A guerra do Vietnã sempre foi um tema bem usado pelo cinema da terra do tio Sam. Em especial por Oliver Stone que nos trouxe sua trilogia com o pessoal “Platoon (1986)”, “Nascido em Quatro de Julho (1989)” e “Entre O Céu & A Terra (1993)”. Entre ultimo se destaca por trazer o ponto de vista dos vietnamitas sobre o conflito e a presença do exército norte-americano no país. Assim chegamos ao escritor local Viet Thanh Nguyen que escreveu “O Simpatizante” em 2015. Se tornou um best seller, ao trazer os bastidores da guerra num misto entre O real e o imaginário. Onde temos um espião trabalhando para os dois lados e buscando um meio para sair disso o mais rápido possível. O personagem principal é chamado de “Capitão”. Ele é do Vietnã do Norte, se infiltra no exército do Vietnã do Sul.
Vivendo uma linha tênue entre os dois mundos. Isso piora quando resolve trabalhar para o governo norte-americano. Este jogo de intrigas fez com que Park Chan-wook, responsável pela Trilogia da Vingança (“Mr. Vingança, 2002”; “Oldboy, 2003” e “Lady Vingança, 2005”) ao lado do roteirista Don McKellar, se unissem para realizar a adaptação do conto de Nguyen. Um desejo antigo de McKellar, ao trabalhar com Chan-wook. Com a dupla temos o Tony Stark Robert Downey Jr. como produtor e atuando em quatro papeis diferentes. No caso, o congressista Ned Goldwin que busca uma parceria com a comunidade vietnamita nos EUA; o espião e mentor do Capitão, Claude; o professor Robert Hammer e o cineasta Niko Damianos. Este inspirado livremente no mestre do cinema Francis Ford Coppola. Para ser o Capitão temos Hoa Xuande.
Exibindo toda dualidade do personagem. Ao mesmo tempo, certo remorso por ter não revelar sua verdadeira persona para Sofia Mori. Com quem trabalhou disfarçado na embaixada dos EUA e tiveram um relacionamento. Ela é feita por Sandra Oh (a eterna dra. Cristina Yang da serie “Grey’s Anatomy” desde 2005). Somada o sentimento nutrido por Lana (Vy Le), ela também é uma espiã como ele. Ambos precisam ficar de olho no general dissidente (Toan Le) que deseja voltar ao Vietnã e acabar com o estado comunista que se instalou no país. Criando uma força militar nos EUA e aproveitando seus contatos políticos no país.
Já o Capitão (Xuande) é mestiço e se adapta melhor. Acaba se encantando com a vida na América. Imaginando algo melhor para si. Vivenciando uma experiência paterna com os personagens vividos por Downey Jr. e se questionando constantemente sobre o que está fazendo. Por isso, em determinados momentos dos sete episódios que compõem a minissérie, o que é imaginação ou o que é realidade, se confundem em cena. O Capitão está preso em um campo de concentração e precisa confirmar os relatórios feitos.
É interrompido constantemente pelo comandante do campo. Se está relatando o que vivenciou ou apenas está dizendo o que gostaria de ter vivido naquele momento. Chan-wook traz um humor acido para falar sobre politica interna e externa. Uma sociedade influenciada por uma visão utópica sobre o comunismo. E uma persona non-grata como o General mais prejudica do que ajuda. Perdido na própria ideologia que não anda nem para frente, nem para trás. E como políticos e espiões interpretados por Robert só enxergam os próprios dogmas. Pois mais atrapalham do que ajudam. Seja os EUA quanto ao pequeno Vietnã.
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