Politicamente vivemos tempos conturbados, tanto que na nossa terra brasilis quanto no resto do mundo. Uma polarização que insiste ficar por aqui e pretensos ditadores regem seus países a mão de ferro. Ou pior, divulgação de notícias falsas. Exemplos recentes como a Rússia de Vladimir Putin invadindo a Ucrânia e a Guerra entre Israel e Hamas na faixa de Gaza. Aproveitando o momento Will Tracy, um dos roteiristas da aclamada série “Succession (2018 a 2023)” e do suspense gastronômico “O Menu (2022)”, nos traz a minissérie “O Regime (The Regime, 2024)”. Estrelada por Kate Winslet, a eterna Rose de “Titanic (1997)”.
Winslet é a líder política de um país fictício no centro da Europa, Elena Vernham. Personalidade forte e de hábitos peculiares. Ao assumir o poder da nação, ela faz de tudo e mais um pouco para se manter no posto. Desde se contrapor aos EUA que oferecem uma parceria comercial, passando por cima de seus opositores e mesmo uma crise econômica instalada se mantem firme. Demonstrando seu “amor” ao povo e os chamando de “meus amores”. Na intimidade exibe sua fragilidade, insegura ao extremo. Para não passar a impressão de fraqueza, é estridente e diz que seu palácio, um antigo hotel de luxo que ela tomou para si, sofre com um mofo letal para sua vida.
Precisa contratar alguém para acabar com ele de uma vez por todas. Em meio a isso, Elena conhece o soldado Herbert Zubak (Matthias Schoenaerts). Ele ganhou o apelido “O Açougueiro”, após massacrar opositores ao governo de Vernham. O primeiro contato é fulminante. Herbert se encanta por Elena e ela o enxerga como uma força para conseguir intimidar ainda mais que for contra ela. Por isso, ele é chamado para controlar a infestação do mofo e é aí que sua rotina começa a perder o controle. Por isso, seus assessores diretos ficam preocupados. Os mandos e desmandos estão piores do que antes. Acostumados com as excentricidades da mandataria, acreditavam isso seria apenas uma fase. Devido a crescente influência de Herbert sobre ela. Causando a revolta de pessoas descontentes com o governo de Elena. Dai o mote inicial de “O Regime”.
Que conta com seis episódios dirigidos por Jessica Hobbs (que trabalhou em “The Crown”) e Stephen Frears, conhecido por trabalhos como “Ligações Perigosas (1988)”, “Alta Fidelidade (2000)” e “A Rainha (2006)”. Kate exibe mais uma vez porque é uma das grandes atrizes da sua geração. Carismática, cômica nos momentos insanos de Elena, a fragilidade quando insegura e medo constante pela perda de poder. Sua personagem é claramente baseada em ditadores como Vladimir Putin e outros tresloucados da extrema direita mundial. Will aproveita a experiência de Frears para proporcionar humor negro e sarcasmo ao conto. Onde o jogo de intrigas político vai além do conhecido “puxar o tapete”. Onde os assessores de Elena criam um perfil falso de Herbert onde ele seria um descendente de um herói local. E o verdadeiro herdeiro ao trono do país.
Aproveitando para trazer à tona, como lideres falhos e egocêntricos no poder, é o caos garantido. Infelizmente algo mais comum nos dias de hoje. Na política como um todo. Eles se valem de um discurso feito para agradecer seus simpatizantes. Eloquente, calcado na pauta de costumes. Porém sem efetividade para as pessoas. Não se preocupando com saúde, educação e saneamento básico. E deixando bem claro, que essas ditas “vozes de uma nação” ao menor sinal de problemas, se deixam levar por nações poderosas como a terra do tio Sam. Isso é exemplificado no derradeiro episódio de “O Regime”, “Don’t Yet Rejoice”, com Helena abriu mão de suas tortas convicções para se manter no poder. O apoio do governo norte-americano é essencial, ela aceita ser a porta-voz contra as investidas financeiras da China em seu país.
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