Ao
contrario do que parece o cineasta mexicano Alfonso Cuarón não fez uma ode à belíssima capital italiana e sim
do bairro na cidade do México onde passou sua infância, Colonia Roma. Vindo do
sucesso arrebatador da elogiadíssima scifi “Gravidade
(2013)”, pela qual ganhou o Oscar de Melhor Diretor daquele ano. Além de ter
chamado atenção da critica e do grande público com o drama “E Sua Mãe Também (2001)” e “Harry Potter & O Prisioneiro de Azkaban (2004)”
que para muitos fãs de Harry Potter, é o melhor filme da saga.
Assim
preparando o terreno para seu trabalho mais pessoal, “Roma (2018)”. Lançado no
canal das redes sociais Netflix e ganhando o Leão de Ouro no ultimo Festival de
Cinema de Veneza. A história de se baseia nas memorias de Cuarón. Que além de dirigir e escrever, assumiu a fotografia da película.
Ao invés de chamar seu parceiro Emmanuel Lubezki e a editou ao lado de Adam Gough. Aqui temos o conto de duas
mulheres, Sofia (Marina de Tavira) e
Cleo (Yalitza Aparicio). A primeira
é casada com Antônio (Fernando Grediaga)
e formando o casal burguês com quatro filhos, entre eles Alfonso. E a segunda é a empregada deles de origem indígena de uma
família branca de classe média.
Estamos
no começo dos anos 70 e o México está passando por um momento conturbado
interno e social, com forte influencia de fora. Com isso dito, a rotina deles
permanece tranquila. Cleo cuida da casa e das crianças. Sua personalidade tímida
chama atenção de um rapaz e eles iniciam uma relação. Até que ela engravida e é
abandonada. Ao mesmo tempo, a família implode. Antônio troca Sofia por uma
mulher mais jovem. O mundo que as duas conheciam gira 360 graus. Juntas,
precisam recolher os cacos e seguir com suas vidas.
Dai a
trama de “Roma”. Com uma visão poética daqueles tempos, Cuarón aproveita o tom branco e preto
para deixar seu recado sobre suas lembranças. Filmado no formato 65mm, fantasia
e realidade se fundem. Um dos eventos mais tristes da história do México é
citado, o massacre de Corpus Christi. Que causou a morte de mais de 120 pessoas
e com a perspicácia de Alfonso, temos um dos mais belos momentos do filme.
O destaque
fica para a atuação de Yalitza. Em seu
primeiro trabalho como atriz profissional. Antes estava estudando para ser
professora de escola pré-primária. Mas foi convencida do contrario. Sua sinceridade
em cena impressiona e caindo como uma luva para o papel. E Cuarón aproveita para homenagear a doméstica que o criou, Libo. Ao mesmo
tempo, trazer uma ode à família e o papel determinante da mulher dentro dela. Junto
a uma realidade dos fatos que assusta o espectador mais desavisado.
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