Os Rolling Stones desde que surgiram nos anos 60, as lendas e a verdade dos fatos se misturam. A rivalidade com seus contemporâneos, os quatro rapazes de Liverpool até as trocas de sangue feitas por “Keef” Keith Richards. Passando por outras sobre o uso abusivo de álcool e drogas, além das aventuras sexuais de sir Mick Jagger. Que incluíam uma noite de cama entre ele, o camaleão do rock David Bowie e o slowhand Eric Clapton. Desmentida pelos envolvidos.
Por essas e outras, temos a que envolve a morte do guitarrista Brian Jones em 03 de julho de 1969. Encontrado morto na piscina na sua bela casa em Sussex (Inglaterra), aos 27 anos de idade. Até hoje, não se sabe o real motivo do seu falecimento. Muitos acreditam que o uso constante de remédios para dormir misturado com drogas pesadas e álcool, o fizeram desmaiar e consequentemente cair na piscina, morrendo afogado. Já outras colocam Mick Jagger como principal suspeito. Acusação que nunca se comprovou.
O tema já discutido em documentários e filmes como “Stoned: A História Secreta dos Rolling Stones (2005)”. Agora fazendo parte da programação do festival In-Edit 2024 temos “The Stones and Brian Jones (2023)”. Ao contrário do que já foi feito anteriormente, aqui temos um retrato sobre a vida de Brian. Antes de formar os Stones até seu fim trágico. Poucos sabem, ele colocou um anuncio nos jornais que precisava de músicos para montar um grupo. Assim temos Mick, Keith, o contrabaixista Bill Wyman e o batera cool Charlie Watts.
O documentário foi dirigido por Nick Broomfield. Contando com depoimentos até então inéditos dos pais de Brian, Lewis e Louisa, somados a amigos de infância. Muitos deles recuperados, já que seus registros são antigos. Até mesmo dos Stones também são falas que foram pegas de entrevistas antigas dadas após a morte de Brian. O único depoimento mais recente são as entrevistas com Bill, que relata a genialidade de seu velho amigo. Ao mesmo tempo, sua personalidade forte e que com o passar do tempo, foi se revelando mais complexo do que se imaginava. Bem como as mulheres que ele namorou como Anita Pallenberg, Dawn Molloy e Linda Lawrence. As duas últimas tiveram filhos com Brian.
Molloy foi paga para não falar sobre a gravidez e logo em seguida, deixar o bebê para adoção. Já Lawrence, teve Julian e manteve contato com Brian. O pai de Brian se mostra surpreso com a decisão do filho em se tornar musico. Diz que ele era uma pessoa inteligente e capacitada a fazer o que quiser. Assustado com suas atitudes o expulsa de casa aos 17 anos. Vindo de uma família com recursos, Brian teve uma boa educação e estilo de vida acima dos padrões da época. Os amigos relatam que exibia certa arrogância por causa disso. Além de chamar a atenção das garotas. Inclusive engravidando uma delas e tiveram uma criança. Que foi levada pelos pais dela para a adoção. Desnorteado, ele vai para Londres, tentar a carreira como musico. Daí surge a ideia do anuncio de jornal.
Wyman comenta que o início foi difícil. Keith tem uma fala a respeito que eles vivem em situação extrema. Dividindo a cama e com Brian tocando sua guitarra debaixo das cobertas. Já que o apertadíssimo apartamento em que viviam sofria com o frio inglês no inverno. Quando os Stones começavam a se destacar nos pubs londrinos, Brian era o centro das atenções femininas. Isso incomodava Mick, já que era o vocalista. Ainda não demonstrava a personalidade que conhecemos com o passar dos anos. Isso de acordo com Bill, além da liderança de Jones. Sempre a frente nas entrevistas. Como o próprio dizia, era o porta-voz do grupo.
Inclusive quando recebiam cartas das fãs. Ele lhes respondia prontamente, uma a uma. Destaca que sua autoestima foi diminuindo. Brian sempre convidava os pais para irem vê-lo nos shows dos Stones. Eles nunca foram a uma apresentação. E com a fama crescente do grupo, Jones foi perdendo sua posição de liderança para a dupla Mick & Keith. Suas composições se tornaram mais frequentes e o sucesso do single “(I Can’t Get No) Satisfaction” foi a gota d’agua. Percebendo que deixaram de ser um grupo de blues como idealizou, para ser apenas mais um “grupo de rock”. Nem nos seus maiores sonhos, imaginaria que os Rolling Stones se tornaram a maior banda de rock de todos os tempos.
Isso foi o começo do uso de drogas e álcool sem controle. Perdido no próprio mundo, foi vivendo a parte da banda. Viajava em separado nas turnês e nos shows, se mostrava alterado. Seja pela bebida, seja pela cocaína. Isso só piorou com a relação com Anita, muitos relatam que os dois eram parecidos. Em todos os sentidos. Aflorando seu pior lado, egocêntrico e intransigente. Broomfield nos traz um retrato honesto sobre Brian antes, durante e depois dos Stones. E talvez as motivações de como se deu sua morte precoce. Não traz nenhuma teoria de conspiração a respeito, apenas respeita o legado deixado por ele. Tornando ainda mais emocionante com a carta escrito pelo pai. Um pedido desculpas por suas falhas e dizendo que o ama profundamente.
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