A era da notícia se tornou digital. A velocidade que a informação corre nos dias de hoje é instantânea. Cada vez fica mais difícil, distinguir o que é verdade e o que é mentira. Neste ultimo temos a popular “fake news”. Infelizmente em nossa terra brasilis, isso já virou regra. Em espacial para aqueles que estão no poder. Com isso dito, vamos voltar no passado. Numa época que a informação era passada pelos jornais, revistas, cartas e boca a boca. Sem qualquer tipo de rede social. Sem a mesma agilidade atual, a notícia chegava às pessoas. Porem as mesmas não tinham meios de verificar sua autenticidade.
Dai temos o mote inicial de “O Soldado Que Não Existiu (Operation Mincemeat, 2022)”. Drama de guerra produzido pelo canal das redes sociais Netflix e baseado em uma história verídica. Onde A Inteligência Britânica precisava criar uma distração para os nazistas. Já que a Inglaterra e os aliados pretendiam invadir a Grécia. Quando na verdade, eles se dirigiam para a Sicília e assim acabar com a Tríplice Aliança formada pela Alemanha de Hitler, a Itália de Mussolini e a terra do sol nascente Japão. Poucos sabem que este foi um dos pontos determinantes para o fim da Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945).
Tendo o livro homônimo de Ben MacIntyre como base e adaptado por Michelle Ashford. Sua trama sendo a linha dos filmes de espionagem como “O Espião Que Sabia Demais (2012)”, “O Jogo da Imitação (2014)” e “Ponte de Espiões (2015)”. Com direção de John Madden da franquia “O Hotel Marigold”, que possui experiência no gênero com os filmes “A Grande Mentira (2011)” e “Armas em Jogo (2016)”. Agora conhecemos o advogado e oficial da marinha inglesa Ewan Montagu com o rei gago Colin Firth no papel e Matthew MacFadyen (o Tom Wambsgans da série HBO “Sucession” desde 2016) é o capitão da reserva Charles Cholmondeley. Eles são chamados para participarem do 20º Comitê de Guerra para decidir como farão a operação para enganar os alemães.
Presidido pelo almirante John Godfrey (Jason Isaacs, o Lucius Malfoy da saga Harry Potter), que compartilha com os presentes uma ideia que seu subalterno, o capitão Ian Fleming (Johnny Flynn, o jovem Einstein do seriado National Geographic “Genius, 2017”) teve para ludibriar os oficiais alemães e levarem a mensagem “falsa” até Hitler. Jogar o corpo de um oficial britânico na costa de Cadiz, já que a Espanha se declarou território neutro que possui uma simpatia por Hitler, com mensagens secretas falsas sobre o ataque dos aliados à Grécia.
Se você
pensou no criador do espião com licença para matar, é o próprio. Fleming fez
parte do serviço de inteligência e um dos idealizadores da ação contra os
alemães. Montagu e Cholmondeley compartilham dela e auxiliam Fleming a
desenvolve-la. Criando um perfil e lhe dando um nome, William Martin. Junto a
eles, Hester Leggett (Penelope Wilton,
a baronesa Merton de “Downton Abbey”),
a assistente pessoal de Ewan, e a secretária Jean Leslie (Kelly McDonald, a Margareth Thompson de “Broadwalk Empire, 2010 a 2014”). Ela se junta ao grupo, após ceder
uma foto sua a Cholmondeley para ser a esposa fictícia de William. Com todos
juntos, criando um passado e um presente para ele. Pois em meio a documentos
ditos oficiais, também há documentos de cunho pessoal, para dar credibilidade
ao personagem.
Ao contrário de foi visto em “O Resgate do Soldado Ryan (1998)” e “A Conquista da Honra (2006)”, temos os bastidores da guerra. Onde atrás das sombras e das mesas dos militares de altas patentes, é decidido o futuro da humanidade e daqueles que estão dando a vida pela liberdade de todos. O enredo como todo filme do gênero é cheio de suas reviravoltas. Jogos de aparências e intrigas, o trio formado por Firth, MacFadyen e MacDonalds dá o tom, possuem uma ótima dinâmica em cena. Os dois primeiros formam a dupla que coloca em prática a ideia de Fleming, saindo do papel e desenvolvida em seus mínimos detalhes. Com a última formam um triangulo amoroso involuntário.
Montagu e Jean criam o casal William e Pam, ao mesmo tempo se aproximam. O que deixa Cholmondeley enciumado, já que ele nutre uma paixão secreta por Jean. Já o comandante Godfrey não acredita no sucesso da empreitada e pede para Cholmondeley investigue Montagu. O irmão dele Ivor (Mark Gatiss) pode ter conexões com os russos e ser um informante deles. Em troca, se oferece em encontrar o corpo do irmão dele, morto em combate. Já que deseja entrerrá-lo como herói de guerra. Como bem diz Terence Stamp em “Operação Valquíria (2008)” toda operação militar nunca ocorre como planejado.
São esses altos e baixos que trazem o charme no conto de “O Soldado que Não Existiu”. Com cada passe dado por Montagu e Cholmondeley acompanhados de perto e às vezes, não sabemos quem é um aliado e quem é o inimigo. Junto a um clima tenso na relação dos dois. A película também traz referências ao universo James Bond de Fleming ao chamar Godfrey de “M” e a explicação para isso. E seu encanto ao ir no setor que cria os documentos falsos e analisa evidencias chamado de “Departamento Q”. Lá vê um relógio que se transforma em uma pequena serra. Daí a ideia para as engenhocas usadas na saga 007.
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