A inglesa Jane Austen (1775 – 1817) é uma das mais celebradas e admiradas autoras femininas. Muito à frente do seu tempo, conseguiu se destacar no meio, onde os homens dominavam. Seus romances tinham um tom bem pessoal, onde suas personagens tinham características da autora, perseverante e obstinada. Entre as mais recentes adaptações tivemos “Orgulho & Preconceito (2005)” com Keira Knightley e “Emma (2020) com Anya Taylor-Joy. Agora chegou a vez da Anastasia Steele Dakota Johnson estrelar um filme baseado na obra de Austen, “Persuasão (Persuasion, 2022)”. Produzido pelo canal das redes sociais Netflix, dirigido por Carrie Cracknell e os roteiristas Ron Bass & Alice Victoria Wislow, responsáveis pela adaptação.
Johnson é Anne Elliot, uma jovem nobre que foi convencida pelo pai, sir Walter (Richard E. Grant, a versão alternativa do deus da trapaça na série Marvel “Loki, desde 2021”), a não se casar com o jovem marinheiro Frederick Wentworth (Cosmo Jarvis) por causa de sua origem humilde. Ele é o amor de sua vida. Passados oito anos, Anne está arrependida de sua escolha e bebe vinho o dia todo, fica imagina sua vida se tivesse enfrentado a família. Seu pai já não possui a fortuna de outrora, por isso se mudam para uma casa menor e em outra cidade, Bath. A mansão que morava com a família é alugada para custear os gastos.
Para surpresa de Anne, quem irá aluga-la é são parentes de Frederick. O reencontro é arrebatador, já que não se viam desde que terminaram. Uma virada na mesa, agora ele é oficial da Marinha Real e deseja constituir família. Apesar do sentimento ainda ser forte entre os dois, há um claro ressentimento por parte de Frederick. Apesar dos encontros e desencontros, os dois sempre se esbarram. Ela quer reatar, mas tem dúvidas se ainda dará certo. Já ele, com Anne em seus pensamentos e sonhos, ainda está magoado com a separação. Assim temos o mote inicial de “Persuasão”, onde Cracknell atualiza o conto, pegando o tom e se inspirando nas series “Bridgerton (desde 2020)” e “Fleabag (2016 a 2019)”.
Saindo da aristocracia britânica tradicional e se tornando multicultural com a presença do William, feito por Henry Golding (da comedia romântica “Podres de Ricos, 2018”), um primo distante que deseja o título do pai de Anne, e Lady Russell, interpretada por Nikki Amuka-Bird, que também aconselhou Anne a deixar Frederick. Dakota conversa diretamente com o espectador. Ela está muito bem no papel. Brindando o público com uma veia cômica, sotaque britânico com forte influência de sua terra de origem, o Texas.
Johnson e Golding mostram boa sintonia em cena. Aproveitando o bom humor britânico de Austen, com a presença de Grant, a arrogância de um lorde inglês falido, e Yolanda Kettle como a irmã mais velha de Anne, Beth. Esta é presa as convenções da época e egoísta. Destaque para Mia McKenna-Bruce como a mais nova, Mary. É tão autoconfiante, independente e narcisista que chega a irritar o espectador mais desavisado. Boa reconstituição de época, os cenários e os figurinos, parece que estamos realmente no século XVIII.
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