A música e o cinema possuem uma relação intrínseca. O que seria a saga Star Wars sem a épica trilha composta pelo maestro John Williams ou a era dos musicais sem as canções compostas por George & Ira Gershwin para “Sinfonia em Paris (1951)”, a dupla Rogers & Hammerstein II para “A Noviça Rebelde (1965)” e a icônica trilha de “Amor Sublime Amor (West Side Story, 1961) composta por Leonard Bernstein com letras de Stephen Sondheim. Bernstein foi o maestro e diretor musical da Orquestra Filarmônica de Nova York (1958 a 1969), manteve uma carreira de sucesso no ramo. Tanto com peças clássicas quanto musicais para a Broadway e mais tarde adaptadas para a sétima arte.
Com isso em mente, o galã Bradley Cooper estrela e dirige “Maestro (2023)”. Cinebiografia que conta a fase áurea de Bernstein, quando assumiu de batuta da Orquestra Filarmônica de NY de forma inusitada em 1943. O maestro convidado Bruno Walter ficou adoentado e de última hora, Leonard foi chamado para conduzir a orquestra. Daí foi um salto para marcar seu nome no mundo da música. Num plano sequencia excepcional, somos transportados de seu quarto para os corredores de um teatro na cidade de Nova York. Onde se prepara para o evento. Em meio a isso, conhecemos seu amante, o clarinetista David Oppenheim (Matt Bomer da minissérie “Companheiros de Viagem, 2023”). Ele e a irmã Shirley Bernstein (Sarah Silverman) são conhecidos pela boemia nova-iorquina.
Numa festa de amigos, Lenny conhece a atriz chilena Felicia Montealegre, feita por Carey Mulligan (“Uma Bela Vingança, 2020”). A interação é imediata e os dois engatam um romance. Vemos a ascensão de Leonard como compositor, um grande apaixonado pela música. Onde inclusive ganhou um programa de TV, que o tornou conhecido por todo os EUA. Ele e Felicia se casam e tem três filhos. Sendo única a entender suas motivações e anseios. Acompanhamos como Bernstein vai se tornando a lenda no meio musical que conhecemos. Incansável e inquieto, ele divide atenções com sua arte e o amor à família. Ao mesmo tempo, esconde um segredo que será determinante para a continuidade da mesma. Os altos e baixos na relação entre Leornard e Felicia são o mote para “Maestro”. Cooper aproveita a cumplicidade do casal para mostrar a persona do biografado.
Como sua vida pessoal se intercala com sua música. Tanto ele quanto Carey estão ótimos em seus papeis. Exibindo uma sintonia em cena de se fazer inveja. Bradley o encarnou tão bem, que se assemelhou com próteses no nariz, queixo e pescoço. Isso graças ao maquiador Kazu Hiro. Além dos trejeitos, caras e bocas. Já Mulligan, exibe uma faceta de uma mulher de atitude e guerreira. O que parece ser uma mulher fútil, é na verdade, uma mãe devota e aos bons costumes da época. Saindo dos papéis mais comedidos, que ficou conhecida. “Uma Bela Vingança” e o drama verídico “Ela Disse (2022)”, são bons exemplos disso. Lenny e Felicia estavam muito à frente do seu tempo. Os dois possuíam um acordo, onde ele não mostra sua verdadeira natureza.
Casos extraconjugais com homens. Tecnicamente a película é um deleite para os amantes do cinema. O primeiro ato é em preto e branco, já o segundo é a cores. Lembrando as câmeras panavision, com a tecnologia de hoje. Uma viagem no tempo. Em determinante momento, estamos na nostálgica NY nos anos 40 e num pulo, a opulência dos anos 70. Isso graças ao diretor de fotografia Matthew Libatique, que trabalhou com Bradley em sua estreia na cadeira de diretor, “Nasce Uma Estrela (2018)”. Este também mostra que se aprimorou como cineasta, como na sequência de abertura. Bem como a remontagem da cena de dança de “Um Dia em Nova York (1950)”, exibindo desenvoltura como dançarino.
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