Uma infeliz coincidência entre a arte e o dia-a-dia do século XXI. Em agosto de 2014, um policial norte-americano tirou em um jovem negro na cidade de Ferguson, Missouri (Estados Unidos). O que gerou uma revolta na população local, formada de descendentes afro-americanos em sua maioria. Para ser mais exato, 70%. Criando assim, uma discussão por todo pais e consequentemente nos quatros cantos do mundo. Renascendo um velho fantasma que estava adormecido no coração da América, especialmente. A chamada intolerância racial.
Trazendo na memória, a luta do reverendo Martin Luther King pelos direitos iguais entre negros e brancos. Assim chegamos ao filme “Selma: Uma Luta pela Igualdade (Selma, 2014)”. Dirigido por Ava Duvernay, uma descendente também, que nos mostra a caminhada de King na cidade do título, que fica no interior do Alabama até a sua capital Montgomery, pelos direitos eleitorais da população afro-americana. Que naquela época, ela era proibida de votar. O evento ocorreu em 1965. Como King temos David Oyelowo (“O Mordomo da Casa Branca, 2013”), Carmen Ejogo é sua esposa Coretta, Tim Roth (da série de TV “Lie To Me, 2009 a 2011”) é o Governador George Wallace e Tom Wilkinson (“O Cavaleiro Solitário, 2013”) como Presidente Lyndon B. Johnson.
A película mostra as vitorias e as derrotas sofridas por King e seus aliados, desde a organização da caminhada até seu desfecho trágico com o ataque de policiais do Alabama contra os manifestantes pacíficos da marcha. Suas imagens rodaram o mundo. Causando indignação de uma maioria branca a favor do protesto. Onde alguns milhares deles mais tarde, foram até Selma e se juntaram à manifestação.
Em meio a isso, vemos um
King relutante e em crise matrimonial. Cansado de fazer tudo do jeito mais difícil
em relação à luta pelos direitos dos negros (naqueles tempos, eles eram
chamados assim). Mesmo conversando diretamente com o Presidente Johnson, que quer
ajuda-lo. Porém, era ano eleitoral e ele não quer colocar tudo a perder, por causa
disso. Pois os estados do sul norte-americano são predominantemente racistas.
Em determinados
momentos, “Selma” parece um documentário.
Com a diretora Ava optando por uma
linha narrativa que exibe o passo a passo das negociações de King para atingir
seu objetivo final. A ótima atuação de Oyelowo se destaca. Onde soube fazer os
trejeitos e tom de voz de King, que nos pensar que estamos diante do próprio. E
a direção segura de Duvernay, que
adaptou a história junto ao roteirista Paul
Webb, mostrando a realidade dos fatos, por exemplo, o serviço de espionagem
grampeando o telefone da casa de King. Bem como ele era um grande estrategista.
A escolha de Selma não foi por acaso. Sabendo da truculência e preconceito do xerife local, que já imaginava que a ação dele seria o massacre ocorrido. Quando participou da nova marcha, recuou na hora certa. Mesmo levantando duvidas de seus companheiros. Com uma carta, recuperando o apoio de sua esposa. E em uma conversa definitiva com Johnson, este reflete e finalmente se posiciona sobre o conflito.
“Selma” conta com as participações especiais de Giovanni Risini (“Ted, 2012”) como Lee C. White, conselheiro de
Johnson; Cuba Gooding Jr. (Oscar de
Melhor Ator Coadjuvante por “Jerry Maguire: A Grande Virada, 1996”) é o
advogado da causa Fred Gray; Martin
Sheen (o tio Ben de “O Espetacular Homem-Aranha, 2012”), o juiz federal
Frank Minis Johnson e a apresentadora de TV Oprah Winfrey (que é inclusive uma das produtoras da película) como
a ativista Annie Lee Cooper.
Sendo assim, “Selma” ganhou duas indicações ao Oscar deste ano para Melhor Filme e Melhor Canção Original (“Glory” composta por John Legend e o rapper Common, que fez o ativista James Bevel).
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