Em 13 de outubro de 1972, ocorria uma das piores tragédias na América do Sul. O voo da Força Aérea Uruguaia 571 decolou de Montevidéu com 45 passageiros rumo ao Chile. E caindo no Vale das Lágrimas na Cordilheiras dos Andes, que vitimou 16 passageiros e o restante 29, lutaram contra as adversidades do local para sobreviveram. Entre eles, o time de rúgbi local com jovens vivendo uma situação extrema para conseguirem voltar para casa. O tema já explorado pelo cinema em filmes como “Sobreviventes dos Andes (1976)” e o mais conhecido “Vivos” de 1993, realizado por Frank Marshall. Produtor da franquia “Indiana Jones” e estreando como diretor na época.
Agora ao celebrar 50 anos do ocorrido em 2022, o cineasta espanhol J.A. Bayona, conhecido pelo tenso “O Impossível (2012)” e “Jurassic World: Reino Ameaçado (2018)”, retorna ao cinema catástrofe baseado em fatos reais em “A Sociedade da Neve (La Sociedad de La Nieve, 2023)”. Adaptou o livro de mesmo nome do autor e jornalista uruguaio Pablo Vierci, ao lado dos roteiristas Jaime Marques e Nicolás Casariego. O fato que ficou conhecido como “O Milagre dos Andes” traz a dura realidade vivida pelos sobreviventes. Desde o fatídico acidente com a queda do avião em uma sequência tensa e claustrofóbica. Onde ouvimos ossos quebrando e a fuselagem da aeronave de despedaçando.
Aqui, Bayona traz um relato detalhado dos 21 dias em que os sobreviventes ficaram isolados no vale. Com narração de Numa Turcatti (Enzo Vogrincic Róldan), jovem que não consegue sobreviver antes do resgate. Ele fala sobre a relação com os amigos Marcelo Castillo (Diego Vegezzi) e Rafael “Vasco” (Benjamin Segura), como o advento estreitou a relação deles. E o restante do time como os bravos Nando Parrado (Agustín Pardella) e Roberto Canessa (Matías Recalt), os dois ganham mais destaque no ato final da película. Enquanto isso, vemos sua luta pela sobrevivência. Quem vai além da fome, os eventos naturais do atual habitat. Frio de congelar os ossos, tempestades e com o passar do tempo, o derretimento do gelo. Este último gerando avalanches.
Trazendo umas das sequencias mais impactantes do filme. Exibe os primeiros dias da isolação, tentando ajudar os feridos e encontrarem algo momento de se comunicar com o mundo. Numa acaba assumindo a liderança ao lado de Marcelo. O passar dos dias é o maior inimigo deles. A esperança de outra, vai se transformando em desespero. Pois a pouca comida que acham nas bagagens está acabando. A fome vai dando lugar ao imponderável. Cogitando uma ideia que seria no mínimo, condenatória. Os corpos dos mortos no acidente estão enterrados e congelados. A carne está preservada, um modo para sobreviverem até a chegada do resgate. Daí temos o dilema moral com viés religioso. Já que alguns deles, são devotos do catolicismo. Assim temos o mote inicial de “A Sociedade da Neve”.
J.A. exibe um retrato bastante real do que os sobreviventes vivenciaram. Longos períodos de silencio, mesclados com a agonia interna em seus corações. Cerceados do convívio familiar e aproveitar a juventude para definirem os rumos de suas vidas. Somado ao debate religioso, já que eles precisam se alimentar. Abrindo o leque sobre como fazemos isso. Realmente é necessário abrirmos mãos de nossas convicções morais e espirituais ao realizar o chamado “canibalismo”. Bayona não se aprofunda no assunto, deixando para o espectador pensar a respeito. Tecnicamente a película, ele faz com maestria as sequencias de abertura e a avalanche que atinge os restos do avião.
Enclausurados e sem perspectivas de saírem de lá. A ansiedade de Luma se faça presente, para respirar e sentir o sol para batendo em seu rosto. O diretor de fotografia Pedro Luque e o editor Jaume Marti, nos transportam até eles, nos fazendo sentir no pé o ambiente fechado, quase sem iluminação própria e o stress. Um contraste a beleza natural do local. Dando um toque mais realista à história, que por si só é bastante intensa. Até o desfecho final com a emoção a flor da pele, com o final da jornada deles. Graças ao espirito indomável de Nando e Roberto que praticamente atravessam a cordilheira até chegarem à uma cidade. Para notificarem as autoridades competentes e resgatarem seus amigos.
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