Terrence Malick se notabilizou na sétima arte pela sua pegada filosófica sobre a natureza humana e como surgimos em meio a vastidão do universo. Com trabalhos autorais como na sua estreia atrás das câmeras, o drama policial “Terra de Ninguém (1973)" e o romance reflexivo “Cinzas do Paraíso (1978)”.
Ambos discutem como as pessoas, podemos ser ambíguas em relação aos nossos sentimentos para com o nosso próximo. Bem como convivemos com os quatro elementos que fazem parte de nosso planeta azul (água, fogo, ar e terra). Junto a isso, a nossa espiritualidade (religião).
Passados vinte anos, Malick retorna ao mundo cinematográfico com o filme de guerra “Além da Linha Vermelha (1998)”. Uma reflexão sobre os campos de batalha na Segunda Guerra Mundial. Em 2005, lançou “Um Novo Mundo” contando a história da índia nativa americana Pocahontas. Desde então tem se mantido na ativa com a ode sobre a vida e a morte, “A Árvore da Vida (2008)”; as dúvidas sobre o amor verdadeiro em “Amor Pleno (2013)”; uma auto analise em “Cavaleiro de Copas (2015)” e uma viagem pelo mundo dos festivais de música como Glastonbury em “De Canção em Canção (2017)”. Agora nos traz o conto baseado em fatos reais, “Uma Vida Oculta (A Hidden Life, 2019)”.
Aqui temos o fazendeiro austríaco Franz Jägerstätter, interpretado por August Diehl (o oficial nazista inconveniente de “Bastardos Inglórios, 2008”). Vivendo tranquilamente com a esposa Fani (Valerie Pachner) e as três filhas no interior de seu país. Mais precisamente no vilarejo de Sankt Radengund.
Sua paz de espirito é quebrada com o início da Segunda Guerra Mundial e a Áustria sendo invadida pelo exército alemão sob alcunha nazista de Hitler. Chegando lá, seus habitantes devem jurar total fidelidade ao líder alemão e ao Terceiro Reich. Jägerstätter se recusa a faze-lo. Mesmo com o esforço de pessoas próximas, ele está irredutível em sua decisão. Por isso é preso e podendo ser sentenciado à morte.
Contando com o amor e o apoio de Fani, Franz consegue forças para seguir em frente com seus ideais. Sendo levado para Berlim e aguardando seu julgamento em uma prisão local. Sendo assim, os dois trocam cartas. As palavras de Fani o encorajam, não se deixando enfraquecer com as torturas físicas e psicológicas impingidas no seu encarceramento. Daí a trama para “Uma Vida Oculta”, onde Terrence nos faz refletir sobre a condição humana. Como uma pessoa carismática como Hitler consegue convencer um povoado a segui-lo incondicionalmente.
Enxergam na persona de Franz como um traidor da ideologia do Führer. Onde temos em pé de Igualdade, sua irredutível perseverança no que acredita. Contrário ao nazismo e ao que prega seu líder. A violência contra aqueles que não fazem parte da raça ariana e o causador do Holocausto judeu. Já que Franz prega a igualdade entre as pessoas. Seja pela cor, ideais e principalmente religiosa.
Pois não acredita que Deus nos colocou no mundo para criar a discórdia e sim, para apaziguar os ânimos e sermos superiores a qualquer tipo de raiva e orgulho em nossos corações. Como é de praxe, o apuro técnico se destaca. As planícies e as vastas plantações do vilarejo justificam a linda passagem pelo olhar apurado de Malick junto ao trabalho do diretor de fotografia Jörg Widmer.
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