O cineasta britânico Tom Hooper tem se destacando no meio por fazer filmes que retratam um período da história, que poucos sabem mostrar com a precisão, sensibilidade e o olhar crítico que possui. No caso, trabalhos como o premiadíssimo “O Discurso do Rei (2010)” pelo qual recebeu a estatueta do Oscar de Melhor Diretor daquele ano. O que possibilitou a ele filmar uma das versões mais fiéis e ousadas do musical da Broadway, “Os Miseráveis (2012)” de Victor Hugo. Agora ele nos traz a adaptação do romance escrito por David Ebershoff que dá nome ao seu novo filme, “A Garota Dinamarquesa (The Danish Girl, 2015)”. Que se baseia na história de Lili Elbe.
A primeira transexual a passar por uma cirurgia para mudança de sexo. Antes conhecida como o pintor de paisagens Einar Mogens Wegener e casado com a também artista plástica Gerda. Einar tem relativo sucesso como artista na cidade em que vivem, Copenhagen (Dinamarca). Enquanto isso, Gerda tenta achar seu espaço ao retratar os rostos de pessoas anônimas. O amor entre eles é o sinal de estabilidade e cumplicidade pouco visto nos dias de hoje. Einar auxilia Gerda em um quadro, quando a modelo falta. Pedindo a ele para usar as sapatilhas, meias e colocar por cima do corpo, um vestido de bailarina, para poder terminar a pintura. Sem perceber, Gerda faz com que desperte um lado de Einar que estava adormecido. Dai temos seu processo de autodescoberta.
Onde ganha de uma amiga em comum do casal, o nome de Lili. Mais adiante, são convidados para irem a uma festa. Einar não quer ir, mas é convencido por Gerda do contrário. Só que com um diferencial, ele vai travestido como Lili. Aprendendo com ela, como andar e os trejeitos de uma mulher. Já na festa, conhece Henrik. Lá tem seu primeiro beijo como Lili. Gerda os vê e percebe que algo está errado. Aos poucos, Einar vai deixando de ser quem é para se tornar Lili. Seu verdadeiro espirito. Que estava dormente e agora despertou com toda força para ser quem realmente é. Assim temos o inicio da trama de “A Garota Dinamarquesa”.
Eddie Redmayne (Oscar de Melhor Ator por “A Teoria de Tudo, 2014”) é Einar / Lili e a Alicia Vikander (“O Agente da U.N.C.L.E., 2015”) como a esposa de Einar, Gerda. A interpretação de ambos dá rumo à película. Exibindo que as escolhas feitas por eles são dolorosas. Pois Lili terá que enfrentar as consequências pelo sua mudança de vida. Já Gerda, vai ter que lidar com a perda da pessoa que ama. Redmayne exibe naturalmente as transformações de seus personagens. De Einar para Lili, onde a sutileza e a força de vontade para conseguir o que deseja. Vikander em determinados momentos, rouba a cena.
Ciente que não terá mais o amor da sua vida, se mantem ao seu lado até o fim. Reconstituição de época primorosa. Figurino impecável (criado por Paco Delgado, que trabalhou com Hooper em “Os Miseravéis”), trilha musical suave de Alexandre Desplat (“Harry Potter & As Relíquias da Morte Partes I & II, 2010 & 2011”) e um trabalho brilhante do diretor de fotografia Danny Cohen (colaborador de Hopper em suas películas) nos fazem acompanhar a linda história de Lili e Gerda. Para este que vos escreve, o título “A Garota Dinamarquesa” tem duplo sentido. Contando com as participações de Ben Wishaw (o novo Q de James Bond) como Henrik; Amber Heard (a atual sra. Johnny Depp) é Ulla, amiga do casal; Sebastian Koch (“Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer, 2013”) é o médico responsável pela cirurgia, dr. Warnekros e Matthias Schoenaerts (“A Suíte Francesa, 2015”) como Hans, amigo de infância de Einar.
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