O conceito Opera Rock ganhou proporções gigantescas nos últimos tempos.
quando o ex-líder do Pink Floyd Roger Waters resolveu levar o conceito do mítico
álbum “The Wall (1979)” para os
palcos literalmente em 2012. Comentamos a respeito no link:http://cyroay72.blogspot.com.br/2012/04/roger-waters-literalmente-demolindo.html. Pete
Townshend já havia feito o mesmo, numa escala menor, com os antológicos “Tommy (1969)” e “Quadrophenia (1973)” ao lado de seus companheiros do The Who, Roger
Daltrey e o finado John Entwistle. Mais recentemente os ídolos do new punk rock
Green Day lançaram “American Idiot
(2004)”. Uma ode critica e politica ao então Presidente dos EUA George W. Bush.
Pegando
isso emprestado, os Titãs Sergio Britto,
Branco Mello e Tony Belloto resolveram compor sua própria Opera Rock. Desde a saída amigável
de Paulo Miklos em 2016, eles já estavam idealizando esta empreitada. E
chamaram para ajuda-los o diretor teatral dos Parlapatões Hugo Possolo e o
cineasta Otavio Juliano. Junto a eles, o escritor paulistano Marcelo Rubens
Paiva para roteirizar o musical.
Beto Lee (guitarra), substituto de Miklos e o
batera Mario Fabre os acompanham
nesta jornada. Assim nasce “Doze Flores Amarelas”. O conto sobre
três jovens chamadas Maria. No caso, Maria A (lice), Maria B (eatriz) e Maria C
(ecília). Elas são interpretadas pelas atrizes cantoras Yas Werneck, Cyntia Mendes
e Corina Sabbas respectivamente. A historia
delas é narrada pela Rainha do Rock Brasileiro Rita Lee. As três vivem
conectadas em seus celulares e convivem diariamente. Utilizam um aplicativo
chamado “O Facilitador”. Para encontrarem a melhor balada da cidade e deixam
suas vidas serem dominadas por ele.
Ate que
numa dessas baladas, suas vidas tomam uma virada de 360 graus. São abusadas por
um grupo de homens, que as intoxicam com drogas e álcool. Sendo assim dominadas
e violentadas sexualmente. Ficam transtornados com o fato e em determinado
momento, decidem retomar o controle de suas vidas com muita atitude e uma
decisão que será determinante para elas.
Assim
temos o tema das 25 canções que compõem o musical dividido em três atos. Que teve
sua estreia oficial na noite da ultima quinta-feira (12 de abril de 2018) no Sesc Pinheiros na cidade de São Paulo. Eles
se apresentam por lá até domingo. “A
Festa”, “Me Estuprem” e “Doze Flores Amarelas” tiveram seu debut
na edição 2017 do festival Rock in Rio em nossa terra brasilis.
“Me Estuprem” se destaca pela sua letra forte e contundente sobre a cultura do estupro. Onde a mulher se sente culpada pelo ato. Pura hipocrisia daqueles que o cometem. Ela na verdade é uma reflexão sobre a dor das mulheres que sofreram e/ou sofrem por causa disso. Em “O Bom Pastor”, uma critica a aqueles “ditos” padres que usam a palavra de Deus para enriquecimento próprio. Podemos chama-la de “Igreja – Parte 2”, com Branco Mello assumindo o manto branco e personificando um pastor malandro.
Já em
“Canção da Vingança”, Tony Belloto deixa a guitarra de lado e
solta a voz ao lado de Cyntia Mendes.
Um blues rock potente. Destacando a cumplicidade entre ele e Beto nas seis cordas de suas guitarras.
Onde o segundo tem espaço para solar em alguns momentos. A interação de Sergio e Branco também chama atenção. Quando assumem o contrabaixo, na hora que ficam a frente do
palco e do microfone.
“Doze
Flores Amarelas” discute sobre a violência contra a mulher e ao vicio
das pessoas por novas tecnologias, bem como as redes sociais. Sergio, Branco e Tony exibem um
novo vigor. A evolução musical deles é mais que evidente. Indo além do som característico
da banda. Pitadas de rock progressivo, música clássica, erudita e blues, deixam
bem claro que os Titãs tem muita
lenha para queimar.
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