O Holocausto
é um tema delicado. E na sétima arte, ele é tocado de forma respeitosa. O maior
exemplo é “A Lista de Schindler
(1993)” do mago Steven Spielberg, um retrato real do sofrimento dos judeus
emplacado pelos alemães liderados por Adolf Hitler. Desde então tivemos filmes que seguiram a
mesma formula como “A Vida É Bela
(1997)”, “O Pianista (2002)” e “O Filho de Saul (2015)”. Agora temos “Zona
de Interesse (The Zone of Interest,
2023)” do inglês Jonathan Glazer,
que adaptou o livro (2014) de mesmo nome de Martin Amis. Baseado em uma historia verídica sobre o oficial nazista Rudolf
Höss que comandou o campo de concentração de Auschwitz. Ele é responsável pelo
assassinato de mais de 3,5 milhões de judeus na Segunda
Guerra Mundial.
Tendo como base em depoimentos de alemães e judeus que trabalharam para ele, quando morava em uma casa localizada próxima do campo. Ao lado da sua esposa Hedwig e os cinco filhos. Ele é feito por Christian Fiedel e sua mulher é interpretada por Sandra Hüller, de “Anatomia de uma Queda (2023)”. Assim acompanhamos seu dia a dia, dentro da morada construída por eles, em meio ao caos da guerra. Um pequeno detalhe: apesar de cientes do que ocorria no campo. O casal e os filhos mantinham seus hábitos cotidianos, sem qualquer tipo de remorso. Uma casa montada como desejam desde que se casaram. No seu entorno, um belo jardim montado por Hedwig que inclui uma estufa para proteger plantas mais sensíveis ao sol e o clima local.
E uma área de lazer com playground para crianças e uma piscina. Eles também estão próximos de uma bela área verde, com um riacho que se banham no verão. Além de fazer um piquenique familiar como bem vimos na sequencia de abertura. Glazer surpreende o publico. O que parece um passeio familiar nos traz um sentimento de desconforto. Quando voltam para casa e ao fundo vemos o muro que a separa de Auschwitz. Com esses pequenos detalhes, Jonathan exibe o tom de “Zona de Interesse”. Ao invés de vermos o terror imposto aos judeus pelos alemães. Eles surgem de forma inusitada. Enquanto a família Höss se diverte no jardim, se ouve ao fundo os gritos dos soldados contra os prisioneiros.
Ou das janelas de um dos quartos dos filhos, tiros e berros. O filho de Rudolf diz para si, “tem que obedecer mesmo”. Enquanto isso, sua esposa tenta manter as aparências quando recebe a visita da mãe. Quando ela vai se deitar, se assusta com a forte luz vermelha que surge da janela do quarto. No dia seguinte, Hedwig procura por ela para tomarem juntas o café e descobre que a mãe foi embora lhe deixando um bilhete. Que logo em seguida, é queimado. Sandra, num papel pequeno, exibe toda sua insatisfação ao saber do marido que será transferido. Já que finalmente construíram o lar dos seus sonhos de casamento.
Buscando um meio para isso não acontecer, fazendo com que Rudolf fala com seus superiores a respeito. Ele consegue manter sua família na casa e seu substituto vai viver em outro local. Partindo sozinho ao seu novo posto e dai vemos a articulação do alto comando nazista para aniquilar os judeus. Aproveitando a mão de obra para produção de armamento, para depois descarta-los. Determinado o destino dos mais jovens e dos mais velhos, como se fossem meros objetos.
Jonathan realiza uma película que retrata o Holocausto de acordo com o ponto de vista de quem estava por trás dele. A ideologia de Hitler sobre a raça ariana e como os judeus são um obstáculo para seus objetivos. Podendo deixar o espectador mais desatento, incomodado em seus 105 minutos. Isso é necessário, vemos como parte dos alemães foi convencida. E outros, como Hedwig, são indiferentes e enxergavam isso como um meio de ascender socialmente. Exemplificado quando ela experimenta um casaco de peles, recolhido pelo exercito nazista. Ou os filhos vendo os dentes de ouro arrancados de judeus.
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