O conde Drácula é um dos personagens mais cativantes da literatura. O ser imortal que necessita de sangue para sobreviver. Tendo seu interprete definitivo no cinema, o igualmente imortal Christopher Lee. Nos filmes produzidos pela Homer Film Productions Studios. Por isso é um dos mais adaptados, seja no cinema e/ou seja na televisão. Mais recentemente o incansável Nicolas Cage o encarna na comedia de humor negro “Renfield: Dando O Sangue Pelo Chefe”. Com isso dito, vamos comentar uma das mais celebres e comentadas versões do conde vindo da Transilvânia, “Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker’s Dracula, 1992)”.
Dirigido por Francis Ford Coppola, após encerrar a trilogia do “O Poderoso Chefão”, iniciou o que seria uma série de filmes que para revitalizar os antigos filmes de terror da Hammer e de outras produtoras do gênero. Daí a ideia da adaptação de “Drácula”, escrito por Bram Stoker em 1897. Tendo o roteirista James V. Hart como o responsável por isso. Somado ao olhar apurado de Coppola, onde sua visão se mescla perfeitamente com as referências de clássicos do cinema. Isso é exemplificado na primorosa sequência de abertura. É uma viagem de tempo. Onde temos a derrocada do personagem para o ser maligno que ficou conhecido mundialmente.
Para ser Drácula temos Gary Oldman, vindo de trabalhos como “Sid & Nancy: O Amor Mata (1986)” e “JFK: A Pergunta Que Não Quer Calar (1991)”. Antes de ser Sirius Black da saga Harry Potter e levar para casa o Oscar para Melhor Ator por “O Destino de uma Nação (2017)”, Oldman já estava chamando do público e da crítica. Pelos filmes mencionados anteriormente e conhecido por imergir intensamente em seus papeis. Ele nos proporciona uma visão que vai além do medo e terror. Exibe toda tragédia e desilusão vivida por Drácula. Desde a decepção por aqueles que acreditavam na palavra do Senhor e a perda do amor da sua vida, Elisabeta. Vivida por Winona Ryder. Que também faz sua reencarnação Mina Murray. Esta é noiva do bancário Jonathan Hacker, feito pelo futuro Neo da saga Matrix Keanu Reeves.
Winona, uma estrela em ascensão na época, teve desavenças com Coppola. Pois foi escalada para ser a filha de Michael Corleone em “O Poderoso Chefão Parte 3 (1990)”. Logo no inicio das filmagens, abandonou o filme. Por estar muito desconfortável pelo modo operantes do cineasta no set de filmagem. Sendo substituída pela filha dele, Sofia Coppola. Como uma espécie de oferta de paz, Ryder mostrou o roteiro feito por Hart a Coppola. Este se interessou e voltaram a trabalhar juntos em “Drácula”. Além disso, Francis estava endividado com a falência da sua produtora Zoetrope. Por causa do fracasso nas bilheteiras do drama “O Fundo do Coração (1982)”. Além de outras dívidas acumuladas por trabalhos anteriores. Teve que voltar atrás na promessa que não faria a parte III de “O Poderoso Chefão”. Ou um filme por encomenda, como foi o caso de “Drácula”.
A premissa do roteiro de Hart chamou sua atenção, por ir além da história conhecida mundialmente. Onde Drácula perde a mulher da sua vida e a razão de viver. Para se tornar aquele que vive eternamente sob a perspectiva dessa dor. Ao mesmo tempo, busca por redenção pelos atos genocidas cometidos em nome da Igreja. Ao rever Elisabeta como Mina, Drácula enxerga um meio de encontrar sua paz interior. Posteriormente comentou: “Fui um diretor contratado, para fazer um roteiro já pronto, a partir da iniciativa de uma atriz!”. Mesmo assim, a película entra para sua conta e considerada uma de suas melhores obras na sétima arte.
Coppola aproveita para trazer toda sua genialidade para o filme. Tendo em mente os filmes mudos de Georges Méliès (se você viu “A Invenção de Hugo Cabret, 2011” de Martin Scorsese, vai perceber), “A Bela & A Fera (1946)” de Jean Cocteau e até “O Iluminado (1980)” de Stanley Kubrick. Tecnicamente o filme é um deleite para os olhos. Figurino caprichado e nos mínimos detalhes por Eiko Ishioka, a direção de arte detalhada de Thomas E. Sanders & Garrett Lewis e a fotografia de Michael Balhaus que destaca os tons pastéis nos interiores do castelo de Drácula. Somado ao vermelho em suas vestimentas.
As sombras complementam, fazendo uso dos efeitos práticos, para inseri-las como personagens na história. Destaque para o excepcional trabalho da equipe de maquiagem formado por Greg Cannom (responsável pela transformação do king of pop Michael Jackson em lobisomem no antológico videoclipe “Thriller” em 1983), Michèle Burke e Matthew W.Mungle ao tornar Gary Oldman no príncipe das trevas. Por isso ganharam o Oscar de Melhor Maquiagem em 1993 e Eiko, com o magnifico vestuário usado em “Drácula” como Melhor Figurino. Além de ressaltar os efeitos sonoros criados por Tom McCarthy & David Stone, que também levar o Oscar como Melhor Efeitos Sonoros. Completa o elenco, sir Anthony Hopkins com o cientista e caçador de vampiros Van Helsing; Sadie Frost é a melhor amiga de Mina, Lucy, a primeira vitima de Drácula; e o cantor boêmio Tom Waits faz o assistente de Drácula, Renfield.
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