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"FICÇÃO AMERICANA", A Descontrução de um Mito

A cultura afro-americana é muito rica. E nos últimos tempos, tem sido levado a um ponto de vista da relevância social. A luta social e o preconceito racial em especial. O cineasta Spike Lee é um dos seus maiores representantes. Obras como o cultuado “Faça A Coisa Certa (1989)” e “Infiltrado na Klan (2018)” são bons exemplos. Em meio a isso, temos dramas como “Histórias Cruzadas (2011)”, “Estrelas Além do Tempo (2017)” e “Green Book: O Guia (2018)”, baseadas em histórias reais de superação. Assim temos “Ficção Americana (American Fiction, 2023)”, adaptação do livro “Erasure (2001)” de Percival Street, roteirizada por Cord Jefferson que também marca sua estreia com diretor. 

Conhecido por trabalhos no mundo televisivo em seriados como “The Good Place (2017 a 2019)” e “Watchmen (2019)”. Aqui ele nos traz o dramaturgo Thelonious “Monk” Ellison, feito por Jeffrey Wright (o tenente Jim Gordon de “Batman, 2022”), que escreveu romances sobre a cultura afro-americana e leciona em uma faculdade em Los Angeles. Ele ironiza a visão sobre a população negra nos Estados Unidos. Um estereótipo dentro da literatura norte-americana com contos edificantes sobre a luta de classes e ascensão social. Sendo um modo para a elite branca aplaque sua culpa por ser a classe dominante. Ele é um critico severo da sociedade e deixa isso bem claro em seus livros. Obtiveram relativo sucesso. Ele escreve um novo, mas nenhuma editora quer publicá-lo. Seu apelido é originário no icônico músico Thelonious Monk. Seu xará digamos.

Seu perseverante agente, Arthur (John Ortiz), tenta convence-lo a escrever algo mais comercial. Este fica ofendido com a oferta e após uma discussão na escola em que trabalha, resolve visitar sua família. Ao mesmo incomodado com o sucesso da escritora Sintara Golden (Issa Rae, a Issa Dee da série “Insecure” desde 2016) em seu primeiro romance. A palestra que ela o discute está lotada. Enquanto a dele, poucos espectadores. isso numa convenção, como a que temos aqui no Brasil, a Bienal do Livro. Já a mãe Agnes (Leslie Uggams) e a irmã medica Lisa (Tracee Ellis Ross) vivem em sua cidade natal, Boston. Ele se afastou delas e do irmão mais novo Cliff (Sterling K. Brown, o Randall Pearson do seriado “This Is Us”, 2016 a 2022), após o suicídio do pai. Descobrindo que sua mãe tem Alzheimer e precisa de cuidados constantes. 

Auxiliando Lisa e a cuidadora Lorraine (Myra Lucretia Taylor). Monk e Lisa vão colocar a conversa em dia e ela sofre um ataque cardíaco fulminante. Vão até a casa de praia da família para jogar suas cinzas ao mar. Revê Cliff num encontro pouco amistoso. Já que este vive seus problemas pessoais. Recém-divorciado, pois revelou sua verdadeira identidade de gênero. Ele é homossexual e ainda perdeu contato com os filhos. Faz com que Monk busque meios para conseguir o dinheiro e cobrir os gastos médicos da mãe. Por isso, resolve aceitar o conselho de Arthur e num devaneio, escreve um livro sobre o tema que mais detesta. Uma história como é a vida de um negro dentro de uma América que segrega raças. Uma brincadeira que deu certo, Arthur o entregou a uma editora renomada e ela adorou. Por isso, vai publica-lo. Já é considerado um best seller. 

Tudo o que Monk mais odeia, piora por criar um pseudônimo e fingir ser ex-presidiário. Junto a isso, conhece a vizinha Coraline (Erika Alexander), com quem engata um namoro. Assim temos o mote para “Ficção Americana”. Um conto que descontrói a imagem dos negros na cultura na terra do tio Sam. Onde ele sai do individuo que sofre com o preconceito e precisa passar por cima de tudo e todos os obstáculos para vencer na vida. Com muito sarcasmo, Cord Jefferson aproveita para esmiuçar o tema e trazendo como a supremacia branca norte-americana enxerga o negro nos EUA. Wright está ótimo ao exibir toda sua raiva pela situação vivida e vendo suas convicções caindo por terra. O destaque fica para Brown como o homem que literalmente “saiu do armário”. Deixando bem claro que está muito feliz e como demorou para revelar seu verdadeiro “eu”.


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