O destino é uma palavra que pode ou não definir nossas vidas. Bem como o acaso. Mas será que estas duas palavras possuem o mesmo significado? É uma reflexão que vemos no drama com ares de fantasia “A Grande Viagem da Sua Vida (A Big Bold Beautiful Journey, 2025)”. Com a premissa sobre o encontro do cético David, feito pelo Pinguim Colin Farrell, com a despojada Sarah, com a Barbie Margot Robbie no papel. Eles vão a um casamento de amigos em comum e trocam olhares na cerimônia. Na festa são apresentados e iniciam uma conversa. Os dois entram em sintonia, porem com dos dois pés para trás. De ambas as partes. Eles possuem magoas de relacionamentos anteriores.
Mesmo assim, se conectam. Deixando bem claro, que podem machucar um ao outro emocionalmente. Assim Sarah vai dançar e David volta para seu quarto do hotel. A cerimonia e a recepção ocorrem no mesmo local. Amanhece e os dois se reencontram. Trocam olhares mais uma vez e se despedem. Seguindo orientação do seu GPS, ele faz uma parada numa lanchonete de estrada e pede um lanche. Sentado na mesa, vê de relance Sarah sentada mais à frente. Novamente trocam olhares e ela vai em sua direção. Conversam sobre se tivesse ficado juntos ontem, já que lhe propôs casamento e ele recusou. Mais uma vez se despedem. David sai e recebe uma mensagem do GPS para voltar e buscar Sarah. Ele estranha e a voz complementa que se fizer isso, vai realizar a “viagem da sua vida”.
Ela o faz repetir a frase seguidamente até sentir seu entusiasmo. De volta ao ponto de partida, vê Sarah, que lhe diz que seu carro não quer pegar. David lhe oferece e diz que a voz (Jodie Turner-Smith) do GPs pediu para socorre-la. Sarah responde que recebeu a mesma orientação para aguardar sua chegada. Assim embarcam para a dita viagem com o GPS mandão guiando seus destinos. Porém, antes disso acontecer, os dois vão a locadora de carros. Que também os atende de forma diferenciada. No caso, o mecânico, interpretado pelo veterano Kevin Kline (Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “Um Peixe Chamado Wanda, 1988”) e a atendente feita pela eloquente Phoebe Waller-Bridge de “Indiana Jones & A Relíquia do Destino (2023)”. Assim a viagem de suas vidas começa.
Onde o passado de ambos é revelado. David, apesar do amor incondicional dos pais, não consegue encontrar o amor da sua vida. De acordo com seus padrões. Já Sarah, é uma mulher que não consegue se apaixonar porque simplesmente não quer perder a liberdade de ser quem é. No caso, amar seu próximo, não quer dizer que ela precise viver em função dele. Como se isso fosse uma condição para uma vida a dois. Enquanto isso, o GPS os leva para locais distantes e de repente surge uma porta. Que os leva a uma lembrança pessoal. No caso, o passeio de David a um farol. Mais à frente, é a vez de Sarah. A porta dela, leva ao museu que ia com a mãe (Lily Rabe) na infância. Uma lembrança triste, já ela veio a falecer.
Ela se abre para David, confessando que não estava com ela quando faleceu no hospital. Mentindo várias vezes até revelar que no dia estava namorando com seu professor de faculdade. Por isso, não se despediu apropriadamente da mãe. A outra porta, leva David a uma apresentação de musical quando era adolescente. Ele revive este momento com Sarah como testemunha. Aqui ele tem uma magoa, sua paixão de juventude o rejeitou após se declarar. Aqui temos um dos melhores momentos do filme, com Colin soltando a voz e exibindo uma boa desenvoltura como dançarino. E último segundo, sendo resgatado por Sarah.
Essas idas e vindas marcam a trama de “A Grande Viagem da Sua Vida”. Dirigido por Kogonada a partir do roteiro escrito por Seth Reiss do impactante “O Menu (2022)”. A busca incessante do ser humano pela metade da sua laranja, como na canção do canastrão Fábio Júnior. Aqui ganha tons de cinema fantástico com o GPS que leva David e Sarah ao passado para se reconciliarem com o que está os consumindo por dentro. E uma opção futura para ambos. O primeiro, insatisfeito consigo mesmo por exigir demais de quem vai ama-lo de volta. Já a segunda se ressente com si própria por não conseguir se relacionar com outra pessoa. Colin e Margot estão excepcionais em seus papeis. Exibem perfeitamente a perspectiva de seus personagens sobre o dito “amor perfeito”. Farrell tem a chance de soltar seu forte sotaque irlandês, o que dá graça e personalidade ao seu personagem. Robbie aproveita para nos proporcionar um lado mais dramático do seu leque como atriz. Ela transparece toda dor, arrependimento e medos de Sarah.
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