Quando anunciou que após seu décimo filme irá se aposentar, Quentin Tarantino deixou o mundo do cinema juntamente com seus fãs e admiradores de queixo caído. Sem dar maiores explicações sobre o assunto, ele aproveita o momento para divulgar seu mais novo filme “Era Uma Vez em ... Hollywood (Once Upon Time in ... Hollywood, 2019)”. Ao contrario do que havia sido divulgado, a película não é baseada no assassinato da atriz Sharon Tate cometido pela gangue de Charles Manson em 1969. É na verdade, um conto fictício e usou parte dele para desenvolver sua trama.
Aqui
vemos o ator de series de TV Rick Dalton (Leonardo
DiCaprio) aproveitando seu retorno ao sets de filmagens após os
cancelamentos de “Bounty Law” e “The F.B.I.”. Onde era o mocinho para ser
agora o vilão da vez em um novo seriado chamado “Lancer”. Mais um western em sua carreira. Ao seu lado, o duble e
melhor amigo Cliff Booth (Brad Pitt).
Ele está em busca de serviço, já que não pode trabalhar com Rick como seu duble.
Porque o coordenador da área Randy (Kurt
Russell) e a esposa dele Janet (Zoë
Bell) não gostam dele.
Porque Cliff responde a um processo em que é acusado de ter matado a mulher Billie (Rebecca Gayheart). Isso nunca foi comprovado. Com seus dias livres, Cliff passeia por Hollywood e faz trabalhos caseiros para Rick como consertar a antena de TV da casa dele. Depois de deixa-lo no set, ele dá carona para uma andarilha chamada Pussycat (Margaret Qualley). Que o leva para a comunidade em que vive. Chegando lá, percebe que é a cidade cinematográfica usada no seriado em trabalhava com Rick.
Ele conhece
seu dono George Spahn (o veterano Bruce
Dern) e deseja revê-lo. Percebe que terá problemas com isso, já que todos
da comunidade criam empecilhos para evitar que isso ocorra. Do outro lado da
cidade temos a emergente atriz Sharon Tate, vivida por Margot Robbie (a Arlequina de “Esquadrão
Suicida, 2016”). Ela vive o deslumbre e a riqueza por estar no meio das
celebridades do mundo artístico da época. Está casada com o cineasta Roman
Polanski (Rafal Zawierucha), que
está fora da cidade e preparando seu novo filme. Sharon está acompanhada de
seu estilista pessoal e amante Jay Sebring (Emile
Hirsch de “Na Natureza Selvagem,
2007”). Assim temos o mote para “Era Uma Vez em ... Hollywood”.
Quentin faz aqui uma ode ao cinema. Com uma
reconstituição dos anos 60 e inicio dos 70 primorosa, um filme que balanceia
drama, humor e o estilo Tarantino que bem conhecemos. Tendo como referencia a amizade
do astro Burt Reynolds e seu duble Hal Needham. Onde a ótima dinâmica da dupla
vivida por DiCaprio e Pitt nos dá uma boa noção como era a
amizade deles e esse tipo de cumplicidade, não existe mais nos dias de hoje. Nos
pincelando um retrato respeitoso sobre a persona de Sharon e mostrando porque Margot é uma das melhores atrizes da
sua geração. Sem deixar de mencionar que sua presença em cena é de “encher os olhos” literalmente.
E não esquecendo de criticar a ganancia reinante em Hollywood na figura do produtor Marvin Schwarz, interpretado pelo poderoso chefão Al Pacino. Se aproveitando da fragilidade emocional de Rick para lucrar em cima dele. Onde após atuar em “Lancer”, Schwarz consegue um contrato para Rick atuar na Itália, em filmes de western spaghetti do segundo maior diretor do gênero Sergio Corbucci, como o cowboy Nebraska Jim.
Junto
a isso, exibir uma nostalgia daqueles tempos. Já que a Era de Ouro de Hollywood
com seus musicais estava sendo deixada de lado para ser substituída por películas
que buscavam a essência da humanidade e reflexões sobre a vida. Somada ao
surgimento de novos gêneros como o “Blaxploitation”
e filmes de terror chamados “B Movies”.
Quentin exibe uma maturidade atrás das
câmeras, onde homenageia a sétima arte no período que mais marcou sua vida e se
tornou sua principal influencia como cineasta.
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