A vida a dois, seja um casal heterossexual seja LGTBQI+, não é nada fácil. Apesar de compatíveis, sempre há diferenças. Algumas latentes e outros que são suprimidas para a felicidades de ambos. Pensando nisso, o roteirista e diretor Sam Levinson levou o tema adiante em “Malcolm & Marie (2021)”. Produzido pelo canal das redes sociais Netflix. Ele é o criador da premiada serie teen HBO “Euphoria (desde 2019), onde temos a jovem Rue Bennett, interpretada magnificamente por Zendaya, se descobrindo sexualmente, a transição para a fase adulta e precisando superar o vício das drogas. Assim como a perda do amor de sua vida, a garota transgênero Jules (Hunter Schafer).
Tendo isso como um dos pontos de partida, Levinson traz à tona, a relação de amor destrutiva do casal que dá nome à película. O cineasta Malcolm Elliott é feito por John David Washington (“Infiltrado na Klan, 2018”) e sua namorada e ex-atriz Marie Jones tem a musa de Levinson, Zendaya, no papel. Filmado em meio à pandemia do novo coronavírus, os três juntamente com uma equipe reduzidíssima, criaram o habitante seguro para todos na sua produção. Literalmente uma bolha, assim como fizeram em “Jurassic World: Dominion”. Sam comentou caso alguém surgisse no set com sintomas, era afastado na hora. Assim pode finaliza-lo com toda segurança possível.
Voltando à “Malcolm & Marie”, os dois estão voltando da festa de lançamento do filme de estreia de Malcolm, “Imani”, e a tensão juntamente com o amor incondicional que sentem um pelo outro está à flor da pele. Marie está cansada e com fome, decide preparar um espaguete. Ele ainda bastante excitado com a boa repercussão de seu trabalho. E aguardando as primeiras críticas a respeito. Já ela é sua musa inspiradora, pois o filme tem como base a vida de Marie. Uma ex-viciada que ainda luta para não cair no vicio mais uma vez. Ao mesmo tempo, ama e odeia estar ao lado de seu amado. Os altos e baixos de uma relação tão intensa quanto a deles é acompanhada pelo espectador mais desavisado.
O passo a passo do casal em sua casa. Por exemplo, ela no quarto e ele a vendo de longe à beira da porta. Se relacionando intensamente na sala de estar ou apenas conversando na varanda. Assim Malcolm & Marie resolvem literalmente “lavar a roupa suja” de sua relação. Onde o primeiro desfere toda sua verborragia sobre os tempos que cuidou dela quando estava tratando o vício em drogas. Já Marie demonstra todo seu descontentamento e raiva por ele não ter agradecido a ela no discurso de abertura do evento. Sendo sua musa e fonte de inspiração.
Assim temos o carrossel de emoções de “Malcolm & Marie”. O momento de colocar em pratos limpos, todo amor que sentem. Colocando um ponto final nas magoas que possuem e nunca foram ditas até esta fatídica noite. E criando novas como num ponto da discussão, Malcolm diz a Marie, dentro da banheira tomando um banho, destila o nome e os momentos que passou com as mulheres que teve antes dela. Em especial Kiki, com quem transou em todos os cômodos de um quarto de hotel. Destacando a banheira em formato de coração. E que a personagem principal do filme não foi totalmente baseada nela, na verdade fazendo parte de um todo. Onde o ato final de Imani, é realmente inspirado em Marie.
Isso fica marcado em Marie, que retruca ser totalmente apaixonada por Malcolm. Se sentia orgulhosa de chama-lo “Homem da sua Vida” e que o sexo era perfeito. O segundo quesito perde o encanto de outrora por causa de Kiki. A imagem ficou presa em sua memória e por isso já não o enxergava como antes. Sexualmente falando. Junto a isso, toda ansiedade de Malcolm em saber a reação da crítica sobre o filme em especial, a jornalista do LA Times. Com quem fez uma extensa entrevista sobre seu trabalho.
A atuação de John David & Zendaya é a força motriz da película. Com o argumento de Sam a tiracolo, os dois retratam como pessoas tão iguais, ao mesmo tempo são tão diferentes. E elas podem ser determinantes para a continuidade da relação. Ao mesmo tempo dá um puxão de orelha na crítica especializada em Hollywood. Onde Malcolm diz sem meias palavras, que não precisa dela. Quando na verdade é o contrário. Apesar da boa matéria sobre o filme da LA Times, ele a enxerga como uma crítica velada ao descendente afro-americano. Mesmo ao final dizem que seu filme é uma obra-prima.
Junto a isso, mostra toda sua insatisfação com a situação dos cineastas negros. Que não são reconhecidos pelo seu talento e ao mesmo tempo, não se posicionam diante dela. Assim vemos a versatilidade de Washington, revelado em “Infiltrado na Klan (2018)”. Poucos sabem, seu pai é Denzel Washington. Aqui justificando o ditado: “Filho de peixe, peixinho é”. Zendaya se mostra uma das melhores atrizes de sua geração. Sendo muito mais que a namorada de Peter Parker na saga do cabeça de teia no Universo Cinematográfico Marvel. Sua atuação é visceral. Olhares, gestos e tom de voz que varia entre o sexy beirando ao rugido de leoa quando está com raiva. Este sentimento impera em quase todo filme (duração: Um hora e 46 minutos).
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