Oliver Stone é um dos cineastas mais politizados do meio, seus trabalhos tem um foco pessoal que se equivale ao cotidiano do cidadão norte-americano. Veterano da Guerra do Vietnã, onde ganhou a “Estrela de Bronze de Honra ao Mérito”. Iniciou na sétima arte como roteirista em filmes como “Expresso da Meia-Noite (1978)”, “Conan: O Bárbaro (1982)” e “Scarface (1983)”. Estreou na cadeira de diretor com o terror “Seizure” em 1974. Mais tarde em 1986 resolveu contar sua história como soldado no Vietnã em “Platoon”. Baseado em suas memorias nas selvas do país, Stone trouxe uma visão bem realista do que viveu e os tramas que o marcaram desde então. Inicialmente chamado de “Break”, onde ele dividia a experiência no Vietnã com os pais. O projeto não decolou, mas acabou sendo aproveitado para “Platoon”.
Aqui Stone se torna o jovem idealista Chris Taylor, interpretado por Charlie Sheen (do seriado televisivo "Two and a Half Men, 2003 a 2015"). Ele, assim como Oliver, se voluntariou para lutar no Vietnã. Com o pensamento de voltar como herói e libertar o povo vietnamita da tirania local. Ele faz parte da companhia Bravo e tem como líder, o tenente Wolfe (Mark Moses). Este sem nenhuma experiência de campo, deixa o comando dividido entre seus sargentos, os experientes “Bob” Barnes (Tom Berenger da franquia "O Atirador") e Elias Grodin (Willem Dafoe, o Duende Verde da trilogia "Homem-Aranha" de Sam Raimi) respectivamente. Chris é colocado sob a tutela de Barnes, este é conhecido por ser muito exigente com seus soldados. Chegando a ser bastante incisivo e agressivo.
Já Elias é o boa praça, mantem a confiança de seus homens na base de uma boa conversa. Sem deixar que se aproveitem disso. Quando é necessário chama sua atenção. Assim temos a perspectiva de Chris nas densas selvas do Vietnã, onde luta contra dois inimigos. No caso, o exército vietcongue e a floresta com sua escuridão, os insetos, a umidade, a relva e o pouco tempo de descanso. Quanto mais se embrenha na selva, descobre que seu pelotão está se dividindo. A rixa entre Barnes e Elias piora, sendo a causa disso. Daí a trama para “Platoon”.
Sendo os olhos do público, Chris testemunha os horrores da guerra. Onde perdendo o idealismo de outrora e amadurecendo do jeito mais difícil. A perda dos amigos feitos na companhia e enxergando o pior das pessoas próximas a ele. Isso é simbolizado na persona de Barnes, brilhantemente interpretado por Tom. De início, por sua postura é dito como um herói. Mas quando entrava em ação, exibe sua verdadeira identidade. Sádico, autoritário e extremamente violento. Contrastando com a de Elias, uma pessoa bondosa e gentil. Mas com postura firme quando é preciso. Willem está perfeito no papel.
“Platoon” traz um retrato honesto da loucura vivida por aqueles que estavam no campo de batalha. A dúvida se era realmente necessária sua presença no país e as justificativas infundadas para atacarem os vilarejos vietnamitas. Destruí-los, estuprar as mulheres e consequentemente matar as pessoas. Nem que seja por um motivo fútil, como é visto na película. Sendo a causa da total desavença entre Barnes e Elias, por exemplo.
Fazendo de “Platoon” um dos melhores filmes do gênero e influenciando outros como o cult “Hamburger Hill (1987)”, “Nascido para Matar (1987)” do mestre Stanley Kubrick e “Pecados de Guerra (1989)” de Brian De Palma. E introduzindo os talentos brutos de Forest Whitaker (o Saw Gerrera de “Rogue One: Uma História Star Wars, 2016”) e Johnny Depp, o eterno Capitão Jack Sparrow.
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