O que dizer de um filme dirigido pelo mestre Stanley Kubrick? Com um currículo onde se têm “2001: Uma Odisseia no Espaço (1968)”, “Barry Lyndon (1975)”, “O Iluminado (1980)”. E sem deixar de mencionar os clássicos “Spartacus (1960)”, “Lolita (1962)” e “Dr. Fantástico (1964)”. Em 2011, no aniversário de 40 anos de “Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971)”, o filme ganhou uma restauração no formato digital 4K, tendo sua primeira exibição pública no Festival de Cannes daquele ano e posteriormente na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Em exibição desde a última sexta-feira (26 de abril de 2013) no Cinesesc da cidade de São Paulo, vamos discutir sobre esse filme que marcou uma geração e se faz relevante nos dias de hoje. Baseado no romance do inglês Anthony Burgess, que conta as peripécias de Alex (Malcolm McDowell), o líder carismático e psicótico da gangue Droogs, formada por Pete, Georgie & Dim. O livro foi lançado em 1962, ganhando a tela grande em 1971. Onde Kubrick faz uso de seu olhar crítico para falar sobre a violência e a hipocrisia vivida pela sociedade da época.
Alex e seus comparsas assustam a cidade de Londres com roubos, mortes e estupro de suas vítimas. Até serem pegos pela polícia onde Alex é levado para um experimento que vivencia todo o tipo de violência presente no cotidiano daqueles tempos para diminuir seus impulsos destrutivos. Porém acaba se tornando um individuo impotente diante dela.
“Laranja
Mecânica” é uma obra que merece toda a sua reverência. Devendo ser
vista e revista. Kubrick nos mostra
como a mente perturbada de Alex, permeada com atos violentos e sexuais, são
resultados diretos por não se enquadrar com a sociedade vigente. Stanley em seu
intuito de incomodar mostra que a violência faz parte do ser humano, mesmo que
inconsciente, é a chamada hipocrisia contida dentro de cada um de nós.
Ele acerta também na escolha no que se ouve nas sequências em que Alex e sua trupe entram em ação com “Nona sinfonia de Beethoven” e na cena em que Alex ataca um casal na mansão invadida pelos Droogs, quando canta “Singin’ in the Rain”. Com “Laranja Mecânica”, Kubrick apesar de toda sua violência e o clima perturbador. Ele é sutil ao criticar a política e os preceitos religiosos, que tentam nos manipular e decidir como devemos viver em sociedade.
No
seu decorrer, quando já não se sabe mais quem é o vilão e o mocinho. Um bom
exemplo disso, próximo do seu final, se vê um representante governamental
alimentando o vilão na boca, uma analogia que mostra como um governo que se diz
“para o povo”, quando na verdade quer
calar a sua boca. Será que não já vimos
esse filme antes por aqui mesmo?
Não
perca a oportunidade de ver e /ou rever este clássico da sétima arte, em uma
parceria com o Instituto de Psiquiatria
do Hospital das Clínicas (IPQ - HC) e o Cinesesc, temos o Cine
Psique. Este projeto foi idealizado por Daniel Barros, psiquiatra do IPQ – HC, onde atua como coordenador
médico do Núcleo Forense e Psicologia Jurídica (Nufor) & a psicologa Graça Maria Ramos de Oliveira, do
Serviço de Psicologia e Neuropsicologia do IPQ - HC. No próximo dia 02 de maio às 19:00 horas em
uma sessão gratuita e ao seu final, teremos um debate sobre o filme, ministrada
por Daniel Barros & Christian Peterman,
crítico de cinema há 27 anos, é colaborador de revistas como a Rolling Stone e
a Revista da Cultura.
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