A máfia italiana na terra do tio Sam sempre trouxe certo encanto para aqueles só conhecem e/ou acompanha seu dia a dia através da mídia. O maior exemplo disso é a saga “O Poderoso Chefão” de Francis Ford Coppola baseada no romance de Mario Puzo, que trouxe a ascensão e a queda de uma das suas famílias mais poderosas. Bem como “Os Bons Companheiros (1990)” de Martin Scorsese que traz os bastidores de quem trabalha para as famílias sicilianas que residem nos EUA. Aproveitando o ensejo, David Chase criou o seriado televisivo “A Família Soprano”, que em suas seis temporadas (1999 a 2007), tivemos uma perspectiva bem detalhada de como funciona este circulo fechado.
James Gandolfini é o chefe da família “Tony” Soprano, no seu auge a frente dela tem uma crise de identidade. Questionando a sim mesmo sobre os métodos que utilizou para ser quem é. Por isso vai se consultar com uma psicóloga em segredo. Caso todos souberem disso, ele perderá todo prestigio que ganhou. Porém, isso o ajudou nos negócios. Junto a isso, o estilo implacável com seus inimigos e extremamente zeloso com sua família se tornaram sua marca registrada. A atuação de Gandolfini é o principal atrativo da serie e um dos motivos do fascínio em torno dela. Apesar do seu final repentino, muito se perguntou sobre sua continuidade ou explorar outros pontos de vista de sua história. Eis que surge “Os Muitos Santos de Newark (The Many Saints of Newark, 2021)”.
Um preludio do seriado que foca na infância e na adolescência de Tony, ao mesmo tempo, com a efervescente tensão racial no bairro que vivem os Sopranos em New Jersey. Junto aos conflitos com seus rivais, os DiMeo. Aqui Tony é feito por William Ludwig quando criança e Michael Gandolfini, o filho de James, na adolescência. Chase ao lado do roteirista Lawrence Konner e Alan Taylor, que trabalhou na serie e em “Game of Thrones (2011 a 2019)” e “Mad Men (2007 a 2015)”, na cadeira de diretor. Eles nos trazem as origens de Tony e como a influencia de seu tio Dickie Montisanti, interpretado por Alessandro Nivola, foi determinante para a persona que conhecemos no seriado. Ao mesmo tempo, vemos que Dickie tenta manter os negócios dos Sopranos e cuidar da sua família.
Ainda conviver com pai boêmio “Hollywood Dick (Ray Liotta)” que acaba de voltar da Itália com a sua jovem esposa Giussepina (Michela De Rossi). Apesar de se manter fiel à esposa Joanne (Gabriella Piazza), acaba nutrindo uma paixão pela madastra. Enquanto isso o pai de Tony, Johnny Soprano (o Justiceiro Jon Bernthal) é preso. Sua mãe Livia (Vera Farmiga) pede que Dickie a ajude com o filho, já que este só arruma problemas. Por exemplo, ser suspenso da escola. Sendo na verdade Dickie, o protagonista da história. Já Tony é o espectador que acompanha este cotidiano marcado pela violência e o jeito de ser do tio.
Uma pessoa
amorosa com seus familiares, porem quando é necessário recorrer à violência não
pensa duas vezes. Como ao confrontar o pai, quando este machuca Giussepina,
relembra os tempos que ele batia em sua mãe. E acidentalmente o mata. Com remorso, em busca de redenção e aconselhamento, vai visitar o tio e irmão gêmeo de
Dick, Sally (Liotta), na prisão. Ainda
acolhe Giussepina como sua amante. Já seu comparsa no crime Harold (Leslie Odom Jr.) tem outros planos e
enxerga uma oportunidade de ascender na crescente onda racista no bairro. Assim
temos o mote inicial de “Os Muitos Santos de Newark”.
Além
da semelhança física com o pai, Michael traz
de volta o personagem na sua essência. E como a presença de Dickie foi
determinante para ser o que vimos ao se tornar adulto. O pai zeloso, o
marido carinhoso e o impiedoso quando era preciso. Somada as referencias que marcam a série como a
mãe narcisista e manipuladora Livia, muito bem feita por Farmiga, e a narração em off do sobrinho de Tony Christopher
Montisanti, que conta com o retorno de Michael
Imperioli, seu tom de voz traz um misto de admiração, medo e ódio.
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