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"DOIS PAPAS (NETFLIX)" com Anthony Hopkins & Jonathan Pryce


A figura santificada do líder da igreja católica, o Papa, ganhou um novo status com João Paulo II. Sua pessoa despertava o melhor dos sentimentos entre as pessoas. A simpatia e um ideal que as aproximava da religião. Seu falecimento em 2005 causou uma comoção mundial. A tristeza e a ansiedade se misturavam em saber quem seria seu substituto. Os catedráticos reunidos na Capela Sistina optaram pelo alemão Joseph Aloisius Ratzinger. Que optou pelo nome Bento XVI. Permanecendo como Papa Emérito e Romano Pontífice Emérito da Igreja Católica até 2013. Se retirou do cargo por motivos de saúde. Somado a isso por não renovar os ideais católicos no século XXI e nem se manifestar sobre as acusações de pedófilo de seus pares na Igreja.

Sua substituição pelo cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, que assumiu o manto sagrado como Papa Francisco. Uma pessoa progressista que deseja novos caminhos para os fiéis do catolicismo. Apaixonado por futebol, onde é torcedor fanático do San Lorenzo (ARG), e pela música dos quatro rapazes de Liverpool. O encontro dos dois é inevitável quando houve a transferência do cargo. Nele, mais tarde, os dois discutem seus ideais e é onde as divergências afloram. 


Com isso em mente Anthony McCarten, escreve a peça teatral “The Pope” em 2017, sobre este encontro. Que originou o filme do canal das redes sociais Netflix, “Os Dois Papas (The Two Popes, 2019)”. Dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles do cultuado “Cidade de Deus (2002)” e do drama político “O Jardineiro Fiel (2005)”. McCarten adaptou o próprio conto, conhecido por trabalhos como “A Teoria de Tudo (2014)”, “O Destino de uma Nação (2017)” e “Bohemian Rhapsody: A História de Freddie Mercury (2018)”. Para encarna-los temos o eterno Hannibal Lecter, sir Anthony Hopkins, como Bento XVI e Jonathan Pryce (o Alto Pardal de “Game of Thrones”) faz Francisco. 

Mesclando ficção e fatos verídicos, o embate entre os dois é de encher os olhos do espectador. O timing cômico de McCarten e o estilo de filmar “como se fosse um documentário” de Meirelles se completam em cena. O pensamento mais tradicional de Bento XVI entra em conflito com as ideias mais modernas de Francisco. Onde um defende a Igreja enraizada nos preceitos em que foi formatada, já o segundo pensa que é o momento que seus congregados têm que abrir suas portas para os novos tempos. Como abençoar o casamento entre de pessoas do mesmo sexo e deixar certos dogmas religiosos para trás.


De início, a conversa entre eles é tensa. Já que cada um defende seu ponto de vista com avidez. Com o passar do tempo, eles vão se entendendo. Bento compreende que as aspirações de Francisco buscam para um bem maior. Uma cumplicidade entre a religião e a humanidade. Onde as pessoas busquem além da ajuda espiritual, colocando adentro de si como parte de suas vidas. E não como algo feito por obrigação. Francisco enxerga a visão de Bento como um aprendizado para aqueles que não possuem o conhecimento sobre a religiosidade como eles. É preciso saber e entender sua história para assim interpreta-la e ajusta-la em nossas vidas. 

O lado politizado de Meirelles se faz presente, quando Francisco é indagado sobre a participação dele na ditadura argentina em 1976. Quando colaborou com os militares, queimando livros da esquerda e tirando dois padres de seus trabalhos humanitários. Onde foram aprisionados e torturados. É algo que atormenta o atual Papa até hoje. A culpa o corroí por dentro. Hopkins e Pryce se entregaram de corpo e alma literalmente em seus papeis. Destaque para o primeiro, que saiu do piloto automático em seus últimos trabalhos, para nos lembrar do grande ator que é. Impressionando como pegou emprestado os trejeitos, as manias e o modo de falar de seu personagem. Por exemplo, na hilária sequencia de jantar com pizza e fanta laranja, uma das manias de Bento XVI.

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