Sair da sua cidade do interior e chegar na cidade grande para conquistar seus sonhos para garantir o próprio futuro e daqueles que vivem ao seu redor. É o sonho perfeito para aqueles que vivem uma realidade de extrema pobreza. É com esse intuito, faz o jovem Matheus deixar a casa que mora com a mãe e as duas irmãs, próxima das estradas que ligar o interior com a capital paulista. Ao lado de amigos fazem uma viagem longa para o local que irão trabalhar e garantir o sustento. Para guardar parte do dinheiro e envia-lo para seus familiares. Conhecem o dono de um ferro velho chamado Lucão.
O que
parecer ser um bom emprego, se transforma numa rotina cansativa, tanto
emocional quanto física. Vendo que trabalham até exaustão e não são pagos por
isso, como lhes foi falado. Confrontam Lucão e descobrem do pior modo que foram
“comprados”. O que era para ser um
trabalho honesto, é na verdade escravo. Todo salario que deveriam receber, é
uma dívida com Lucão. Assim que ela for quitada, ganham sua liberdade. Matheus
e seus amigos percebem que foram enganados e buscam modos para voltar para seus
lares. Assim temos a trama do drama brasileiro “7 Prisioneiros”, novo
filme do canal das redes sociais Netflix com produção de Fernando Meirelles do aclamado “Cidade
de Deus (2002)” e Rami Rahrani,
criador de outra produção Netflix “O
Tigre Branco (2021)”.
Aqui trazendo a história escrita por Thayná Mantesso e Alexandre Moratto, com este último assumindo a cadeira de diretor, para conhecermos Matheus interpretado por Christian Malheiros. Onde ele e seus amigos se submetem aos mandos e desmandos de Lucão, feito pelo galã Rodrigo Santoro. Para continuarem vivos e não ter seus familiares sofrendo as consequências de seus atos. No caso, tentarem se rebelar ou fugir da situação em que se encontram. A angustia e a impotência se mistura ao sentimento de raiva e ódio pelo o que estão vivenciando, como foram facilmente enganados.
“Vendidos” como escravos, parece algo surreal em pleno século XXI. Para nossa tristeza, acontece com mais frequência do que se imagina. Chegou a ser notícia em nossa terra brasilis. Seja na TV, nos jornais, nas rádios e redes sociais. Sendo tema para reportagens investigativas por Caco Barcellos e Roberto Cabrini, por exemplo. A migração ilegal de bolivianos, chilenos e angolanos em busca de trabalho e sustento próprio, quando realmente se tornarão escravos. Isso ocorre no nosso cotidiano e nós não enxergamos (ou fingimos não ver) que isso pode estar ocorrendo no lado de nossas casas.
Como bem mostra a película, o ferro velho de Lucão está localizado na região central da cidade de São Paulo. Com um porém, numa parte onde pouquíssimos tem coragem de frequentar. O conhecido submundo, onde na escuridão das sombras, vidas são perdidas ao vento. Assim vemos a desilusão de Matheus e ao mesmo tempo, ganhando a confiança de Lucão. Onde vai se tornando aquele que nunca imaginou ser. Uma pessoa que se aproveita da fraqueza dos outros para enriquecer. Aqui ele tem os dois lados da moeda, ou escolhe ser um “escravo” ou se transformar “naquele que escraviza alguém”.
Christian exibe bem essa dualidade do personagem, ciente de seus atos e mesmo em conflito, faz o que Lucão manda sem questionar. Ele tem oportunidade de virar o jogo, mas prefere deixar as coisas como estão. Mesmo que sacrifique seu elo com os amigos escravizados. Aprende a como fazer o “trabalho” e aos poucos, assumindo outro cargo dentro do ferro velho e juntamente com Lucão. Que o leva quando é promovido, onde vemos que pessoas nos altos escalões do poder público estão envolvidas. Trabalho escravo e tráfico de pessoas, por exemplo. Rodrigo, bem caracterizado como o malandrão paulistano linha dura. A química entre ele e Christian está perfeita.
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