Atualmente nas melhores
salas de cinema de sua cidade temos a versão brasileira do conto bíblico “Os Dez Mandamentos” produzido pela Rede
Record para seu canal de TV. No caso, foi transmitido como minissérie para a
mesma. Ganhou tanta repercussão por todo o país, que a emissora do pastor Edir
Macedo resolveu leva-la para a tela grande do cinema.
Só que não comentaremos
sobre ela e sim o clássico filme dirigido pelo Midas dos filmes épicos dos
tempos áureos de Hollywood Cecil B. DeMille.
Junto à lenda do cinema Charlton Heston.
Vamos voltar um pouco no tempo. B. DeMille
foi um dos maiores cineastas da sua geração entre as décadas de 10 a 50. Sendo
que fez a primeira versão de “Os Dez
Mandamentos” em 1923.
A história de Moises já
é bem conhecida pelo grande público. Desde que a mãe lhe deixou em um cesto no
rio Nilo, para escapar de uma sentença do faraó Ramsés I que ordenou a morte
dos recém-nascidos para evitar o surgimento daquele que irá libertar o povo hebreu
dos egípcios. Sendo resgatado e criado por Bithiah, irmã de Sethi. E se
tornando um dos herdeiros ao trono.
É o meio irmão do filho
do faraó Sethi, Ramsés. Adulto, Moises vira braço direito de Sethi e tem
uma relação conflituosa com o irmão. Este descobre por meio de artimanhas, a
origem judia de Moisés. É banido do Egito. Vagando pelo deserto, encontra-se
com aquela que se tornará sua esposa, Séphora. Juntos, constituem uma família. Vivendo
feliz, Moisés tem uma visão e tem como missão dada por Deus libertar o povo
hebreu da opressão dos egípcios. Para leva-los à terra prometida, próximo ao
Monte Sinai.
Essa é
a trama básica de “Os Dez Mandamentos”. Cineasta cuidadoso que era B. DeMille ao revisar o roteiro da
versão de 1923, decidiu que devia pesquisar mais a fundo sobre a história do
herói dos hebreus. Junto a sua equipe foi a museus e bibliotecas nos Estados
Unidos, Europa, África e Austrália. Contabilizando foram mais de 1.900 livros e
3.000 fotos estudados. Isso incluiu uma visita de DeMille ao Vaticano, para ver a estátua de Moisés feita por
Michelangelo. Ele reparou numa pequena semelhança com o ator escolhido para o
papel (Charlton Heston).
Heston não era sua primeira opção.
Inicialmente seria William Boyd, um ator conhecido no meio por fazer o cowboy
Hopalong Cassidy em filmes B de faroeste nos anos 30 a 50. Mas mudou de ideia,
ao perceber que seria melhor utilizar um ator mais jovem. E ele se lembrou de
uma nova promessa com quem trabalhou em “O Maior Espetáculo da Terra (1951)”. No
Caso, Charlton. No auge dos seus 30 anos, bem casado e com um filho recém-nascido,
Fraser Clark Heston. Que seria colocado no filme como Moisés, quando bebê.
Para ser seu
antagonista na história, o príncipe Ramsés. Temos o grande Yul Brinner dos clássicos “O Rei & Eu (1956)” e “Sete Homens
& Um Destino (1960)”. Para ser Nefretiri temos Anne Baxter de “A Malvada (1950)”. A esposa de Moisés Sephora é
feita por Yvonne DeCarlo. (a Lily do seriado
televisivo “Os Monstros, 1964 a 1966”). Nina
Foch (“Spartacus, 1960”) é Bithiah. E Cedric
Hardwicke (“A Guerra dos Mundos, 1953”) como Sethi.
E contando com as
participações especiais de grandes atores daqueles tempos como Edward G. Robinson (“Paixões em Fúria,
1948”) é Dathan; o Mestre do Macabro Vincent
Price é Baka, engenheiro egípcio; John
Derek (“O Cavaleiro de Sherwood, 1950”) é Josué e John Carradine (“Vinhas da Ira, 1940”) como o irmão de Moisés,
Aarão.
O
filme de Cecil é marcado pela
exuberância nos cenários, o figurino criado por Edith Head e por suas filmagens em locações nos desertos do Egito
com a participação de mais de 25 mil extras. E utilizando também estúdios em
Paris, Hollywood e no México. Ele fez o filme mais longo da sua carreira com
220 minutos com um roteiro de mais de 300 páginas escrito a seis mãos. Onde o
conto de Moisés ganha força dramática nos embates entre ele e Ramsés. Tanto Heston e Brinner estão esplêndidos em seus papéis.
Os
efeitos especiais, uma revolução para a época, foram feitas por John P. Fulton. Que ajudou Cecil a visualizar a divisão do Mar
Vermelho em sua cena clímax de “Os Dez Mandamentos”. O trabalho do
diretor de fotografia Lloyal Griggs
(de “Os Brutos Também Amam, 1953)”
que movimentou quatro câmeras Panavision para a sequência do êxodo. E a magnifica
trilha musical composta por Elmer
Bernstein (“Sete Homens & Um
Destino” e “Fugindo do Inferno,
1963”).
Este foi o ultimo
trabalho de Cecil B. DeMille que
faleceu em 21 de janeiro de 1959 aos 77 anos. Que nos deixou um legado cinematográfico
que se confude com a história do cinema em si.
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