Na última terça-feira (09 de maio de 2023), tivemos o aviso do falecimento da rainha do rock da nossa terra brasilis Rita Lee. Ela nos deixou na segunda-feira e a família deixou uma mensagem nas redes sociais dela:"Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou". Rita lutava contra um câncer de pulmão diagnosticado em 2021. Tinha acabado de sair de uma internação em que seu quadro de saúde havia se agravado.
Conseguiu se recuperar até que nos deixou repentinamente. Paulistana de nascença, ela sempre deixou bem claro seu amor pela cidade de São Paulo. Vinda do bairro da Vila Mariana (zona sul), e orgulhosa por suas origens. O pai dentista Charles Jones, filho de imigrantes norte-americano, e a mãe italiana Romilda Padula, uma pianista, que a incentivou a tocar o instrumento. Ao mesmo tempo, a cantar ao lado das irmãs. Era o começo para Rita Lee Jones. Formou aos 16 anos o grupo vocal “Teenage Singers”, cantavam em festas escolares.
Chamaram atenção do cantor Tony Campello. Que as chamou para trabalharem com ele como vocais de apoio. Foi o incentivo necessário para que Rita se destacasse. Em 1964 integrou o “Six Sided Rockers” que seria a semente do grupo que ajudou a impulsionar o rock’n’roll no Brasil, “Os Mutantes”. Ao lado dos irmãos Arnaldo e Sérgio Dias Baptista. Eles se juntaram ao Tropicalismo de Gil e Caetano. Iniciando o movimento musical da Tropicália com o álbum “Tropicália ou Panis et Circensis” em 1968. Ao lado deles temos Gal Costa, Nara Leão, Tom Zé, os poetas Capinam e Torquato Neto, e o maestro Rodrigo Duprat.
Foi suficiente para os Mutantes ganhassem o grande público e a crítica. Isso é ratificado na apresentação ao lado de Gilberto Gil no 3º Festival da Música Popular Brasileira da Record em 1967, onde tocaram “Domingo no Parque”. E em 1968, no 3º Festival Internacional da Canção da Globo, com “É Proibido Proibir”, dividindo o palco com Caetano Veloso. Os dois eventos são considerados marcos do Tropicalismo. Daí um salto para o trio se tornar uma referência para a juventude na época. Entre 1967 e 1972, gravaram os antológicos “Os Mutantes (1968)”, “Mutantes (1969)”, “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970)”, “Jardim Elétrico (1971)” e “Mutantes & Seus Cometas no País dos Bauretz (1972)”.
“Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida (1972)”, marcou sua saída do grupo e o fim do seu relacionamento com Arnaldo. Apesar de ser creditado como seu segundo álbum individual. Foi gravado, quando ainda estava nos Mutantes. Antes disso, tivemos o primeiro disco solo, “Build Up” de 1971. Sozinha, montou a banda Tutti Frutti com o guitar hero daqueles tempos Luís Sérgio Carlini. Gravaram cinco discos, o destaque fica para “Fruto Proibido” de 1975. Que continha o sucesso “Agora Só Falta Você”.
Já
em 1979, deslanchou sua carreira solo na parceria e matrimonio com Roberto de Carvalho no álbum homônimo
do mesmo ano, com o hit “Mania de Você”.
E posteriormente com “Doce Vampiro”,
“Lança Perfume” e “Baila Comigo”. Apesar de ser chamada a “Rainha do Rock Brasil”, ela achava
cafona. Preferia ser conhecida como “padroeira
da liberdade”. Mesmo assim, como no início de carreira, impulsou o rock
brasileiro nos anos 80 ao lado do Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Kid
Abelha, Lulu Santos, Lobão, dentro outros.
Em
1991, eles se separaram profissionalmente até retornarem em 1995 com o show “A
Marca da Zorra”. No mesmo ano, são chamados para abrirem os shows da turnê dos
Rolling Stones na sua primeira passagem pelo país. E aproveitaram para oficializar a união no civil após 20
anos juntos. Houve um período em que ela precisou tratar o vício em álcool e
drogas, após um acidente sofrido em sua fazenda em 1996. Sua total reabilitação
só ocorreu em janeiro de 2006, ao falar sobre isso numa entrevista ao programa
dominical “Fantástico” da TV Globo. Já
em 2012, anunciou sua aposentadoria dos palcos por causa da saúde frágil e
lançou seu ultimo trabalho autoral, “Reza”.
Aproveitou o tempo para se tornar uma escritora de sucesso com “Rita Lee: Uma Autobiografia”, lançada em 2016. Pouco antes de nos deixar, anunciou uma versão atualizada “Rita Lee: Outra Autobiografia”. Deve sair ainda em 2023. Escreveu livros infantis como “Storynhas (2017)” e “Amiga Ursa: Uma História Triste, mas com Final Feliz (2019)”. Indo além do ícone do rock e da música brasileira, Rita influenciou e influencia gerações, com seu estilo próprio. Muita a frente do seu tempo, ela mostrou que a mulher não é só bunda e peitos. É inteligente, tem atitude e que encara todas as adversidades de frente. E principalmente de igual para igual com um homem. Lutando pelos direitos iguais a ambos.
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