O cinema da terra do tio Sam, como diz um velho ditado, “tudo se aproveita, nada se perde”. Ele vale tanto para bons filmes quanto aqueles que não valem o ingresso. No caso, estamos discutindo sobre refilmagens. Filmes como “O Pior Vizinho do Mundo (2022)” com Tom Hanks, é a versão norte-americana do original sueco “Um Homem Chamado Ove (2017)”. Este chegou a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. E “Amigos Para Sempre (2017)” que se baseou no francês “Intocáveis (2011)”, respectivamente. Assim o thriller psicológico “Não Fale O Mal (Speak No Evil, 2024)”, que adapta a versão dinamarquesa de mesmo nome de Christian Tafdrup. Produzido pela Blumhouse.
Especializada em filmes de terror e suspense, como “O Homem Invisível (2020)” e Megan (2022)”. Agora nos traz a adaptação feita por James Watkins (“A Mulher de Preto, 2012”), que também assume a cadeira de diretor. Somos apresentados à família Dalton, Ben (Scoot McNairy), Louise (Mackenzie Davis de ‘O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio, 2019”) e a filha deles, Agnes (Alix West Lefler). Eles estão passando as férias num paradisíaco resort na Itália. Quando conhecem Paddy (James McAvoy, o jovem professor Xavier da saga X-Men), Ciara (Aisling Francioni) e Ant (Dan Hough), filho deles que perdeu a língua. Uma família inglesa, eles interagem e ficam amigos. Paddy convida os Dalton para passarem um final de semana em sua fazenda no interior da Inglaterra.
O que seria um prazeroso dia entre as famílias, vai se transformando no pior pesadelo para os Dalton. Com Paddy e Ciara revelando suas verdadeiras personas. Tendo como sua principal vítima, o jovem Ant. Agora eles voltam às suas atenções para Ben, Louise e Agnes. Esta última é alertada por Ant, que seus pais não são quem se mostraram quando se conheceram. Pessoas divertidas, inteligentes e com hábitos peculiares. Paddy é carismático e persuasivo e começa a influenciar Ben. Já Louise sente há algo estranho como ele e Ciara tentam se aproximar dela. Isso influencia a relação com Ben, os dois vivem uma crise conjugal. Ela o traiu um amigo virtual. Ben se mudou para a terra do agora Rei Charles por oportunidades melhores de trabalho, que não se concretizaram.
Por isso, Louise se ressente, já que abriu mão do que tinha nos EUA para fazer as vontades do marido. Ao mesmo tempo, precisam lidar com a frágil saúde mental de Agnes. Prestes a completar doze anos, não consegue perder seus medos de infância. Ben está se sentindo inferiorizado com o que houve em seu casamento. As fraquezas do casal e da menina são bem vistas por Paddy, que se aproveita disso. Inicia um jogo de intrigas, compara sua relação com Ciara e a de Ben com Louise. Dai o mote inicial de “Não Fale O Mal”, que nos traz o clima cada vez mais claustrofóbico dentro da residência de Paddy e Ciara.
McAvoy muito à vontade no papel. Ampliando seu leque dramático do que vimos em “Fragmentado”. Uma atuação mais física e psicótica. O elenco de apoio lhe dá o suporte necessário para sua atuação, McNairy está ótimo como o homem fragilizado emocionalmente e buscando se entender com Louise. Esta é feita brilhantemente por Davis, como a mulher incomodada com sua atual situação, vivendo num país estrangeiro. O destaque fica para os jovens Alix e Dan que são a força motriz da película. É com eles que temos o tenso ato final, que define o destino de todos os envolvidos. Para o espectador mais atento vai perceber que tudo começou a partir do bichinho de pelúcia de Agnes.
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