O clima das olimpíadas desperta um sentimento de fraternidade e
competição ao mesmo tempo. Para aqueles que acompanham fica a torcida pelo seu
país e a alegria pelo vencedor da competição em disputa. Seja brasileiro ou
não, no caso. Já para os atletas, a conquista pela medalha (seja ouro, prata ou
bronze), lhes proporciona “desejo cumprido”. Pois além do nacionalismo, a realização pessoal
conta bastante. A sétima arte captou bem isso no drama real “Invencível (2014)” de Angelina Jolie e na comedia “Voando Alto (2016)”.
Seguindo este conceito temos o clássico “Carruagens de Fogo (Chariots of Fire, 1981)”. Dirigido por Hugh Hudson e escrito por Colin Wellard, eles contam a história de dois corredores que disputam os Jogos Olímpicos de 1924 em Paris. Um dos primeiros eventos do pós-guerra, já que a Primeira Guerra Mundial durou de 1914 a 1918. Os primeiros da chamada “Era Moderna”, aqui vemos Eric Liddell (Ian Charleson) um devoto de Deus. Missionário que crê seu talento para corrida venha com uma dadiva Dele. Já Harold Abrahams (Ben Cross) é judeu, que deseja o reconhecimento e a fama como atleta. Ao mesmo tempo, luta contra o preconceito sofrido pela sua origem.
Os dois fazem parte da aristocracia britânico. Se conhecem e possuem uma rixa profissional. Que se mistura com a forte amizade criada entre eles durante as competições que disputam. Causam uma boa impressão nas competições na terra da Rainha e sendo convocados para integrarem a equipe olímpica da categoria para os Jogos. Para aprimorar seu treinamento, Abrahams chama o técnico Sam Mussabini (o hobbit Bilbo Baggins Ian Holm). O que enfurece os acadêmicos de Cambridge, seu local de treino. Devido a descendência italiana árabe de Mussabini. Focando em seus personagens principais, Hugh traça um perfil. Onde Eric faz uso da religião como uma força motriz.
Mesmo assim, ele tem dúvidas recorrentes se Deus lhe concedeu o talento para corridas. Junto a isso, não atender as expectativas e sua fé inabalável. Já que fervorosa Jennie (Cheryl Campbell) não o deixa em paz e se questionando sobre sua religiosidade. Dando a entender que segue seus preceitos por conveniência e/ou medo. Tenta balancear tudo isso pelo prazer que o esporte lhe proporciona. Já Abrahams segue em frente, enfrentando todos os obstáculos. Destacando a sequência num jantar com a futura esposa Sybil (Alice Kridge), onde sente o preconceito e olhares ao redor deles.
E Mussabini e sua relação à alta cúpula de Cambridge, o desconforto com a situação vivida por eles. Holm enche de carisma seu personagem e deixando bem claro na frase: “Sou inglês em primeiro e último lugar!”. Hudson exibe o anti-semitismo vivido por Harold e como ele lidou com isso. Cross está ótimo no papel. A revolta interna é direcionada para as pistas. Tecnicamente “Carruagens de Fogo” é um espetáculo. Reconstituição de época primorosa.
Com os figurinos de Milena Camonero reproduzindo perfeitamente o uniforme dos atletas. Mesclando perfeitamente com os cenários em Cambridge e os primeiros carros daqueles tempos, através do trabalho dos designers Jonathan Amberston, Lee Huntingford, Anna Ridley e Andrew Sandler. Hugh aproveita muito bem a excepcional trilha sonora musical composta por Vangelis, unindo imagem e música como na cena de abertura em câmera lenta, os atletas correndo na praia com o tema principal rolando em perfeita sincronia.
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