Passados
dezoito anos, os Rolling Stones
lançam um álbum autoral, “Hackney Diamonds (2023)”. O ultimo
foi em 2005, “A Bigger Bang”. Desde então
revisitaram o próprio passado com a série “From
The Vault” e as edições especiais dos antológicos “Sticky Fingers (1971)”, “Exile
on Main Street (1972)”, “Goat’s Head
Soup (1973)”, “Some Girls (1978)”
e “Tattoo You (1981)”. Em meio a isso, tivemos a pandemia da
Covid 19 e eles soltaram o single “Living
in a Ghost Town”. Uma reflexão sobre o isolamento social que vivemos na época.
Quando a situação estava sendo melhor controlada, a notícia
que ninguém esperava. O falecimento do icônico batera Charlie Watts em agosto de 2021. Comentamos no link: https://cyroay72.blogspot.com/2022/08/um-ano-sem-o-batera-dos-rolling-stones.html
Após o luto vivido por Charlie, Mick Jagger (vocais, guitarra e gaita), Keith “Keef” Richards (guitarra e vocais) e Ronnie Wood (guitarra solo) retomaram a rotina de shows ao redor do mundo. Chamando para o lugar de Watts, Steve Jordan. Que toca bateria na banda de Keith, os X-pensive Winos. Além de ser um renomado produtor e parceiro musical do jovem guitar hero John Mayer. A justificativa dada por Jagger por terem demorado tanto tempo para gravar novas musicas, foi a boa e velha preguiça. Diz ele, “A gente vinha gravando, aí parava de gravar, sem nenhum plano concreto”. De volta aos estúdios, os Stones estavam bem acompanhados com o eterno beatle sir Paul McCartney, o rocketman Elton John, a eloquente Lady Gaga e o garoto prodígio Stevie Wonder.
Somadas as últimas gravações com Watts em “Live By The Sword” e “Mess it Up”. Os trabalhos começam com a pulsante “Angry”, uma canção que traz o melhor dos Stones. Riffs cortantes vindos da guitarra de Richards e solo marcante de Wood. Com direito a citação ao Brasil na letra: “I’m still taking the pills and i’m off to Brazil (Tradução Livre: Eu continuo tomando comprimidos e estou indo para o Brasil)”. Já em “Get Close”, com Elton John no piano, possui um tom reflexivo. É uma balada que não é uma balada como só os Stones sabem fazer. Com direito a solo de saxofone de James King, que traz na memoria o saudoso Bobby Keys. Já “Depending on You”, é pura balada ao estilo Stones.
Exemplificando como a parceria The Glimmer Twins (Jagger & Richards) é uma das maiores de todos os tempos. “Bite My Head Off” com McCartney é uma paulada. Pesada e rápida, rock’n’roll de primeira. Incluindo solo de Paul cheio de efeitos, ao fundo ouvimos Mick chama-lo: “Come on Paul, let’s hear something (Vamos lá Paul, vamos ouvir algo)”. Em “Whole Wide World”, um flerte com os novos tempos, ao jeito deles. “Dreamy Skies” é uma pura balada country, gênero musical favorito de Jagger. O estilo se mescla perfeitamente a sonoridade do agora trio. Ronnie exibe sua maestria no bottleneck do seu violão e Mick na gaita. Especialistas no instrumento, o consideram um grande gaitista. “Mess it Up” tem Charlie na bateria, momento nostalgia. É rock’n’roll, bebê!
Em “Live
by the Sword” temos o retorno da formação clássica. Bill Wyman com seu contrabaixo, revisando
a cozinha formada com Watts. Uma canção
cheia de swingue que conta com Elton
John. Keef e Ronnie se dividem nos solos com Mick soltando a voz. “Driving
Me Too Hard” é um country rock que balanceia bem com o som característico
dos Stones. “Tell Me Straight” é a canção de Keith mostra porque é considerado a alma musical do grupo. Melancólica
e com um ar blues das antigas. Entraria facilmente em seu primeiro disco solo “Talk is Cheap (1988)”. “Sweet
Sounds Of Heaven” temos as participações especiais de Lady Gaga e Stevie Wonder. Ela possui um ar do passado e renovação.
A soul music e o gospel relembram “Exile on Main Street”. Stevie ao piano e Gaga chegando timidamente para soltar a voz na parte final da canção. Uma das melhores do disco e provavelmente será lembrada como uma das perolas dos Stones para as próximas gerações. Fechando os trabalhos temos “Rolling Stone Blues”. Releitura do clássico “Rollin’Stone” do mestre do blues Muddy Waters, que inspirou o nome do grupo. Ela retoma o inicio deles, onde as coisas eram mais simples. Porem, bem difíceis. Mick ao microfone e na gaita, Keith no violão e Ronnie na guitarra, nos fazem sentir na encruzilhada da rota 66.
Produzido
por Andrew Watt, que trabalhou com
Ozzy Osbourne (“Patient Number 9,
2022”) e Post Malone (“Austin, 2023”),
atualiza a sonoridade do trio e ao mesmo tempo, mantem o que já é conhecido
musicalmente do grande publico. O trio mostrando que possuem muita lenha para
queimar e deixando bem claro que estão longe de dizer adeus. Dando uma lição musical
para a atual geração que se diz roqueira. E prestando um tributo à memoria e ao
legado musical de Charlie.
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