2004)” e a intrépida jornalista Gale Weathers da franquia cinematográfica “Pânico”. A balada “I’m On Fire” e a vibrante “Working on a Highway”, exibem a forte influência do poeta Bob Dylan e o rei do rock Elvis Presley respectivamente, em seu repertorio. O álbum trouxe um novo vigor à musica, em especial ao rock nos EUA. Canções potentes, aliados com tom mais realista sobre o cotidiano da pessoa comum na terra do tio Sam. Além de exibir um pouco da persona de Bruce. Tido pelos fãs como o melhor trabalho da sua carreira. “Born in the U.S.A.”, é atualmente considerado, um dos melhores álbuns de todos os tempos.
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