Saindo um pouco das películas sobre robôs gigantes e macacos que falam, vamos discutir sobre o último filme do cineasta francês Alain Resnais (03/06/1922 – 01/03/2013), falecido em março do ano passado. Conhecido por clássicos como “Hiroshima, Meu Amor (1959)” e “O Ano Passado em Marienbad (1961)”. Desta vez, optou por um tom mais otimista e suave.
Não deixando de lado, uma certa dose de realismo fantástico. Com “Amar, Beber & Cantar (Aimer, Boire & Chanter, 2014)”, vemos isso na história de dois casais que moram no interior da Inglaterra que estão ensaiando para uma peça de teatro amadora, quando recebem a noticia que um amigo próximo a eles está morrendo.
Baseada na obra teatral de mesmo nome do autor inglês Alan Ayckborn. De quem já adaptou outras duas peças, “Smoking / No Smoking (1993)” e “Medos Privados de Lugares Públicos (2006)”. Este último tem uma história interessante por aqui, sendo o filme que ficou mais tempo em cartaz nos cinemas da cidade de São Paulo. E com a reabertura do Cine Belas Artes, ele está de volta.
Voltando a “Amar, Beber & Cantar”, temos o melhor exemplo de teatro filmado. Não que isso seja ruim. Muito pelo contrario, Resnais usa isso ao seu favor. O espaço reduzido e com câmera próxima aos atores, temos a sensação de estarmos ao seu lado no decorrer da película.
Assim vemos o medico
Colin (Hippolyte Girardot)
conversando com sua esposa Kathlyn (Sabine
Azema), fala sem querer que o amigo deles Georges Riley está morrendo e tem
seis meses de vida. Isso no caminho para o ensaio da peça com direção de Peggy
Parker.
Kathlyn avisa o casal Tamara (Caroline Sihol) e Jack (Michael Vuillermoz) sobre a iminente morte do amigo. E todos começam a infernizar a vida de Monica (Sandrine Kiberlain), ex-mulher de George, que vive agora com Simeon (André Dussollier).
Eles, no caso, estão
ensaiando uma peça de Ayckborn, “Relatively Speaking”. Onde o cenário é substituído
por papeis de paredes. Com isso, Resnais
discute como a morte pode mudar a vida de pessoas que vivem num circulo de
amizade fechado de anos. Como eles podem se relacionar entre si e lidar com os
percalços da vida causam em determinados momentos.
Um dos aspectos mais interessantes em sua narrativa, George é mencionado em todo filme, só que não aparece. Nem em flashback e/ou imagem fotográfica. Bem como a diretora da peça Peggy. Assim, Alain Resnais nos deixa como legado cinematográfico, uma celebração pela vida como é visto nos 108 minutos de “Amar, Beber & Cantar”.
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