O cineasta sueco Ruben Östlund surgido com o drama familiar “Força Maior (2014)” e o eloquente “The Square: A Arte da Discórdia (2017)”. Por este último levou para casa a Palma de Ouro de Cannes daquele ano. Agora em seu mais recente trabalho “Triângulo da Tristeza (Triangule of Sadness, 2022)” repetiu a façanha. Por aqui teve uma concorrida sessão de abertura da 46ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e é um dos favoritos para levar a estatueta do Oscar na categoria de Melhor Filme deste ano.
Aqui Östlund traz um conto sobre as diferenças entre as classes sociais em um luxuoso cruzeiro. Como o casal Yaya e Carl, feitos por Charlbi Dean e Harris Dickinson respectivamente, passando pelos funcionários da embarcação como seu capitão interpretado por Woody Harrelson (da franquia “Zumbilândia”) e a faxineira Abgail (Dolly De Leon). Junto a eles, ricaços como Dimitry (Zlatko Buric) e socialites desmioladas como Vera (Sunnyl Melles). Divididos em três capítulos, Ruben traz os passos de Yaya, influencer digital e modelo, e Carl, modelo em crise existencial. O antes (Yaya & Carl), o durante (O Iate) e o depois (A Ilha) da viagem.
Exemplificados na cena de abertura onde os dois brigam por causa da conta em um suntuoso restaurante. Aí temos o início do discurso social. Eles embarcam no navio para aprimorar seu relacionamento e curtir os prazeres da viagem. São literalmente mimados pela tripulação. Que é orientada pela chefe de operações Paula (Vicki Berlin), a não dar nenhuma resposta negativa aos passageiros. Apenas realizar seus desejos, por mais pirados que sejam, respondendo “sim”. Jamais dizer a palavra “não”. Aqui vemos pessoas conhecidas como “milionárias” vivem num mundo à parte. Nos dias de hoje, a chamada “própria bolha”. Desconhecendo a realidade de quem vive o dia a dia para ganhar o pão nosso de cada dia. Quando tudo parece uma viagem tranquila, a embarcação sofre avarias em uma tempestade no meio do mar e é abortado por piratas (Por incrível que pareça, eles existem. Ainda!). Posteriormente, um naufrágio. Aqueles que conseguem se salvar, vão parar em uma ilha deserta.
Sem o luxo e o requinte, os passageiros surtam e parte da tripulação precisa lidar com a situação da melhor maneira possível. Assim temos a trama tresloucada de “Triângulo da Tristeza”. Entre idas e vindas, Östlund exibe como pessoas de diferentes nichos sociais lidam com o estresse extremo, quando são tiradas da sua zona de conforto. Percebe-se claramente que os dois mundos colidem neste momento. O que era antes um domínio dos mais ricos sobre os mais pobres. A situação se inverte, onde a sobrevivência fala mais alto. E todos precisam trabalhar em conjunto para conseguir sair desta situação.
O destaque fica para Abgail. Pela sua origem mais humilde, sabe caçar, cozinhar e acenar uma fogueira. Subvertendo a ordem das posições. Praticamente invisível no navio, ela se torna a líder do momento. E meio que ditatorial, se impõe sobre aqueles que devia servir. Ao mesmo tempo, discute o padrão de beleza. Justificando o titulo da película. Tanto masculino, quanto feminino. Corpos sarados e rostos perfeitos. E como estamos presos às redes sociais. Tudo que é colocado lá desde comentários sarcásticos como imagens difamatórias. Focando na ascensão social vivida em tempos de instagram e tik tok.
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