Nos
últimos anos, o cinema do oriente asiático tem ganhado mais espaço. Exemplo
recente o sul-coreano “Parasita”,
grande vencedor do Oscar 2019. Bem como os serviços de streaming com a série
Netflix “Round 6 (2021)”, também da Coreia
do Sul. Agora chegou a vez da terra do sol nascente ganhar destaque com o drama
“Drive
My Car (2021)”. Dirigido por Hamagushi
Ryusuke a partir do conto “Homens Sem
Mulheres” do escritor japonês Murakami Haruki. Um dos mais celebrados
autores do Japão contemporâneo. Eles nos trazem o ator e diretor teatral Yusuke
Kafuku (Nishijima Hidetoshi) vivendo
o luto pela perda da esposa Oto (Reika
Kirishima) dois anos depois. Mesmo deprimido, é convidado para participar
de um festival de teatro em Hiroshima, onde será responsável pela adaptação da
peça “Tio Vanya” de Tchecov.
Há uma norma interna que Yusuke não pode dirigir o próprio carro, assim é contratado pelos organizadores do festival, um motorista. Neste caso, a jovem Misaki Watari (Toko Miura). Ainda sente muito a falta da esposa, pois esta faleceu de forma repentina. Antes disso, estavam se recuperando da perda da filha pequena. Por isso tem dificuldades de falar sobre o assunto. Somada ao crescente descontentamento com o ator principal da peça vivido por Koji (Masaki Okada). Este tem um segredo sobre Oto. Yusuke tem conhecimento das infidelidades dela. Que não era só com um homem, mas outros que faziam parte do cotidiano dela no trabalho. Antes uma atriz, depois da morte precoce da filha, se aposentou.
Yusuke relata a Koji, quando eles se relacionavam intimamente. Oto criava histórias, porem não se lembrava delas no dia seguinte. Cabendo a ele, relembra-las. Assim surge um novo talento para Oto, como escritora. Daí ela tem uma nova oportunidade de voltar a trabalhar no meio artístico como roteirista de seriados televisivos. Em meio a isso, a amizade inesperada com Misaki, se torna relevante e acolhedora. Fazendo com que Yusuke confronte seu passado e adquirindo forças para seguir em frente para virar esta página da sua vida. Como ele, Misaki também possui uma dor interior que não consegue superar, a morte da mãe. Assim temos o mote inicial de “Drive My Car”. Onde Ryusuke transforma as quarenta páginas do conto de Haruki em um longa com três horas de duração. O que de início, pode assustar o espectador mais desavisado.
Quando na verdade, sua intenção é exibir com a superação de uma pessoa, no caso Yusuke, tem seu próprio tempo. Podendo ser rápida e/ou passo a passo. Mesclando com o enredo da peça que ele está ensaiando com a própria vida. Cada plano sequencia repete a vida dele ao lado de Oto. Eles tinham um ritual. Para entrar no personagem, Yusuke ouvia uma fita cassete gravada por Oto. Durante o caminho de casa para o teatro, bem como na volta ao lar. Ao mesmo tempo, a jornada de Yusuke é exibida e a cada passo dado por ele, vamos entendendo sua dificuldade em superar a perda de Oto. E perdoa-la especialmente. A cumplicidade e o amor incondicional não estão mais lá. Até surge a arte e novos amigos como Misaki que acabam compartilhando parte de suas vidas e juntos aprendem que a dor irá passar. São as boas lembranças que ficam e nisso que precisam se agarrar para seguirem em frente com suas vidas.
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