Estreando em nossas salas de cinema, a mais nova empreitada do diretor Martin Scorsese na telona. “A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011)” que é baseado no conto infantil escrito por Brian Selznick. O destaque do filme é que foi totalmente rodado com câmeras de 3D, o que destaca ainda mais o teor fantástico da história e mostra uma evolução cinematográfica, que foi muito bem dita pelo cineasta: “O 3D é o futuro do cinema, mas é bom lembrar que vem do passado”.
Com 11 indicações para o Oscar que inclui Melhor Filme e Diretor, Scorsese nos conta a história de Hugo (Asa Butterfield), órfão que vive escondido em uma estação de trem em Paris onde conserta os relógios de lá, talento herdado do seu pai (Jude Law, em uma pequena e brilhante aparição), e também de pequenos furtos de peças para a restauração de um robô, deixado por ele morto em um incêndio no museu.
Em meio à estação, temos uma loja de brinquedos que cuida também do conserto de brinquedos quebrados, que é administrado por um velho senhor interpretado por Ben Kingsley, ganhador do Oscar de Melhor Ator por “Gandhi (1982)”. Daí uma relação de amor e ódio, pois é de lá que Hugo pega às peças para o conserto do seu robô. Em determinado momento, ele é surpreendido pelo dono, que o pega e o faz esvaziar os bolsos da jaqueta e de lá sai uma caderneta de anotações do seu pai que o dono da loja pega para si com o intuito de destruí-la que já ela contém desenhos que o faz lembrar um passado não muito distante.
A partir daí, a história rola de um modo que só Scorsese consegue fazer. Utilizando a mais moderna tecnologia, temos uma deslumbre visual a destacar a belíssima fotografia, a direção de arte impecável e uma edição que deixa o filme ágil em seus 126 minutos. O intuito dele é fazer um espetáculo digno para a tela grande e ao mesmo tempo prestar uma homenagem a um dos maiores visionários desta arte, Georges Méliès (1861-1938).
No final do século 19, Méliès foi à um circo em Paris e ficou maravilhado com a exibição dos primeiros filmes do irmãos Lumière, os criadores da sétima arte, ao ver imagens de um trem em movimento que na época chegou a assustar as pessoas que estavam na sala de exibição. Deixou a carreira de mágico para montar a própria câmera e um estúdio de vidro para aproveitar a luz do dia para realizar mais de 400 filmes de acordo com sua visão revolucionária. Mas com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, as pessoas perderam o interesse pelos seus filmes e em um ato de loucura destruiu cenários, queimou figurinos e todos os rolos de suas aventuras cinematográficas.
Com isso, Scorsese faz uma película que se mistura com sua história pessoal. A vida difícil no bairro italiano que vivia em Nova York onde só se cresce como gângster ou padre, a primeira ida ao cinema e como aprendeu a gostar de ler livros, que são pontuados em belos momentos do filme. Em determinada cena, o personagem de Kingsley fala que finais felizes só acontecem em filmes e Hugo lhe responde: “Quem disse que a nossa história acabou?”. O saldo final é que temos um dos seus melhores filmes e o resgate de um dos primeiros a explorar a sétima arte como deve ser vista e sentida com todos estivessem em um sonho, como bem diria Méliès.
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