Como principal estreia nas salas de cinema da sua cidade, temos a mais nova versão da história bíblica de Moisés e os Dez Mandamentos, aqui chamada de “Êxodo: Deuses & Reis (Exodus: Gods & Kings, 2014)”. Dirigido por Ridley Scott (“Gladiador, 2000”) e com o eterno Cavaleiro das Trevas Cristian Bale, fazendo o mítico personagem. Sua história é mundialmente. Scott opta mostrar Moisés já adulto vivendo ao lado do meio irmão Ramsés (Joel Edgerton, de “O Grande Gatsby, 2013”) e protegendo o Egito, governado pelo faraó Seti (John Turturro, o agente Simmons da franquia “Transformers”), que tem Tuya (Sigourney Weaver, a Ripley da saga “Alien”) como rainha.
No campo de batalha, Moisés é um líder nato. Já Ramsés é impetuoso e inconsequente. Não admitindo para si e para o pai Seti que foi salvo por ele em meio à luta contra os hititas na primorosa batalha de abertura da película. Seti descontente com o filho, diz a Moises que confia mais nele que no próprio sangue. Testando Ramsés, Seti o mandou para Pithom, cidade escrava dos hebreus. Que é governada pelo vice-rei (Ben Mendelsohn de “O Homem da Máfia, 2013”), onde este tem problema com os mesmos.
Tentando ajuda-lo, Moisés se oferece para ir em seu lugar e averiguar o que está acontecendo por lá. Moisés descobre que o vice-rei está enriquecendo ilicitamente e se reúne com os anciões, representantes do povo hebreu, para tentar um acordo para selar uma trégua entre eles. Ao mesmo tempo, tem um encontro secreto com o líder deles, Nun (sir Ben Kingsley, Oscar de Melhor Ator por “Gandhi, 1982”). Descobrindo a verdade sobre sua origem. Quando bebê foi levado pela irmã Miriam (Tara Fitzgerald) num cesto para atravessar o Nilo e deixa-lo com Bithiah (Hiam Abbass), filha de Seti. Que o cria como se fosse seu próprio filho.
Isso ocorreu por causa de uma profecia, na época de seu nascimento, o povo hebreu conheceria seu libertador depois de mais 400 anos de escravidão. Assim, Seti ordenou a morte das crianças nascidas naquele período. Incrédulo, Moisés apenas retruca: “Não é nem uma boa história”. Mas o suficiente, de colocar em dúvida tudo aquilo que viveu e acreditou. Enquanto isso, Ramsés descobre a verdade sobre Moisés e encontrando um meio de livrar dele, para assim legitimar a sucessão pelo trono do Egito. Ao invés de mata-lo como queria sua mãe Tuya, o bane do Egito. Em sua viagem pelo deserto, descobre uma passagem pela praia e chega à Midiã. Onde conhece sua futura esposa Zipporah (Maria Valverde).
Passam-se os anos, de um lado temos Ramsés consolidando seu reinado. Do outro, Moises se tornando uma espécie de pastor ao lado da mulher e do filho Gerson (Hal Hewetson). O espirito guerreiro ainda está dentro de si, Moisés se dirige para o Monte Sinai. Local proibido para os residentes de Midiã. Lá encontra uma criança que parece ser a personificação de Deus, que é chamada de Malak (Isaac Andrews). Em conversa, Malak diz a Moisés que ele precisa fazer algo pelo seu povo. Fala ainda que precisa de um general para guia-los no caminho certo e ensinar a eles como lutar contra o exército egípcio.
Fazendo com que Moisés retorna a Memphis, capital do Egito, para tentar um acordo com Ramsés pela libertação dos hebreus. Caso recuse, todo pais sofrerá com as consequências desta decisão. As chamadas “Dez pragas”. Assim rola a trama de “Êxodo: Deus & Reis”, tendo como referencia o Antigo Testamento da Bíblia. Muito bem adaptado pelos roteiristas Steven Zaillian, Adam Cooper, Bill Collage e Jeffrey Caine, fazendo com que Ridley Scott opte por uma versão que reflete sobre a relação de irmãos entre Moisés e Ramsés.
Apesar do carinho e amor que sentem um pelo outro, suas obrigações como líderes de seus respectivos povos falam mais alto. A atuação de Cristian Bale beira a perfeição. Fazendo de seu personagem, sempre se questionando bem como as conversas com Malak (em especial quando estão discutindo sobre os Dez Mandamentos), mostrando que apesar de ser o símbolo de liberdade dos hebreus tem seus momentos de dúvida e medo. Isso é muito bem mostrado quando os guia até o Mar Vermelho. Joel Edgerton, em seu Ramsés, soube mostra toda sua insegurança. Em tentar personificar uma divindade e ao mesmo tempo, uma pessoa tirânica e malévola.
Como é de praxe em um filme de Scott, a parte técnica é um show à parte. Desde os figurinos maravilhosos desenhados por Janty Yates; passando pela cenografia deslumbrante de Arthur Max, que nos leva para uma viagem no tempo ao antigo Egito com as pirâmides e a Esfinge; a estupenda direção de fotografia de Dariusz Wolski; a trilha musical envolvente de Alberto Iglesias e os efeitos visuais feitos pela equipe dirigida por Peter Chiang.
Só um diretor visionário com a experiência de Ridley Scott, poderia nos proporcionar um espetáculo visual como temos na sequência final com a divisão do Mar Vermelho para a travessia dos hebreus. Onde o imaginário e o real se fundem de tal forma, é como se estivéssemos lá. Ao seu final, ainda nos faz pensar nos conflitos recentes entre a Palestina e Israel. Na praia, Moisés conversa com Josué (Aaron Paul, o Jesse Pinkman da série de TV “Breaking Bad, de 2008 a 2013”) onde diz a ele: "Hoje os povos hebreus se unem na peregrinação. O que vai acontecer quando se assentarem?", no caminho para Canaã.
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