Filmes
sobre a escravidão e o preconceito racial nos Estados Unidos desde os primordios dos tempos até os dias de hoje, não é nenhuma novidade em Hollywood. Vide “Amistad
(1997)”, “Tempo de Matar (1996)", "Tempo de Glória (1989)”,
“Mississipi em Chamas (1988)”, “A Cor Púrpura (1985)” e aqueles feitos pelo
diretor Spike Lee como “Faça a Coisa Certa (1989)”. Agora temos
o novo trabalho do diretor inglês Steve
McQueen. Este é o seu terceiro, McQueen
estreou na cadeira de diretor em “Fome (Hunger, 2008)”. E logo em seguida,
fez “Shame (2011)”. Agora ele traz o drama “12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave, 2013)”. Mas primeiramente,
não o confunda com o lendário ator dos anos 60 & 70. Steve é britânico com descendência de Granada (cidade espanhola).
“12 Anos de Escravidão” é baseada
na história de Solomon Northup, violinista e negro nascido livre que sabe ler e escrever. Sendo vendido
como escravo para os estados sulistas em 1841, após ser enganado com uma proposta de trabalho. Solomon é vivido por Chiwetel Ejiofor (de “O Gangster,
2007”). Os fatos ocorridos com ele foram relatados pelo mesmo após o tempo
descrito no título, tanto no livro como na película, e publicado em 1853. O maior
diferencial de “12 Anos de Escravidão”
é na sua trama. Um tema pouco conhecido do grande público, onde o rapto de
descendentes afro-americanos nascidos livres e trabalhando para sustento
próprio e/ou família constituída, eram raptados para depois serem vendidos
como escravos no sul dos Estados Unidos. Aonde ainda imperava a escravatura.
No decorrer
de seus 134 minutos, McQueen mostra
os apuros de Solomon ao trabalhar com diferentes senhores de fazenda desde o
benevolente William Ford (o Sherlock
Holmes Benedict Cumberbatch) até o
brutal e imprevisível Edwin Epps (o mutante Magneto Michael Fassbender). Ao lado de
Ford, Solomon se sente útil ao ajuda-lo na manutenção da fazenda. Porém, sua
estadia lá não é nada tranquila. Graças ao capataz racista John Tibeats (Paul Dano de “Os Suspeitos, 2013”).
Após uma discussão com Tibeats, Ford se vê obrigado vender Solomon a Epps
para evitar sua morte.
Na fazenda
de algodão de Epps, Solomon conhece a dor e a raiva através do preconceito de
seu senhor. Onde utiliza sua posição para humilhar os escravos do pior modo
possível. Por exemplo, criando festas imaginárias, com Solomon tocando seu
violino e outros fingem dançar conforme a música. Lá se vê sua favorita e
escrava sexual Patsey (a estreante Lupita
Nyong’o). E ao
castigá-los, Epps insatisfeito por eles não colherem algodão nos campos como
Patsey. Eles são açoitados até aparecer os ossos. E nestas cenas, McQueen capricha tanto no realismo, que
é possível sentir o estalo do chicote em nossas costas.
A maior
relevância de “12 Anos de Escravidão”
é mostrar o racismo vivido por aqueles de um modo tão verdadeiro, sem ter que
apelar ao sentimentalismo do que é visto em cena. A interpretação de Chiwetel Eijofor dá o tom do filme.
Onde ele consegue retratar a dor, a raiva, a tristeza e a alegria de seu
personagem na medida certa. Já Fassbender
(o ator favorito de McQueen, atuando
em todos seus trabalhos) tem apenas uma boa performance como o sádico Edwin
Epps. “12 Anos de Escravidão” conta com as
participações especiais de Sarah Paulson
(da serie de TV “American Horror Story de 2011 até hoje) como a esposa de Epps,
Mary; Paul Giamatti ("Tudo pelo Poder, 2011") é um cruel
mercador de escravos e o bonitão cinquentão Brad Pitt (que inclusive é um dos produtores do filme) como o
carpinteiro boa praça Samuel Bass.
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