Os
anos 80 não foram marcados somente pela sua cultura pop, hoje reconhecida sua importância
e relevância. Um dos seus momentos mais marcantes e chocantes foi quando a
usina nuclear de Chernobyl, na então União Soviética, entrou em colapso em 1986.
Causando o maior acidente nuclear da história e afetando milhares de pessoas no
seu entorno em 26 de abril daquele ano.
Sua história
foi contada no livro “As Vozes de
Tchernóbil: A História Oral do Desastre Nuclear (1996)” da escritora e
jornalista Svetlana Aleksiévitch,
que relata com riqueza de detalhes sobre o ocorrido e como isso afetou não só
sua vida, mas toda população da cidade Pripyat. A mais próxima da usina, ela
teve que ser evocada. Porem foi afetada pelo vazamento da nuvem toxica e
fragmentos soltos no ar, levados pelo vento. O que atingiu boa parte do leste
europeu.
Com isso
em mente a HBO juntamente com o roteirista Craig
Mazin, conhecido por trabalhos nas franquias “Se Beber Não Case” e “Todo
Mundo em Pânico”, criaram a serie que adapta o romance de Svetlana e
trazendo à tona o que houve realmente na usina. E a total incapacidade do
governo russo em conseguir conter a radiação liberada. Junto a isso, a Guerra
Fria entre a URSS e os EUA, por isso não reconhecem o acidente. Dizendo que
isso não acontece por lá.
Contando
com cinco episódios, o seriado ganha o nome de “Chernobyl (2019)”. Aqui vemos
como isso aconteceu e com as autoridades correndo contra o tempo para impedir um
desastre ainda maior. Encabeçando a investigação temos o cientista nuclear
Valery Legasov (Jared Harris, o Rei
George VI da serie Netflix “The Crown”
desde 2016”) e ao lado dele, o militar reformado e conselheiro político Boris Shcherbina
(Stellan Skarsgard, o dr. Erk Selvig
do Universo Cinematográfico Marvel).
A união
dos dois de início é pouco amistosa. Apenas conveniente para eles, já que um
precisa do outro. A cada passo dado por Legasov, este descobre que o acidente
podia ter sido evitado. Próximo deles, a cientista Ulana Khomyuk, que
acompanhou o acidente desde o começo e suas graves consequências no pais e nas
suas proximidades. Esta é interpretada por Emily
Watson (“A Menina que Roubava Livros,
2013”).
Velha conhecida
de Legasov, é chamada por ele para investigar mais a fundo pegando o testemunho
das pessoas que estavam na sala de controle da usina. Mas por causa da
exposição à radiação, todos estão foram transferidos para hospital fora do raio
de ação de Chernobyl. Já que toda região foi infectada. Aproveitando isso, Mazin nos traz os outros arcos da
história. Com o ponto de vista das vítimas. Por exemplo, o corpo de bombeiros
de Pripyat atendendo o chamado do acidente e sendo fortemente atingido pela
radiação. Daí temos o drama vivido pelo casal Lyudmilla & Vasily Ignatenko,
vividos por Jessica Buckley e Adam Nagaitis respectivamente.
Como um
dos que teve contato direto com o reator da usina, o corpo de Vasily literalmente
derreteu na cama do hospital. Lyudmilla acompanhou isso de perto, e ainda está
grávida. Contradizendo tudo e a todos, não sai do lado do esposo. Ao mesmo
tempo, os esforços de Legasov e Shcherbina, para evitar o pior. Com o vazamento
indo em outras direções, eles contratam uma equipe de mineradores para redireciona-lo
para outro ponto que não agrave ainda mais a situação.
Os tons
pasteis e cinza adicionam um clima mais soturno ao seriado e dando uma noção da
realidade vivida por aqueles que estavam lá. Impressionando com imagens fortes
de quem sofreu com a radiação. Cidadãos comuns, bombeiros, enfermeiras, soldados
e cientistas, por exemplo.
Assim temos o mote de “Chernobyl”. Onde conhecemos a verdade dos fatos e seus criadores acertam ao trazer a crescente tensão sobre o pós da explosão do reator. A incapacidade do então governo russo em controlar a situação. E sua soberba sobre que isso não ocorrer na URSS e como o assunto não pode “vazar” mundo afora. O que eventualmente acontece. Juntamente com o pânico vivido pela população de Pripyat e nas regiões próximas.
As interpretações
de Harris e Skarsgard se sobressaem como os narradores dos acontecimentos em
Chernobyl. Watson faz um ótimo trabalho
como a investigadora do caso. Seu personagem é baseado nos colegas de Legasov
que o auxiliaram em todas as etapas para evitar que a radiação liberada pela
usina causasse ainda mais problemas por toda a Europa. O clip visto abaixo é da
banda inglesa Suede. Gravado recentemente na hoje cidade fantasma Pripyat, a
canção se chama “Life is Golden”.
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