Um dos casos que horrorizou nossa terra brasilis foi a descoberta dos abusos sexuais do médium João de Deus em mulheres que buscavam uma cura espiritual. As acusações se iniciaram em 2018, chegando a mais de 300 denuncias. Ele se autoproclamava um curandeiro quando fundou a Casa de Dom Inácio de Loyola por orientação de Chico Xavier e supostamente pelo espirito de Bezerra de Menezes em 1976. Desde então atraiu atenção das pessoas, da mídia e celebridades como Xuxa e Chico Anysio. E consequentemente viajou o mundo prestando serviços mediúnicos. Seus atendimentos eram realizados preferencialmente na cidade de Abadiânia, no interior de Goiás. Esse é o tema inicial da minissérie “João Sem Deus: A Queda de Abadiânia (2023)”.
Que traz os dez dias antes da primeira denuncia contra João de Deus, exibida no programa de entrevistas “Conversa com Bial”. Misturando ficção com a verdade dos fatos, temos as irmãs Carmen e Cecília, interpretadas por Bianca Comparato e Karina Teles respectivamente. Elas vão até João de Deus, feito por Marco Nanini, em busca da cura de Cecilia. Ela está sofrendo de uma cegueira em um dos olhos e mal estar constante. Acreditam que com sua fé ao lado da espiritualidade de João conseguiram superar isso. Dividida em três episódios, “Joao Sem Deus”, relata a violência sofrida pelas vitimas através dos olhos de Cecília, Carmen e sua filha, Ariane (Maria Clara Strambi).
Cada capítulo é dedicado às três. A visão de quem se fragilizou com a violência do ato de Joao de Deus e de quem tão crente em sua fé, desacreditando pessoas que ama incondicionalmente. Cecilia, depois que sofreu o abuso, se mudou para Lisboa (Portugal). Convencida pela amiga e jornalista (Ana Sofia Martins) a voltar ao Brasil, para contar sua historia e se reconciliar com Cecília. Já esta se tornou uma devota e trabalha para João na recepção das pessoas na pousada local. Lá conhece Lindinho (Antônio Saboia), com quem se casou e teve Ariane. Ele é assessor direto de João coordenando suas finanças. Além de contatar advogados para a defesa de João. A minissérie foi dirigida por Marina Person (sim, a VJ da finada MTV Brasil dos anos 90 e2000) e escrita por Patrícia Corso e Leonardo Moreira, com colaboração de Giuliano Cedroni e Filipe Nóe.
Trazendo três perspectivas distintas. Karina está perfeita em retratar a vitima que se culpa pelo o que sofreu. As mulheres entendem que elas motivaram o assedio. Quando realmente, o verdadeiro culpado é quem comete o ato. Bianca representando muito bem, a dúvida e a certeza de que João jamais faria o que era acusado. Além da gratidão pelo o que conquistou ao seu lado. Uma família e acreditando que Cecília foi realmente curada por ele. Chegando a dizer para a irmã, que tudo fez parte do seu tratamento. Seu mundo cai por terra, quando descobre que Ariane também é uma vitima de João.
Já que abusou dela na infância. Maria Clara está ótima, exibindo sua indignação e raiva. Nanini, apesar de coadjuvante, deixa seu recado. Aqui vemos mulheres comuns em sua rotina diária, mudar radicalmente por um ato deplorável. Infelizmente ocorre frequentemente aqui e no mundo. Somada a sua coragem para denunciar o maior predador sexual da história brasileira. Além de superar a dor que sentem dentro de si. “João Sem Deus” traz um tema polêmico, servindo como alerta. As mulheres que sofrem estupro e / ou abuso sexual são colocadas numa posição delicada na sociedade. Julgadas e condenadas, antes mesmo, de conseguirem provar que são as verdadeiras vítimas.
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