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O Rei do Rock "ELVIS" Presley pelo olhar de Baz Luhrmann

A sétima arte ganhou um novo gênero. Os filmes baseados em estrelas da música. Seja do rock, do pop, da soul music ou do rap. Mais recentemente tivemos “Bohemian Rhapsody: A História de Freddie Mercury (2018)”, “Rocketman (2019)” sobre sir Elton John e “Estados Unidos vs. Billie Holliday  (2021)”. Agora chegou a vez do Rei do Rock Elvis Presley ter sua história contada na tela grande do cinema. Para esta complicada tarefa temos Baz Luhrmann, conhecido pela atualização da tragédia romântica de Shakespeare “Romeu + Julieta” em 1996 e os contagiantes musicais “Vem Dançar Comigo (1992)” e “Moulin Rouge! (2001)”.

Este último, para embalar o clima romântico do casal Nicole Kidman e Ewan McGregor, eles interpretam clássicos do rock no medley “Elephant Love”. Com isso em mente, Baz foi autorizado pela família Presley realizar a cinebiografia “Elvis (2022)”. Escreveu o roteiro ao lado de seus colaboradores habituais Craig Pearce & Sam Bromell e a adição do roteirista Jeremy Doner, conhecido por seu trabalho na série policial “The Killing (2011 a 2014)”. Para juntos nos trazerem um retrato honesto sobre a vida e a obra de Elvis Aaron Presley. Ao invés de escolher um rosto conhecido do grande público. Entre as especulações, surgiu o nome de Harry Styles. Que tem se dividido entre sua carreira musical e no cinema. 


Baz comentou a respeito: “Eu não faço só testes, e sim um workshop bem rico com cada ator. Harry é um rapaz muito talentoso. Eu definitivamente trabalharia com ele em alguma coisa. O único problema que encontramos é quem ele é. Já é um ícone. Ele é um ótimo espírito, e só tenho coisas incríveis a dizer sobre Harry Styles”.  Por isso, a opção por um ator iniciante. No caso Austin Butler. Que impressionou a todos nos testes e se mostrou como a escolha perfeita para o papel. Para viver seu empresário, o “coronel” Tom Parker, temos o versátil Tom Hanks. Vencedor do Oscar de Melhor Ator pelos drama “Philadelphia (1993)” e “Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994). Conhecido também pela parceria com o mago Steven Spielberg em filmes como “O Resgate do Soldado Ryan (1998)”, “Prenda-me Se For Capaz (2002)” e “The Post: A Guerra Secreta (2017)”.

Ele se torna o narrador da própria história e a de Elvis. O biografado com as lendas e os mitos envoltos em sua persona ganham mais contornos com a perspectiva de Parker (Hanks) relatando como Elvis começou a relacionar com a música desde pequeno. Indo até a igreja de sua cidade, um pequeno detalhe. Frequentada por negros somente. Daí a influência da música negra. No caso, o blues, a soul music e a música gospel. Mas isso será comentado mais para frente. Mais tarde, o jovem (Butler) em sua primeira apresentação no teatro da cidade e já vislumbrando o que ele se tornaria. O destino dos dois estava entrelaçado. Para juntos, ganharem o mundo e Elvis se tornar uma divindade. 


Nos seus pensamentos, Elvis é super-herói na verdade. Onde graças a ele, alcançariam seus sonhos. A ascensão e a queda do Rei do Rock. Os primeiros shows com a histeria tomando conta das fãs. Austin executa com perfeição os trejeitos de Elvis. O rebolado, a posição clássica quando fica na ponta dos dedos dos pés e as pernas tremendo estão lá. Regravando canções de seus ídolos como seu primeiro sucesso “That’s All Right Mama” de Arthur "Big Boy" Crudup e mais tarde “Hound Dog” de Big Mama Thornton. O filme deixa bem claro que estas referências, Elvis levou até o fim de sua carreira. Daí um salto para o sucesso na terra do tio Sam e o frenesi entre as fãs a cada aparição sua. Seja na televisão ou nos shows no circo montado por Parker para divulgar sua música e outras atrações como o veterano cantor country Hank Snow (David Wenham). 


Chamando a atenção de autoridades que defendem a ética e bons costumes nos Estados Unidos, que não veem com bons olhos o sucesso arrebatador de Elvis. Bem como sua atitude rebelde no palco, causando a histeria do público feminino. Na última apresentação, foi provocado por um policial, que não deveria mexer nem o musculo do dedinho da mão para evitar maiores problemas. É a deixa para vermos o Rei do Rock em ação e com “Trouble”, o local vem abaixo. Para evitar que seja preso e perder tudo o que conquistou, Elvis é convencido pelo coronel a prestar o serviço militar na Alemanha. Muito ligado à mãe Gladys (Helen Thomson), prometendo a ele e ao pai Vernon (Richard Roxburgh) que cuidaria deles. Onde teriam um teto para morar e não passariam mais necessidades.

Porem a distância entre eles causou a morte de Gladys. Sempre preocupada com o filho, ela faleceu devido ao alcoolismo, foi a oportunidade perfeita para o coronel se tornar “o pai” de Elvis e assumir de vez os negócios. Assim temos o mote inicial de “Elvis”. Onde Luhrmann exibe o olhar do coronel sobre todas as ações que tornaram Elvis, a lenda que conhecemos. Ou seja, que ele foi o responsável pela mitologia em torno do Rei do Rock. De certo modo foi um visionário no campo comercial. Canecas, almofadas, camisetas, pingentes e bonecos com a imagem de Elvis se tornaram em itens de colecionador nos dias de hoje.


Extremamente controlador, Tom Parker queria lucrar o máximo que podia com Elvis. Tom Hanks mostra isso com a competência de sempre. Ao contrário do que faz normalmente, aqui temos uma pessoa inescrupulosa e nenhuma moralidade, que pensa o que pode ganhar ao levar quem o sustenta além do seu limite físico e mental. Tudo isso para manter seu padrão de vida e o vício em jogatina. Aqui a justificativa para a série de shows no International Hotel em Las Vegas. Para garantir o cancelamento de suas dividas nos cassinos e conseguir um credito ilimitado, o coronel convence Elvis a tocar lá por vários anos. Entusiasmado com o retorno aos palcos, ele quer fazer uma turnê mundial.

É dissuadido pelo coronel a todo momento. Dizendo que não há como assegurar sua integridade física devido às ameaças de morte que recebe diariamente. Isso foi inventado por ele. Elvis cansado e fazendo uso de remédios para se manter de pé. Entrando em paranoia por causa disso. Austin caiu como uma luva para o papel. Dando a carga dramática na medida certa ao mostrar o carinho de Elvis para com os fãs e o amor incondicional por Priscila (Olivia DeJonge) e a filha Lisa Marie. O momento que ele descobre a verdadeira identidade do coronel, dá boa amostra do seu talento. A raiva contida e a decepção são de arrepiar o espectador mais desavisado. O constrangimento de Parker é visível. Tom perfeito.


Ao mesmo tempo, o posicionamento político com as mortes de Martin Luther King e Robert Kennedy.  Contrário ao que o coronel planejava, o especial de TV que seria um programa natalino se tornou o celebre “Comeback Special’68”. Desde que voltou do exército, Elvis parou com os shows e seguindo o plano de Parker em se tornar uma estrela do cinema. Cansado da vida em Hollywood, Presley quer voltar às suas raízes. Com auxílio dos produtores Steve Binder (Dacre Montgomery) e Jerry Schilling (Luke Bracey), o programa é um sucesso de público e crítica. Elvis canta “If I Can Dream” como uma homenagem a King e Kennedy e a transforma em tema natalino. 

Matando dois coelhos em uma cajadada só. Como é de praxe, Baz faz um trabalho primoroso na parte técnica. Reconstituição de época que enche os olhos, na cenografia e no figurino. Isso se deve a Damien Drew, Ian Gracie & Shaun Barry (direção de arte e cenografia respectivamente) e Catherine Martin (figurino), é espetacular o que eles proporcionam ao que vemos na tela grande do cinema. Bem como a edição ágil de Matt Villa & Jonathan Redmond e a fotografia de Mandy Walker, deslumbrante. Para ilustrar a jornada de Elvis temos Kodi Smit-McPhee (O jovem Noturno da saga mutante X-Men) é o cantor country Jimmy Rogers Snow, Kelvin Harrison Jr. como o bluesman B.B. King, o guitar hero Gary Clark Jr. faz Arthur Crudup e Shonka Dukureh é Big Mama Thornton.


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