Poucos cineastas conseguem deixar sua assinatura no cinema. Um deles é o mexicano Guillermo Del Toro. Sua pegada mais voltada ao gótico com pitadas de horror chamou atenção de público e crítica. Com “A Espinha do Diabo” em 2001 e o elogiadíssimo “O Labirinto de Fauno” de 2006. Além dos filmes do anti-herói Hellboy em 2004 e “Hellboy II:O Exército Dourado” de 2008. E ganhando o Oscar como Melhor Diretor e Melhor Filme com o drama sciifi “A Forma da Água” em 2017. Iniciou em 2022, a parceria com o canal das redes sociais Netflix com a sua versão para o conto infanto-juvenil “Pinóquio”. Realizada ao lado de Mark Gustafson, especialista em animação stop-motion. Juntos levaram para casa o Oscar de Melhor Animação daquele ano.
Agora retoma a parceria com “Frankenstein (2025)”. Baseado no clássico conto escrito por Mary Shelley, ele nos proporciona sua visão. Não é exatamente uma adaptação literal do texto de Shelley e sim, como ele o interpretou. Para ser o cientista que dá nome ao filme, temos Oscar Isaac (o piloto Poe Dameron da saga Star Wars) como Victor Frankenstein. A Criatura é vivida pelo bonitão da série HBO “Euphoria (desde 2019)” Jacob Elordi. A dupla já chega com tudo na tensão sequencia de abertura, no meio do Ártico no Polo Norte. Assustando a tripulação do barco Horisont, preso no gelo. O capitão Anderson (Lars Mikkelsen) resgata Victor, enquanto seus homens tentam conter a Criatura.
Uma luta desigual, ele é praticamente invencível. Mesmo assim, conseguem subjugá-lo. Em segurança na cabine de Anderson, Victor conta sua versão da história. Assim somos apresentados a Primeira Parte. Desde pequeno viveu sobre a influencia do pai, o barão Leopold (Charles Dance, o Tywin Lannister de “Game of Thrones”), um médico respeitado com quem não tinha uma relação próxima. Tendo o conforto emocional da mãe Claire (Goth), que veio a falecer nas mãos do próprio pai. Ao ter seu irmão mais novo, William. Os dois se separam com a morte do barão, Victor se tornou médico como o pai. Ele não superou a dor pela perda da mãe, desenvolveu uma técnica para evitar a morte das pessoas. A base de energia elétrica e mutilação de órgãos.
A junta médica o repreende. O mercador de armas Henrich Harlander (Christoph Waltz, Blofeld da franquia 007), se impressionou e deseja financia-la. junto a isso, veio ao encontro de Victor. E lhe informar que sua sobrinha Elizabeth (Mia Goth, a Maxine Minx da franquia terror “X”) vai se casar com William (Felix Krammerer). Em meio a isso, se muda para uma propriedade adquirida por Harlander. Com o auxílio do irmão, começa a montagem da máquina que dará vida literalmente ao sonho de Victor. Ele descobre que seu financiador deseja que sua consciência seja transferida para a Criatura. Já que sofre de sífilis, pode morrer a qualquer instante. Victor se recusa a ajuda-lo e durante uma forte tempestade, a Criatura surge.
Porém, ela não produz o resultado esperado. Natimorta, ele resolve dormir e decidir o que fazer na manhã seguinte. Ao despertar, eis que a Criatura está no pé da sua cama. A decepção se torna uma conquista. Com o passar do tempo, Victor percebe que cometeu um erro. Durante este período, os preparativos do casamento de William e Elizabeth. Esta curiosa pelos sons misteriosos que ecoam nos corredores do castelo, vai ao encontro da Criatura. Os dois trocam olhares. Victor resolve destruir o laboratório. Assim temos a Segunda Parte, como o ponto de vista da Criatura. Ela sobreviveu à explosão e vagando pela floresta, encontra a morada de caçadores. Se refugiando no celeiro e pela fresta da parede, vai aprendendo a ler. O ancião (David Bradley, o Argus Flich da saga Harry Potter), este desperta o sentimento de amor e carinho. Além de aprimorar sua inteligência e escrita. São atacados por lobos, o velho morre.
Descobre que suas feridas se curam. Percebe que é imortal. Retorna ao castelo para conhecer mais sobre si e seu criador. Posteriormente, vai ao encontro dele para que lhe crie uma companheira. Daí a trama inicial de “Frankenstein” com Del Toro colocando seu olhar apurado sobre a obra de Shelley. Como é de praxe, esteticamente a película é deslumbre aos olhos. Os figurinos e a cenografia são obras de arte. Ratificando o discurso sobre o desejo do homem em ser uma espécie de Deus. Não se importando com as consequências de seus atos. Tanto para o bem, quanto para o mal.
Aqui o verdadeiro monstro é Victor, como bem diz William ao irmão. Ele trouxe vida a algo extraordinário, mas não mensurou o que isso causaria para sua vida e a todos ao seu redor. Isaac está ótimo como um homem amargurado e isso impulsionou sua obsessão pela morte. Elordi nos traz como ato insano de seu criador, lhe repassou este amargor. Adicionando a dor, já que não pode morrer. Vivendo à margem da sociedade e desejando seu lugar nela. Sem preconceito e julgamento por ser quem é. Aqui a equipe de maquiagem caprichou e deu seu recado sobre os questionamentos da Criatura.

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