Após se estabelecer nos anos 80 com sua sonoridade que mescla letras com consciência politica e amor pela família, os irlandeses do U2 ganhavam o mundo. Depois de uma extensa e exaustiva turnê pelos Estados Unidos e Europa devidamente registrada no documentário “Rattle and Hum (1988)”. Seguida da turnê pela Austrália ao lado do bluesman B.B. King, “Lovetown”, em 1989. Depois de uma parada para descanso, saem de Dublin em direção à Berlim, para repensarem a carreira e a continuidade da banda. Mais exatamente no Hansa Studios. Onde o camaleão do rock David Bowie gravou “Low (1977)” e iniciou a mítica Trilogia de Berlim com “Heroes (1977)” e “Lodger (1979)”.
Ao lado dos produtores Daniel Lanois e Brian Eno, o segundo estava com Bowie na empreitada berlinense. Eles trabalhavam junto ao U2 desde “The Unforgettable Fire (1984)”. Buscando deixar de lado o tom messiânico que se tornou sua marca registrada, Bono (vocais & guitarra), The Edge (guitarra & teclados), Larry Mullen Jr. (bateria) e Adam Clayton (contrabaixo) adotam o estilo de vida rockstar de seus ídolos Elvis Presley, Jim Morrison e David Bowie. Junto a isso uma nova identidade sonora. Nas palavras de Adam, não foi só isso, o tempo no Hansa Studio os definiu espiritualmente como grupo e valendo até hoje.
Assim temos “From The Sky Down (2011)”. Dirigido por David Guggenheim, realizou documentários como o premiadíssimo “Uma Verdade Inconveniente (2007)” e o elogiadíssimo “A Todo Volume (2008)”. Leva os agora senhores de volta ao estúdio para relembrarem como foram às gravações do álbum que definiu o som e o espirito do U2 de forma definitiva, “Achtung Baby”. Lançado originalmente em 18 de novembro de 1991. O documentário celebra seus 20 anos, bem como uma edição especialíssima com o disco remasterizado recheada de material inédito e os conhecidos B sides dos singles “One” e “MysterIous Ways” como “Lady with the Spinning Head” e “Salome” por exemplo.
Guggenheim traz imagens da época nos bastidores
do estúdio, com declarações do grupo nos dias de hoje. Eles relembram com muito
bom humor, a tensão vivida. A criatividade em baixa e todos com algum problema
em casa, no caso o divorcio doloroso de Edge.
Essa dor é representada na poderosa “Love is Blindness”. Eles buscavam
sair da chamada “zona de conforto”
estabelecida com “The Unforgettable Fire”
e em especial “The Joshua Tree (1986)”.
Isso é significativo, já chegaram à cidade no “Dia da Reunificação Alemã (03 de
setembro de 1990)”. Onde cada um dá seu ponto de vista sobre Berlim e o tempo
dentro do estúdio.
Um dos momentos mais marcantes do documentário é quando se reúnem para gravar “One”. Isso foi determinante para eles, já que as gravações não iam nem para frente nem para trás. O que parecia ser o fim eminente do U2, uma luz surge ao fim do túnel. Iniciada com uma jam, sua letra reflete o momento em que estão vivendo. Dai é um pulo para a inspiração desejada e o sentimento de união de outrora perdido, retornar com força total. Para finalizar “Achtung Baby” em sua cidade natal Dublin. Como bem diz Adam, “Berlim foi o batismo de fogo”.
Comentários
Postar um comentário