O garoto enxaqueca Roger Waters está chegando à terra da garoa com sua turnê de despedida dos palcos, “This Is Not A Drill”, nos dias 11 e 12 de novembro. Ao mesmo tempo, a celebração pelos 50 anos do antológico “The Dark Side of the Moon”. Lançado originalmente em 01 de março de 1973. Era o auge do rock progressivo, Waters ao lado do guitar hero David Gilmour, o tecladista Rick Wright e o batera Nick Mason discutiam sobre o que fariam. Reunidos na casa de Mason em 1971, Roger sugeriu em transformar em música, “A pressão e a preocupação que passam em nossos corpos e mentes. Que divergem do nosso potencial em realizar algo positivo para nosso próximo”. Desde a entrada de Gilmour na banda, a sonoridade do PF foi mudando.
No início, eram influenciados pelo som psicodélico daqueles tempos do seu líder, o guitarrista e vocalista Syd Barrett. Com o passar do tempo e as demandas de Syd mais recorrentes, o fizeram sair do grupo. Com Gilmour assumindo o posto de guitarrista de vez, o PF ganhou novos tons musicais. O rock progressivo foi se tornando mais presente, exemplificado com “Atom Heart Mother (1970)” e “Meddle (1971)”. Waters praticamente escreveu todas as letras do álbum, além de seu conceito. E ainda presta tributo à Barrett. Seu título “The Dark Side of the Moon”, é uma referência a seu amigo. Como já era notório, ele tinha sérios problemas com drogas e de cunho psicológico. O documentário “Have You Got It: The Story of Syd Barrett & Pink Floyd (2023)” foi exibido no festival In-Edit deste ano.
Para saber mais no link: https://cyroay72.blogspot.com/2023/06/o-documentario-have-you-got-it-yet.html. Gravado nos estúdios Abbey Road e produzido por Chris Thomas. Tendo como engenheiro de som Alan Parsons, que mais tarde montaria o The Alan Parsons Project. Foi um álbum que quebrou barreiras e trouxe o som quadrifônico, onde ao fundo ouvimos vozes e efeitos nas caixas de som. Que vão passando de uma para outra. Entre elas o beatle Paul McCartney, mas que não chegou a ser inserido no mix final. David abraçou a temática com o pensamento, “as pressões da vida moderna que conspiram para fazer algumas pessoas pirarem”. Exemplificada com a épica “Money”, uma crítica ao consumismo desenfreado que se faz presente até hoje.
Já o medley que encerra o álbum, “Brain Damage” e “Eclipse”, fazem menção ao estado mental de Barrett. As letras também remetem a loucura e o isolamento que sofremos quando confrontados. Levados a uma realidade mais confortável emocionalmente falando. Suas dez canções retratam isso. Desde a abertura com o interlúdio “Speak to Me”, onde ouvimos o pulsar do nosso coração. Seguido da doce “Breathe (In The Air)”, que nos prepara para o que estar vir. “On The Run” é um interlúdio tenso com o órgão de Wright ao fundo. Assim surge o toque dos relógios rolando nas caixas de som em uníssono para “Time”.
Uma reflexão que não podemos desperdiça-lo. Pois ele está contra nós. David e Rick soltam a voz em dueto. “The Great Gig in the Sky” é de arrepiar os cabelinhos do corpo. Semi-instrumental composta por Wright, que conta com a primorosa contribuição nos vocais de Claire Torry. Que mais tarde ganhou os créditos como autora da canção. Seguida de “Money” e a balada “Us and Them”, que narra as consequências de uma guerra somada a uma crítica ao materialismo e consumismo. Destaque para o solo de saxofone de Dick Parry. O interlúdio “Any Colour You Like” mescla jazz e psicodelia, ilustrado pelo solo de Gilmour. Encerrando os trabalhos com “Brain Damage” e “Eclipse”. Sua emblemática capa com o prisma que atravessa o fundo escuro de um triangulo marca gerações. Criada por Storm Thorgerson. Foi inspirada nas pirâmides do Egito, onde a luz branca é difratada nas diferentes cores que a compõem.
Entre as várias teorias sobre o disco, a mais falada é sobre sua sincronia com o clássico do cinema “O Mágico de Oz (1939)”. O jornalista Charlie Savage escreveu a respeito no artigo “The Dark Side of the Rainbow” em 1995. Relatando que a partir do primeiro rugido do leão no logo da MGM, desativando o áudio original do filme (seja dvd ou bluray). Segue o relato de Charlie: “O resultado é impressionante. É como se fosse um longo videoclipe de arte para o álbum. As letras e os títulos das canções combinam com a ação e o enredo. A música cresce e diminui com os movimentos dos personagens”. Mais recentemente, Waters lançou sua versão e a nomeou "The Dark Side of the Moon Redux”.
A justificativa é que toda obra é de sua autoria. Já é de conhecimento de todos a rixa entre ele e Gilmour. Um dos motivos da regravação, Roger queria “limar” a participação de David sem seus marcantes solos de guitarra. Pois não gostava dos mesmos. Posteriormente, veio a público declarar que “ama” os solos de Gilmour. Disse também: “Poucas pessoas reconheceram do que se trata e o que estava dizendo na época”. Os interlúdios ganham novos arranjos e narração de Waters refletindo sobre a própria vida. A velhice e o que conquistou até hoje. “Time”, “Money” e “Us and Them”, numa roupagem mais intimista que mantem a base do arranjo original. Roger traz a estética do álbum de 1973, com suas convicções pessoais e politicas atuais. Deixando bem claro que é o idealizador do projeto. Seus velhos parceiros de banda apenas “tocaram” nele.
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